LUZ NO INFERNO (1)

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Maya Petrov

Há dias eu não dormia bem e essa madrugada, depois de comer algo que uma senhora trouxe, eu me permiti descansar a mente e relaxar o corpo machucado.

Por que fiz isso?

Eu não devia dormir.

Acordada, por mais que eu não conseguisse lutar contra, eu podia fechar os olhos e aguardar terminarem.

Eu aprendi algo.

Parece ser mais fácil aguentar.

Acordada, eu fecho os olhos e penso em coisas boas e que me dão satisfação. Assim eu esqueço por um momento que estou sendo violada.

Eu adoro dançar.

Minha mãe dizia que eu danço muito bem.

Acordada, eu podia está em alerta.

Mas que burra eu fui, eu dormi e agora fui surpreendida por algum homem.

Foram tantos...

Não tem como fechar os olhos e dançar, eu até os fecho, mas é porque estou trincando os dentes... Dói muito. Eu não estava preparada. Eu só queria dormir.

Não se trata mais do meu corpo. Com ele já fizeram tudo que quiseram. O problema é que chegou na minha alma, que chora em lágrimas gélidas, ela está totalmente desnorteada nesse inferno e eu só enxergo escuridão.

Eu estava em um abismo sem fim.

Uma solidão muito grande.

Só existe o desespero que minha mente reproduz.

Estou sozinha e me auto flagelando.

E o único lugar onde a maioria das vezes eu era feliz, era nos meus sonhos acordada em que estava olhando o teto.

Eu tinha que me agarrar a algo e era nisso.

Porque além de enfrentar meus próprios monstros, eu lidava com eles na realidade e tinha um dentro de mim.

***

Sento-me na cama e pousando uma mão em meu ventre, caminho em passos curtos até a janela.

Estava aberta e da grade de proteção eu vi como a tarde estava linda.

Seguro na grade e encosto a cabeça na mesma, observando lá embaixo.

Eu estava no último andar de um prédio.

Não tinha como gritar por socorro.

Os carros lá embaixo eram apenas pontinhos quase imperceptíveis.

Ouço o ranger da porta e imediatamente me viro, encostando-me na parede e resmungando de dor por ter me movido de pressa.

Era só a senhora com uma bandeja.

Quase chorando por está dolorida, alongo um sorriso.

— Trouxe seu almoço. _Ela falou e empurrou a porta com o pé, antes disso eu vi um soldado na porta.