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Maya Petrov












O diabo bondoso disse que eu estava apaixonada pelo Dante.

Caminho pelo quarto.

Será?

A verdade é que nunca me apaixonei por ninguém, nem na adolescência. Só conheci garotos chatos e sempre me senti a frente de todos eles. É péssimo isso. As vezes sentia como se o problema fosse comigo. Mas também não posso negar, eu não era o tipo de menina que arrancava olhares e a última vez em que conheci um rapaz e ele mostrou interesse por mim, descobrir dias depois que ele só queria me levar para cama.

Na época eu estava com 15 anos e fiquei bem chateada, mas no fundo sabia que isso aconteceria. Moleques são tão bobos.

Foi a partir desse dia que percebi que não queria perder meu tempo com rapazes assim. Eles não se importavam com nada e quanto mais mulheres conquistava, se sentiam como se estivessem mais perto de um troféu. Imbecis. Homem de verdade não tem esse pensamento ridículo. Eu acredito nisso cegamente.

E pra ser sincera, o que me atraia era os homens mais velhos.

Foram tantas as noites em que sonhei acordada com um príncipe encantado e pior, esperava a noite chegar para pousar a cabeça no travesseiro, fechar os olhos e imaginar a minha primeira vez.

— Moça? _Batem na porta, tirando-me com brusquidão dos meus devaneios.

Cesso os passos e me apresso até a porta, abrindo-a e sorrindo ao ver o diabo bondoso se agachando.

— Eu estou acordada. _Digo e vislumbro um bilhete em suas mãos. — O que é isso?

Ele torna a ficar de pé e me estende o bilhete.

— É o horário em que não estou em casa. No café da manhã e almoço eu não venho para casa. Estou apenas para o jantar, mas não se preocupe. Eu posso jantar depois que souber que você fez sua refeição.

Estou duplamente confusa.

— Eu vou tomar café, almoçar e jantar sozinha, na mais completa solidão? _Suspiro triste.

— Eu sei que minha presença te incomoda e eu quero que sinta como se eu não estivesse aqui.

— Mas aqui é sua casa, senhor. _Estou desacreditada das intenções desse homem.

— Quero que fique a vontade. Eu sou um homem muito ocupado e a casa na maior parte do tempo está vazia.

Com um medo terrível se instalando em mim, me afasto.

— Fala a verdade. O senhor vai mandar aqueles homens subir e me arrasar? _Trinco os dentes, tremendo e amassando o papel.

— Eu nunca faria isso. Não diga bobagem. _Resmungou e olhou o relógio no pulso.

— Como não? Você é um assassino, faz coisas terríveis e comanda uma organização de criminosos. _Não seguro e quando vejo as lágrimas já escorreu. Com rapidez seco meu rosto de modo que a maquiagem não saia.— Por Deus, não me iluda. O senhor vai acabar fazendo o que eles faziam comigo. Eu não vou aguentar senhor. De novo não. _Nego, medonha. Foi assim com o Capo. Ele mostrava interesse e quando me enxergou como eu era. Me fez de escrava.

O Diabo bondoso entrou no quarto e encostou a porta, vindo para perto.

— Te assombra mais ser respeitada do que ser abusada? _Me analisou com atenção. — Você espera sempre o pior das pessoas. _Notou e eu fico envergonhada. — O trauma sempre estará agarrado a você.

Rapidamente, o olho.

— O senhor vai me desgraçar?

Ele deu mais um e outro passo, estava perto o suficiente para me matar estrangulada.

— E se eu fizesse isso. O que você pediria?

Fico apreensiva.

O que eu pediria a um homem sabendo o quanto eles podem me causar sofrimento?

A senhora Andrea me ensinou a controlar meu corpo. Eu posso proibi-los, mas com certeza, de tanto tentarem me tomar, um dia conseguirão.

Eu pediria...

— Que pelo amor de Deus... Use camisinha. Quando não usavam me machucavam muito.

Ele olhou por meus ombros e então desviou para o chão e teto, voltando a me olhar um tanto mais vermelho, parecia odioso.

— Caralho. _Xingou e pigarreio. — Isso foi forte. _Senti como se ele engolisse o choro. Por alguns segundos ele me olhou no fundo dos olhos. Era como se adentrasse em minha alma ferida. — Me desculpe. _Eu só compreendi o pedido quando ele me puxou para chocar em seu corpo e me abraçou fortemente.

— Senhor... _Eu choro, com as mãos abertas e então retribuo o abraço. — Obrigada. 

— Acabou. _Emoldurou meu rosto com as mãos, me deixando totalmente horrorizada ao demonstrar empatia e afeto, beijando-me no topo da cabeça. Eu não sabia que o coração podia arder até ter essa sensação. — Juro que acabou.

Eu assinto, raspando o queixo em seu ombro e me afastando, ou acabaria manchando-o com tanta camada de maquiagem.

— Não quero te atrasar. _Tento sorrir, mas certamente foi ridículo.

— Ninguém vai entrar na casa. Pode ficar despreocupada.

— Vi que tem um batalhão de soldados do lado de fora. São todos homens?

— Eles não vão entrar.

— Tudo bem. _Respiro, notando que seu aroma ainda é presente em minhas narinas.

Eu não suporto esse maldito cheiro.

— A piscina é no andar de cima. A cozinha fica no corredor debaixo e no meu escritório tem telefone, notebook...

O corto.

— Eu posso usá-los?

— Você não está numa prisão. _Foi duro.

— Eu só não posso sair, certo?

— Pode.

— Sério?

— Sim, se você quiser sair é só falar com um dos soldados...

Imediatamente, balanço a cabeça.

— Não. Deixa quieto.

— Bom dia. _Acenou e me deu as costas.

Viver na mansão da máfia Ndrangheta não era de todo mal.

Ironia era eu me sentir protegida aqui ao invés da qual faço parte, a Bratva.









CONTINUA...

Diabo bondoso? Não vai dizer o quanto a beleza dele é insuportável?

Ah, tá. Vc também não disse do Dante.

Você não vai ficar com nenhum. Vou te colocar num potinho.

LUZ NO INFERNO (1)Onde histórias criam vida. Descubra agora