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Gianluca Rossi











- Puta que pariu! _O Mattia empurrou a porta da minha casa e eu me levantei cuidadosamente do sofá. - Eu não estou acreditando. _Cessou os passos e uniu as mãos na boca, observando-me de cima abaixo, descrente. Ao seu lado percebi a minha sobrinha Donatella com lágrimas nos olhos e sua mãe. - Você acordou seu filho da puta. _Sorrindo, meu irmão desceu o degrau e se apressou até mim, me surpreendendo ao abraçar-me com força, machucando-me as costas ainda enfaixada. Eu precisava tirar essa porcaria logo, me sinto todo amarrado.

Espremo os olhos e trinco os dentes, não reclamando porque abraço bom é esses doloridos.

- Senta aí Mattia. _A Maya o puxou e impactado ele sentou no outro sofá.

- Cunhada. Porra! Eu disse. Esse filho da mãe é forte pra caralho e ainda vai nos dá muita dor de cabeça. _Ele riu.

Eu ainda não tinha me recuperado do aperto do primeiro abraço e a pequena Donatella estava chorando ao me agarrar.

- Que maldito susto o senhor nos deu. _Fungou, olhando-me nos olhos. Emolduro seu rosto, presenteando-a com um beijo na testa.

- Eu ouvi você, sua pilantrinha. Ameaçou de matar o mundo se eu não acordasse. _Aperto seu nariz. - Não tive como não ser benevolente. Tem como ficar dormindo com a minha sobrinha pensando em sujar as mãos de sangue?

Todos sorrimos.

- Eu te amo, tio. Como membro da Famiglia e com sua mulher sendo uma líder que se transforma no cão e deixa muitos homens no chinelo, estou enxergando uma era de bons tempos. _Limpo seus olhos e balanço a cabeça, indignado. - Eu viraria uma diaba para vingar o que fizeram com o senhor. _Ela estreitou os olhos no pai e na Maya. - Mas esses dois já fizeram o trabalho sujo. Aquela vaca está morta e o senhor vai voltar a comandar tudo. Tio, não é querendo desmerecer o meu pai, mas só Deus na causa. Ele quebrava a cabeça até para comprar armas. Tio, armas! Senhor, quem vai se preocupar em comprar armas? É só comprar e dane-se. E outra tio, eu ouvi ele dizer que comprou só armas vagabundas e que não tem como invadir nada com essas porcarias. _A pirralha me tira um sorriso e eu encaro o meu irmão que está perplexo com a filha o expondo desse modo. - Outro dia o peguei chorando no escritório, dizendo que era um merda burro, coitado tio, fez tudo errado. Eu estava vendo o matarem e jogar no nosso freezer de casa.

- Com uma filha dessa, eu estou é na roça. _O Mattia rosnou.

- Tenho que concordar com ela, amor. _Sua mulher aproximou. - O Mattia não nasceu para o seu papel. _Me cumprimentou e eu ouvi o resmungo do meu irmão. - Fico muito feliz que tenha finalmente acordado. Não sabe a falta que nos fez. Principalmente para sua esposa.

Sinto a mão da Maya entrelaçar na minha, olhando-a no rosto, ela o grudou em meu braço. Pouso um beijo nos seus cabelos cheirosos.

Eu sei de tudo o que se passou com meu neném.

Eu parecia está em um sono profundo, mas ainda era capaz de ouvir tudo.

O pior, era ouvi-la chorar e não ter forças para consola-la.

Foi horrível. Não desejo a ninguém.

É um lugar que te deixa impotente perante as pessoas que ama e não se pode fazer nada, porque você não tem forças sequer para separar os lábios.

Se existia dúvidas do nosso amor, isso serviu para mudar e fortalecer.

Ela não desistiu de mim, como por vezes, naquela situação em que me encontrava implorei mentalmente para que fizesse isso, porque não era justo ela passar por tamanho sofrimento.

LUZ NO INFERNO (1)Onde histórias criam vida. Descubra agora