Ironia do Destino

Eu preciso dela

Estou sentada na porta do meu quarto já faz cinco horas, estou chorando por saber que não vou tê-la todos os dias perto de mim, pensando na dúvida que eu causei a ela até a última palavra desta carta. Dayane deixou uma carta se despedindo de mim, alegando que eu precisava de tempo para pensar em tudo o que eu estava sentindo.

De fato eu precisava mesmo, mas eu queria ter esse tempo com ela ao meu lado, eu precisava entender tudo sim, mas eu queria entender ao lado dela tudo que eu estava sentindo. Mas saber que Dayane possa ter pensado em mim pelo menos uma vez na vida, me deixa aliviada, porque ela sempre foi uma completa egoista, e hoje eu pude ver que ela realmente está mudando, mudando por nós.

Eu me levanto e pego uma cerveja para aliviar a angústia que se encontra de tronco meu peito. Agora já passa das onze da manhã, quase duas semanas depois que ela me deixou. Peguei a cerveja e sentei em meu sofá descascando com a unha o rótulo da cerveja e pensando nela. Consigo ouvir como se fosse agora, a gente ali na cozinha gritando uma com a outra.

— Sai da minha casa! - Pude ver as lágrimas brotando, e seu olhar gelado passou a ficar ofendido. Ela saiu correndo do meu apartamento, mas não pegou o elevador e os passos dela ecoando enquanto corria pela escada me vêm a cabeça. Caminho até a janela e olho para baixo, vejo-a novamente olhando para cima antes de entrar no táxi, parecia não estar mais chorando, e novamente a raiva me invade, consolo-me dizendo que é apenas coisa da minha cabeça, afinal, como alguém que mora no quinto andar consegue ver se alguém está chorando?

Olho no relógio, já passa de meio dia, tomo o último gole e jogo a cerveja em um canto, acabo quebrando o vidro, mas não me importo, assim como não me importei por ela estar quente. Me levanto do sofá e vou até o seu quarto, abro o seu armário e percebo que quase todos os seus objetos de valores ainda se encontravam ali. Isso significava que ela voltaria, ela voltaria um dia. Fecho as portas e me jogo em sua cama, inalando o restinho do seu cheiro que ainda se encontrava ali, respiro fundo e peço para que o universo abençoe a cabeça dela, pedindo profundamente que ela não fizesse nenhuma besteira.

Aquele medo que eu tinha ainda continuava dentro de mim. E eu que tinha tanto medo de ir trabalhar e ela não estivesse mais ali. Eu queria pedir para que ela ficasse, mas queria que ela ficasse por prazer entende? Peguei um dos seus cigarros na cômoda ao lado, me fazia mal mas me acalmava. Ficar sem ela era o certo, me faria bem, me faria pensar e tomar uma decisão melhor. Mas ficar sem ela me também me faria enlouquecer.

— Victor! — Disse quando escutei que ele atendia a ligação. — Como você está?

— Eu estou bem, e se você veio perguntar sobre a Day, sinto muito mas eu também não sei onde ela está. — Ele afirmou.

— Jura? — Questionei decepcionada.

— Sim Caroline, eu juro. — Escuto ele suspirar. — Olha, eu sei que a Day não está presente, mas se você quiser tomar uma cerveja aqui em meu apartamento, para conversamos melhor sobre o que você está sentindo... — Escuto o seu suspiro. — eu estou lhe fazendo um convite.

— Não sei se seria uma Boa Victor. — Afirmei em duvida.

— Caroline, se você gosta da Day, isso é um motivo a mais para que eu goste de você também. — Sorrio com a fala dele. — Venha quando o sol se pôr.

— Tudo bem... Estarei aí. — Afirmo.

— Amigos da Day, são meus amigos também. — o garoto afirma desligando a ligação, me fazendo sorrir com sua fala.

O fato era que eu precisava  parar de brigar comigo, tentando tirar ela dos meus pensamentos, de procurar uma forma de esquecer, de fazer força para afastar isso de mim. Que fosse o que o Universo quiser. Seja o que o universo disser. Espero que as notícias sejam boas. E que ela possa voltar para perto de mim um dia.

— Oi. — Disse sem graça ao ver que Victor abria a porta para mim. — Trouxe cervejas!

— Entre Caroline, nos temos uma amizade para fortalecer. — O moreno sorriu e logo me deu espaço para entrar.

Foi ali naquele segundo que eu senti que eu tinha um amigo ao meu lado. Foi no segundo seguinte que eu percebi que a vida de Dayane estava se encontrando com a minha, e isso significava muita coisa para mim.

Eu tomei uma decisão naquela noite, e todo o meu futuro envolvia ela...