Na manhã daquele sábado Luísa acorda e nem imagina que sua vida está prestes a mudar novamente. Pelas fendas da cortina percebe um sol lindo brilhando lá fora, ao seu lado Poliana dormia tranquilamente. A menina dormia com ela todas as noites à exatos seis meses. Luísa se levanta lentamente para não acordar a sobrinha. Ao ficar de pé Luísa sente uma pontada forte na barriga, dando um gritinho agudo de dor ela senta pesadamente na cama, ao sentir o impacto Poliana acorda, ao ver a tia arfando, se desespera.
—Você está bem, tia? -pergunta preocupada já pulando da cama e ficando de frete para a tia
—Acho que sim! -sua voz sai esganiçada —Só uma pontada forte.
—Vamos ao médico! Precisamos saber como o bebê está! -exclama Poliana
—Nós vamos de qualquer forma Poliana. Marquei uma consulta para hoje. Agora fique calma. Já está passando. -fala inspirando e expirando lentamente para controlar a respiração.
As pontadas sessam, mais o bebê não para de chutar. Luísa já estava sentindo umas dorzinhas na barriga, os muitos chutinhos já estavam começando a incomodar. Mas um chute e Luísa se sobressaltou no banco do motorista. Sua barriga estava a poucos centímetros do volante. Ao perceber que a tia dava alguns pulinhos no banco ao seu lado Poliana pergunta
—As dores voltaram tia?
—Não! Mas esse bebê está extremamente agitado hoje! -diz segurando forte o volante ao sentir mais um chutinho
—Vai vê ele está ansioso para se mostrar na ultrassonografia e podermos descobrir quem é. -a menina sorrir quando a tia sente mais um chute forte e faz uma careta
—Você está sorrindo da minha cara garota? É bom que não esteja, por quê se estiver... Vou fazer você trocar fraudas até essa criança aprender a andar só por causa dessas suas risadinhas. -ao ouvir isso Poliana solta uma gargalhada alta
—Pois fique sabendo que farei com prazer! -exclama e começa a rir novamente
Luísa não aguenta a graça da sobrinha e começa a rir também. Mas logo seu sorriso se transforma em careta quando mais um chutinho surge.
Ao chegar no hospital Luísa e Poliana vão até a parte da maternidade para tirar a ultrassonografia. Pouco mais de cinco minutos na sala de espera e seu nome é chamado pelo médico, juntas elas entram na sala. Luísa se deita na maca, abre o botão da calça de linho e levanta a blusa, o Dr. George passa o gel na barriga dela, ao sentir o líquido gelado Luísa se arrepia. Depois de tanto tempo ainda não tinha se acostumado com aquilo. Ela já tinha feito muitas outras ultrassonografias, mas sempre espera pela próxima para saber o sexo do bebê, na esperança de Otto acordar. Desejava fazer isso junto com ele.
Luísa estava com o coração apertado. A alegria de cedo havia se esvaído, uma tristeza tomou conta do seu coração. Lágrimas escorrem por seus olhos e ao perceber, Poliana aperta sua mão lhe confortando silenciosamente. O Dr. ajustava o monitor, e estando ainda de costas para Luísa ele pergunta divertido—Pronta para saber o sexo desse bebezinho?
Depois de um breve silêncio Luísa suspira e responde baixinho, tão baixinho que soa quase imperceptível.
—Não! Não posso fazer isso. -suas lágrimas já escorriam pesadas por seu rosto
—Vai ficar tudo bem, tia. -diz Poliana lhe abraçando.
A menina se afasta, enxuga as lágrimas da tia e lhe oferece um sorriso encorajador e amoroso antes de se virar para o Dr. e dizer
—Por favor. Só veja se o bebê está bem. Não precisa nos dizer o sexo. -a menina encara a tia que lhe oferece um sorriso tímido como agradecimento
—Tudo bem! Vamos ver como está esse bebezinho. -responde o médico
Movendo a maquininha pela barriga de Luísa, através do monitor ela observa os batimentos cardíacos do bebê, além do peso, medida e se está tudo bem geneticamente e com seus órgãos.
