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Maya Petrov








Cravar os pés em frente os portões de ferro da mansão Bratva foi definitivamente doloroso, eu nunca havia chegado tão perto, nunca participei de nada que tivesse a ver com a organização, sempre fui isenta e procurei viver afastada de tudo que envolvia a criminalidade. Ah se eu soubesse que tempos depois voltaria pela porta da frente e que eu era tão importante quanto qualquer pessoa adentro desses portões.

O vento gélido daquela estação de inverno soprou meus cabelos e eu mentiria se dissesse que não senti um alívio grandioso na alma. Era como se minha vida passasse diante dos meus olhos como um flash e eu ganhasse forças gritantes para assumir qualquer compromisso.

Não era pelo Gianluca.

Não era por mim.

Não era por ninguém que poderia abrir a boca e expor o desagrado... Era somente por ele, o bebê em minha barriga.

Se eu teria que mergulhar de cabeça em um mundo obscuro e que o meu amado desaprova, para defender nosso filho e o dar o direito de tentar ao menos crescer normal no meio de tudo isso. Eu faria sem pestanejar.

E nada me daria tanta força de vontade se não fosse ele. A sementinha que está me fazendo renascer.

A partir do segundo em que uma mulher descobre que se tornará mãe, tudo muda. Eu mudava.

Elevo o queixo e suspiro, apertando o pegador da minha mala.

— Preparada, minha filha?

Concordo.

— Como nunca antes, mamãe.

— O Mattia foi para o hotel aqui perto.  Foi melhor assim. Pode ser perigoso para ele entrar na toca dos lobos.

Nada digo e ao lado aperto o interfone, aguardando liberarem minha entrada, enquanto observo atenta o condomínio solitário e vazio. Não havia uma alma penada.

De repente, automaticamente os botões dividiram e eu olhei para cima. Como adivinhei. Câmeras.

— Eles sabem que chegamos. _Aviso e inicio as passadas vagas pelo corredor limpo entre os gramados verdes. Ao longe, vislumbrei a porta de entrada entreabrir e o que parecia ser os empregados, todos desciam os degraus e faziam filas, na direita e esquerda, deixando o caminho livre para que tivéssemos espaço para passar.

— Senhor do céu! Olha a recepção, minha filha. Estou toda me tremendo.

Reviro os olhos e finalmente chego no começo dos degraus, marcando cada rosto mentalmente.

— Boa noite. _Desejo e um a um se curvou e bateu continência.

Viro-me para a minha mãe e abro mais os olhos, completamente surpreendida. Minha mãe sorriu e gesticulou para que eu subisse e por fim entrasse na mansão assombrosa. As velas dos candelabros e as tochas de fogos suspensas no alto da parede era o que dava alguma luz ao recinto.

— Disseram que abaixo dos nossos pés está enterrado dezenas de pessoas que a Bratva matou. Geração para geração e cada vela acesa representa a alma de cada família traidora.

Faço careta com a revelação bizarra que a minha mãe contou.

— Estou me sentindo dentro de um filme de terror assustador. "A entidade", "Corrente do mal" e "Invocação do mal" pode afirmar isso. _Ironizo.

— Deus me livre!

Sorrio e torno a andar, seguindo pelo corredor e dando de cara com um trono dourado tenebroso sobre o centro de um tapete de cimento, diretamente de costas para mim.

LUZ NO INFERNO (1)Onde histórias criam vida. Descubra agora