Maya PetrovEu consegui dá um sorriso depois de muitos dias trancafiada nesse quarto.
Foi tão esquisito quando aquele homem, ontem, não fez nada comigo.
Ele não fez definitivamente nada.
Isso é real mesmo?
Estou há tantos dias sendo feita de gato e sapato, maltratada, destratada e humilhada, que é até impossível de acreditar que um homem entrou aqui e não mexeu comigo de maneira imprópria.
Mas ele disse que, se caso perguntassem, eu deveria falar que sim.
Eu não compreendo o que está se passando, mas claramente vou fazer o que ele manda. Sim, eu vou.
De repente, a senhora entra com o meu café da manhã. Eu me sento na cama e arrumo o travesseiro atrás para me encostar.
— Bom dia. _Ela deseja e eu sorrio, pegando a bandeja e pousando sobre minhas pernas. Ontem não me trouxeram janta e eu ataco tudo, devorando com fome. Ela senta na cama do meu lado e eu cruzo as pernas, desconfiada. Ela nunca fez isso. Penso em perguntar para ela porquê não veio, mas percebo que seria muito descaramento. A gente mal se comunica. — Você gosta do que fazem com você? _Perguntou e eu me entalei com o pão de forma.
Se eu gosto de ser tratada como uma escrava sexual?
Imediatamente, pego o suco e bebo, tossindo.
— A senhora perguntou mesmo isso? _Estou descrente.
Ela me analisa, correndo o olhar por meu corpo.
— Você gosta quando eles entram em você?
Meus olhos ardem e eu balanço a cabeça, desnorteada.
— Senhora, sai daqui, por favor.
— Maya, eu preciso saber. Me responda.
— Senhora, eu estou sobrevivendo por um milagre. É nítido que eu fico para morrer quando isso acontece. _Uma lágrima escapa. — Não tem como gostar disso. Quem em sã consciência gosta?
— Eu não posso impedir deles entrarem aqui, mas você pode impedir deles entrarem em você.
Eu franzio o cenho.
— É a força, senhora. Não tem como. _Nego, ficando desesperada por falar disso.
— O corpo é seu Maya e você escolhe quem pode invadi-lo. _Falou impassível e eu continuei perdida. — De tudo que eles fazem a pior parte é quando eles te invadem?
Eu assinto.
— Sim, tudo bem eles me baterem... Mas lá é terrível, insuportável... Eu não....
— Calma. _Tocou minha perna. — Não se desespere. — Eu sou fisioterapeuta. Eu posso te ensinar algo que você pode ficar impenetrável se quiser.
Afasto a bandeja e dou total atenção a senhora, ao limpar meu rosto.
— Como assim? _Estou curiosa.
— Tem uma técnica que existe há anos e que é possível contrair os músculos da vagina.
Eu pisco.
— Contrair?
— Exato. Mas você tem que entender que se fizer isso vai deixa-los muito irados. Eles vão querer te agredir...
— Eu não me importo. O que eu não quero é que entrem mais em mim...nunca mais. Ninguém. _Sou sincera.
— Se eles fizerem isso e você quiser machuca-los, é capaz com essa técnica. Conheço caso em que mulheres amassou o membro dos caras. _Ela riu.
— Sério mesmo que tem como eu impedir que eles me usem?
— Se for uma boa aluna, sim. Mas esse exercício não é usado para essa finalidade e sim para ter mais prazer durante a relação e conhecer o corpo. É algo benéfico para o físico e psicológico.
— Eu nunca ouvi falar sobre. _Confesso. Sou mesmo leiga.
— Eu posso te ensinar enquanto você não saí daqui.
Eu pisco os olhos.
— Por que a senhora vai fazer isso por mim? _Quero entender o motivo de toda essa bondade.
— Não faça perguntas, menina. Apenas aceite. _Ela ficou de pé. — Fiz o Capo chamar uma ginecologista para você.
— Por que?
— Porque você está sangrando tem dias. Você está muito machucada.
Concordo inúmeras vezes.
Eu estava mesmo.
Muito.
— Obrigada.
— Não é a mim que deve agradecer. _Falou enigmática e saiu.
Quer dizer que ninguém pode mexer comigo se eu não quiser?
Ô Deus! Eu quero chorar.
***
Sonolenta e sem forças, eu abro os olhos. Estão tão pesados.
— Fica deitada. _A senhora disse e tocou minha testa. — Você está sobre efeito de anestésico.
Eu desvio os olhos para a janela e fico muito confusa.
— Ainda está ...de manhã? _Minha voz falha.
— Hoje é outro dia, ontem a médica veio e teve que cuidar de você. _Ela respondeu.
Sinto muito desconforto no interior.
— O que ela fez?
— Teve que cauterizar seu útero. Seu colo do útero não estava nada bem, tinha lesões... mas vai ficar tudo de boa, sem desespero. _Me deu água. — Beba.
Eu bebo e respiro fundo.
— Como é feita essa cauterização? Eu não estou lembrando de nada...
— A cauterização do colo do útero é feito de forma semelhante ao papanicolau e, por isso, você retirou a roupa abaixo da cintura e ficou deitada aqui mesmo na cama, com as pernas ligeiramente afastadas, para permitir a introdução de um objeto que mantém o canal vaginal aberto e que é chamado de espéculo. Depois, a ginecologista colocou anestesia no colo do útero, para evitar que você sentisse dor durante o procedimento, e inseriu um aparelho mais comprido para queimar as lesões por dentro, demorando entre 10 a 15 minutos.
Eu fico aos pratos.
Eu só tenho 21 anos.
Eu nem sei o que é papanicolau.
— Por que eu estou passando por isso, senhora? _Eu choro incontida.
— Ninguém mais vai entrar aqui por algumas semanas. Você vai se recuperar e nesse tempo eu vou te ajudar. Ninguém desconfia de mim, eu vou entrar e sair daqui a hora que eu achar necessário. _Ela sentou na cama, limpando meu rosto e alisando meus cabelos. — Vai acabar seu sofrimento, menina.
— Será mesmo? _Olho o nada enquanto as lágrimas escorrem e molha o travesseiro.
Estou descrente de tudo, mas terei que ter paciência.
CONTINUA...
Deixando claro que é FICÇÃO. A maioria das coisas eu pesquiso e outras invento.
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LUZ NO INFERNO (1)
ChickLitROMANCE DARK Maya foi vendida pelo próprio pai para um mafioso terrível e tem passado dias miseráveis. Os abusos que sofre diariamente parecem intermináveis. Sua vida é um verdadeiro inferno, mas poderá ela encontrar alguma luz? #Contémgatilhos #+1...