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Gianluca Rossi









Pelo contrário, eu já havia enterrado o meu passado e estava tranquilo, eu conseguia o enfrentar e estava preparado pra quando ele viesse me consumir.

Já o da moça é recente. Ela terá que lutar muito e por isso estou me oferendo para ajudá-la. Juntos ficaríamos imbatível.

Afasto as cobertas e sento-me na cama, bagunçando meus cabelos em angústia. Angústia por ela e por mim.

Ontem ela me surpreendeu. Uniu nossos lábios, ainda que o ato durasse cerca de poucos segundos, senti em seu corpo que foi demais para ela que está reaprendendo tudo.

Maya é doce e pura, não sabe praticamente nada da vida. Só conheceu um lado obscuro, um sofrimento de uma vida inteira.

Ela é esperta. Sabe se opor. Eu não esperava por ontem, pelo beijo, devo admitir.

Ela acertou. Eu realmente fui um canalha. A chamei para beber porque a queria completamente bêbada para que fizesse o que eu precisava que fosse feito. A usei, fui baixo e não pensei nela, se ela aprovaria o que eu pretendia. Mas eu quero tanto cuida-la para que fique bem, que não pensei em medir esforços para isso, simplesmente decidi por ela. Estava prestes a decidir pela moça. Isso é puro egoísmo e egocentrismo.

Mesmo assim ela me beijou. Meu único erro foi ter a puxado para perto, não devia, eu sei, mas estou me acostumando tanto com sua presença que não quero nem sair da casa. Quero vê-la, conversar e gosto até quando ela percebe um conflito para me colocar contra a parede e realmente faz. Ela não esconde absolutamente nada, é uma mulher intensa e sente tudo com muita intensidade e é perceptível isso. Não é fácil de decifra-la, na maioria das vezes preciso que ela me diga o que se passa consigo, mas é interessante quebrar a cabeça para estuda-la. Por saber uma parte dolorosa da sua história, se torna menos complicado para mim, mas não fácil. A Maya não tem nada de fácil.

Odiaria saber que a julgam. Ela não merece tal desprezo.

Vou esperar ela se reencontrar e darei a mão quando cair. Sim, me afeiçoei pela moça e ela tornou-se importante para mim.

Respiro fundo e levanto-me, seguindo até o móvel onde deixei o maldito contrato dando sopa e o peguei, puxando-o do envelope pardo, lendo-o e quase fraquejando ao vê-lo assinado.

Com tudo, encaro a porta e volto a visualizar seu nome completo na linha pontilhada.

A Maya assinou.

Desacreditado, rumo para fora do quarto e bato com força em sua porta.

Ela abre, olhando-me e suspira pesadamente.

— O que significa isso? _Virei o contrato. Estou nervoso. — Por que fez isso? _Questiono.

Ela soltou a porta e caminhou, indo até o espelho e penteando seus cabelos escuros.

— Significa que estamos oficialmente casados. _Me olhou do espelho. — Fiz isso por gratidão. Apenas isso.

Entro no seu quarto e encosto a porta, deixando o contrato na cama e seguindo até ela.

— Vai entregar sua vida a esse inferno em que vivo?

— Vou entregar minha vida a você. O inferno que você vive não se encontra nessa casa e a única quentura que vem do fogo, é da lareira. Eu assinei, fiz porque eu quis, não me olhe como se eu tivesse te traído. Você queria isso e por isso quis me embebedar. _Foi incisiva.

— Você é...

— Dura? Severa? Cruel? _Pontuava e virou-se para mim. — Não pode simplesmente ficar contente? Olha, seu plano deu certo. Me salvou, me trouxe para sua casa e quis entrar na Bratva. Pronto, estamos casados, sou a filha do Consiglieri e você pode cuidar dos meus assuntos. _Passou por mim, parecia irritada. — Ninguém faz nada por ninguém de graça. Você me provou isso.

LUZ NO INFERNO (1)Onde histórias criam vida. Descubra agora