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Maya Petrov







Quando você está aberto a se colocar no lugar do outro, você se permite entender o medo que o assola e as razões para o tê-lo.

Eu não estava pedindo um filho ao Gianluca e nem sei se quero um algum dia. Mas quando acontecer sei que será um motivo lindo de alegria, é um filho e eu não negarei amor e cuidado. Mas isso só poderia acontecer se fosse com outro homem.

Agora, depois da longa conversa que tivemos nessa madrugada, eu o compreendo e faremos o possível para não acontecer. Porque notei que esse fato não envolvia só o Gianluca, eu caso me torne mãe de um filho dele, ou qualquer outra mulher... Sabe, não é algo que temos total autonomia para decidir e deve ser horrível carregar um filho no ventre e saber que se for menino, pertencerá a coisas ruins, coisas que não se foi escolhida por ele... Qual mãe quer o mal para os filhos? E pior ainda, se for uma menininha, simplesmente escaparia das nossas mãos e não poderíamos fazer nada porque existe um juramento e que quebrado gera morte... Como eu disse, não se trata só de nós dois, pois tem algo que o Gianluca não quer que eu faça parte, no entanto, já estou dentro. A máfia.

Eu saí da qual eu pertencia, a Bratva e me joguei de cabeça em outra. Mas não estava em meus planos se apaixonar pelo Gianluca, mas ele também não facilitou. Sendo como é e me tratando como me trata, não tinha como.

Termino de preparar a bandeja e levo para o quarto, pousando no criado mudo e sentando na cama, o acordando com beijos.

— Ei... Homem bonito? _Ele remexe e eu sorrio. — Acorda dorminhoco.

Ele abriu os olhos azuis perfeitos e virou-se na cama, passando uma mão perto para alisar minhas pernas.

— Você é sempre linda assim quando acorda? _Foi galanteador e eu revirei os olhos, erguendo-se e pegando a bandeja com o nosso café da manhã. Ele sentava, arrumando os lençóis e encostando na cabeceira da cama.

— Eu tomei a liberdade de pedir o nosso café. _Deposito a bandeja sobre suas pernas.

— Estou impressionado. _Ele retirou um girassol pequeno do jarrinho de porcelana e o levou aos lábios, beijando-o e trazendo para fazer carinho em meu rosto. — Quer fazer o que comigo hoje?

O encaro e não contenho o riso petulante que escapa.

— Queria ficar o dia todo na cama com você, né... Mas minha natureza gritou; "não quero" agora estou aqui, com essa carinha de palhaça. _Apontei para o meu rosto e tomei o girassol das suas mãos, o cheirando. — Mulher só sofre.

O vejo adoçar o café, enquanto tem um risinho pervertido nos lábios convidativos.

Ainda bem que estou melhor que ontem, mas ainda está lá. Ser mulher é chatinho as vezes.

— Se você não se sente a vontade para que eu te dê prazer, eu posso te comprar alguns brinquedos.

Me engasgo, esbugalhados os olhos.

— Ô Deus... Gianluca!

— Neném. É normal sentir tesão quando se está de fase. _Me estendeu a xícara e quando a peguei, ele raspou o dedo no dorso da minha mão e piscou o olho.

Por que ele é assim? Aff.

Não. Nada de brinquedo ou de mexer comigo. _Bebo o café, achando tudo isso meio nojento.

— Tudo bem. Eu posso respeitar isso. _Me estendeu uma torrada com requeijão.

— A gente pode adiar nosso passeio na galeria de arte? _Pego a torrada e dou uma mordida.

LUZ NO INFERNO (1)Onde histórias criam vida. Descubra agora