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Maya Petrov











Ele não me olhou com repugnância como achei que faria quando contemplasse a minha casca, certamente diferente de todas as mulheres que ele já levou para a cama e tão igual a tantas que ainda se escondem e não chegou a dá um passo tão grande quanto o qual estou dando nesse momento.

Eu achei que nunca me sentiria a vontade para ficar nua para nenhum homem.

Muitas de mim ainda se resguarda por medo da aversão alheia.

Dói muito o julgamento. Em mim doía e sei como é.

Passei anos esperando o cara perfeito para me mostrar nua e crua, mas infelizmente ou felizmente eu sou assim, não tem como mudar e aceite quem quiser. Eu ainda não me aceito, no entanto, sei que posso ter essa divindade da aceitação um dia.

Talvez sendo amada eu consiga. Quem sabe.

Era inacreditável para mim me ver nessa situação. Em outros tempos, eu nunca teria sido movida a tanto. Depois de tanto mal que "homens" fizeram comigo, eu estou permitindo que mais um esteja comigo. Mas essa é a grande diferença. Eu estou deixando. Não é nada pressionado ou obrigado. Não há violência e tampouco abusos. É consentido da minha parte.

O Gianluca, a cada carícia ou toque íntimo, ele faz questão de expôr isso sem dizer uma palavra, usando apenas a conexão do olhar.

Eu tenho vontade de chorar desde quando vislumbrei seu olhar em meu corpo. Não enxerguei espanto, ali eu vi que não era abominável como por muitas vezes me intitulava. Eu era uma mulher normal. Ele me fazia se sentir assim, somente ele e o seu olhar atraente, sedutor, profundo e doce. Um tantinho expressivo e marcante, que transparecia o mais deslumbrante dos sentimentos, o cuidado, passando-me tanta confiança, ainda que estivesse me tirando gemidos rasgados do fundo da garganta.

Imagina o diabo, te tocar intimamente e antes de tal ação, olhar-te no fundo dos olhos para reconhecer se deve continuar. Cada ato que partia dele era uma permissão linda e que me fazia quere-lo mais e mais.

"Maya, sua pele desenhada é um presente".

Que encantador e note a tamanha sensibilidade dessa declaração. Declaração partida de alguém que eu podia esperar o pior das iniquidades. Mas ele era bom comigo. O tempo todo.

Sem aguentar receber mais tanto prazer, desci os quadris e apertei involuntariamente minhas pernas enfraquecidas, trêmulas e incapazes de sustentar meu peso na posição fatal que ele me mandou ficar. Meu coração disparava, minha cabeça girava e tudo em mim estava em pura agitação.

- Desculp.a. _Falei embargada e respirei forte pela boca. Era tudo tão novo para mim e eu estava gostando que parecia tão errado depois de tudo que me aconteceu.

Por que me culpo por isso?

Não devia.

Ô Droga!

O Gianluca me olhou de forma compreensiva, não sei se era de fato isso, porém parecia muito. Ele fechou a mangueirinha que usava para me fazer ter delírio e a pousou na lateral da banheira. Em fim, voltou a me encarar.

- Melhor do que meu joelho? _Ele não esboçava nada, mas a voz estava muito rouca e me analisava por todo o rosto, descaradamente.

Conseguindo normalizar a respiração, abro a boca.

- Estou toda trêmula. _Tento rir. - Veja. _Mostro minhas mãos tremendo. - Parece que estou tendo um ataque de ansiedade.

- Você gozou. _Afirmou isso e pegou minha mão, antes que eu me desse o direito de se envergonhar beijando-a. - Quero que fique de costas para mim. _Fez o pedido e eu olhei para a água dentro da banheira, ainda me sentido sem forças nas pernas. - Você precisa de ajuda? _O olho e ele eleva uma sobrancelha, tão prestativo que me enche o peito de emoção que não tenho nome específico. Respiro profundamente e discordo, tomando coragem e segurando na lateral da banheira, inclinando o corpo e ficando de pé. - Boa menina. _Recebi um beijo nas coxas. - Agora vire-se. _Soltei a banheira e viro-me, tenho suas mãos segurando as minhas e enquanto desço lentamente o corpo, recebo beijo por ele todo, até o ombro quando me sento. - Eu estou aqui o tempo todo. _Me acariciava os braços e os banhava. - Você precisa confiar em mim, tudo bem?

LUZ NO INFERNO (1)Onde histórias criam vida. Descubra agora