—O bebezinho está muito bem. Crescendo forte e saudável. Você tem sentido algum incômodo ou dores? -pergunta
—Só uma pontada forte. E ele não para de chutar. -nessa hora Poliana tosse para esconder o riso, Luísa a encara de lado estreitando os olhos
—Isso é normal. Ele está só mudando de posição. E como está apertado aí para ele, você sente essas fisgadas quando ele bate em algum lugar mais sensível. Quanto aos chutes, ele deve está animado. -explica o médico oferecendo um sorriso divertido para Poliana e continua. —Bom, por hoje é só isso. Vamos marcar a próxima consulta para daqui vinte dias. Apenas para vermos o desenvolvimento dele nesses últimos meses.
Luísa e Poliana se despedem do médico e vão pegar o elevador e ir para o quarto de Otto. Seis meses depois do acidente Otto finalmente já conseguia respirar sem a ajuda dos aparelhos. Seus órgãos já respondiam aos remédios e tratamentos, Luísa e os médicos estavam esperançosos. Ao entrarem Poliana corre até a cama se sentando na ponta ao lado do pai e começa a tagarelar as novidades.
—Pai pai pai! O bebê hoje está mega animado, ele deve está dando uma festa dentro da barriga da tia Luísa -a menina olha para tia e começa a rir, Luísa sorrir em resposta e se senta no sofá —A tia Luísa é que não está muito animada com isso. O Dr. disse que ele ou ela está crescendo super bem. Ainda não sabemos o sexo. Estamos esperando você, para juntos descobrirmos. -a menina ficar em silêncio por uns segundos depois respira fundo e volta a falar. —Quer sentir o bebê, pai?
Ao ouvir isso, Luísa levanta o olhar do livro e encara a menina. Poliana a olha sorrindo. Um sorriso que não chega aos seus olhos. Ela é só uma criança e já tem que lidar com tantas coisas pesadas. A menina estende a mão e faz um sinal chamando pela tia. Luísa põe o livro de lado e vai até ela. Poliana pega a mão do pai e colocar na barriga da tia. O bebê que estava quieto a alguns minutos, começa a chutar ao sentir o toque do pai. O que foi uma grande surpresa para Luísa e para Poliana, já que o bebê nunca mexeu das outras vezes, ele sempre fazia questão de ficar quieto. Elas se entreolham surpresas, mas, surpresa maior veio a seguir.
Os dedos de Otto se movimentam suavemente em cima da barriga de Luísa. Ao ver o movimento lágrimas escorrem de seus olhos e elas continuam observando, até que Poliana se vira para ver o rosto do pai e percebe suas pálpebras se movendo.—Tia! Olha, tia! -exclama a menina
Quando Luísa se vira para olhar onde a menina apontava. Ela ver os olhos de Otto se abrindo lentamente. Quando ele os abre por completo Luísa sente seu coração acelerar, suas mãos tremerem e ao sentir dificuldade para puxar o ar, ela percebe que estava prendendo a respiração. Poliana corre e aperta o botão para chamar alguma enfermeira. Luísa se aproxima dele e acaricia seu rosto. Otto fecha os olhos e sorrir ao sentir o toque de seu amor.
—Oi, meu amor. -sussurra Luísa sorrindo em meio as lágrimas
—Por... que... está... chorando... meu... amor? -Otto pergunta, pausas curtas em cada palavra para recuperar o fôlego
—Shiiiiih. É por que estou feliz. Mas por favor não fala nada. Não se esforce. O médico está vindo. -os olhos de Otto percorre todo o quarto mas ele faz o que Luísa pediu
Nessa hora Poliana se aproxima e para ao lado da tia que lhe abraça apertado. Em seguida a menina encara o pai.
—Te amo tanto, pai. Senti tanto sua falta. -diz em meio as lágrimas enquanto acaricia o rosto do pai.
Continua ...
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Orgulho e Amor
Fiksi PenggemarLuísa D'avilla , uma mulher jovem de 32 anos , contadora que cuidava das finanças da família , vivia sozinha em sua mansão depois da morte dos pais . Após alguns anos sua irmã que a muito tempo ela não via , morreu e a guarda de sua única filha foi...