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Maya Petrov






Ainda confusa, eu olhava a desconhecida idêntica a mim como se estivesse encarando-me em um espelho. Contemplar tamanha semelhança me deixou realmente impactada, mas de uma maneira involuntariamente ruim.

Eu sentia raiva, descontentamento e desgosto e piorou tudo quando inalei o ar e o perfume do Gianluca impregnou em minhas narinas, a observei atentamente e reconheci de onde vinha o cheiro, enxerguei com fúria a camisa do meu marido, úmida grudada ao seu corpo. Meu sangue congelou nas veias.

Eu não sabia que eu era ciumenta até ver o cheiro dele transcendendo de outra mulher. Mulher essa que não sou eu.

Imediatamente, ergo os olhos e fito adentro dos seus sem ousar a desviar a atenção nem por um segundo. O que eu não contava, era com flashes perturbadores de inúmeras formas capaz de mata-la.

Afoga-la numa banheira nadando em gelo até ela sufocar, os órgãos congelar e assim pararem de funcionar. Parecia literalmente satisfatório.

Ela mudou a vista e foi então que percebo para onde especialmente ela olhava. Daquele lado estava o Gianluca e o irmão.

Fecho os punhos discretamente, tornando a visualiza-la com uma raiva inigualável.

Furar seus olhos com uma navalha, os arranca-los e vislumbra-los espetado na lâmina como se fosse um pedaço de salsicha, também parecia bem instigante.

— Tem como você parar de olhar para o meu marido sem camisa como se eu não estivesse aqui? _Elevo uma sobrancelha.

— Eu não...

— Estava sim. Ou vai me dizer que não o achou atraente... Charmoso e imponente?

A desgraçada molhava os lábios e engolia ar seco, prendendo uns fios de cabelo atrás da orelha como se fosse realmente tímida.

— O que eu acho não importa. Eu só quero sumir daqui.

— Você vai mesmo escafeder. Não tenho nenhum interesse em te ter por perto. Sua áurea ruim tem cheiro de podre. _Confesso, olhando-a com desprazer.

— Você nem me conhece. _Debateu, se  dando ao luxo de se indignar.

— E não pretendo. Pouco me importa nosso grau de parentesco e a placenta que dividimos. Você fica no seu lugar e eu no meu. Estávamos bem até agora fazendo isso sem saber da existência uma da outra, continuaremos fazendo. Isso se você definitivamente não sabia que tinha uma irmã. _Desconfio.

— Acredite, tudo o que eu não queria era isso. Tenho planos de ficar milionária e parar de vez com o trabalho, viajar o mundo e gastar na Gucci e Louis Vuitton como se não houvesse o amanhã.

— Boa sorte. Você pode ir. _Ordeno e antes que ela ameaçasse ficar de pé, agarrei fortemente seu pulso. — Mas antes vai tirar a camisa do meu marido.

Ela piscou, desordenada.

— Mas eles rasgaram meu vestido. Não posso sair pelada.

A ideia de ter outra mulher grudada ao seu cheiro não me soava nada bem.

— Não pode sair pelada? _Imito sua voz de sonsa, virando o seu pulso até o limite, ouvindo ela soltar um gemido ensurdecedor. — Vai usar a minha capa de chuva e vai sumir de vez. _ Falei em tom rasgado. — Eu não quero te ver nunca mais. Se você aparecer no meu caminho, eu vou tratar de te atropelar. _A empurrei contra o chão, colocando-me de pé e a fitando de cima, finalmente a dando as costas e indo atrás da maldita capa de chuva pra essa infeliz.

LUZ NO INFERNO (1)Onde histórias criam vida. Descubra agora