Maya PetrovAs flores no jardim desabrochava, ainda era manhãzinha e não era um dia de sol e sim de um friozinho chatinho.
Não gosto do frio.
Com água no regador, vou regar as flores e sigo para me sentar na espreguiçadeira.
Observo o céu e o tempo está para chover. Se tiver relâmpagos terei um dia assombroso, eu morro de susto de raios, dizem que eles são capazes de dividir uma pessoa ao meio, fico mais temerosa ainda quando há trovões.
Tenho o pressentimento de que o mundo está se acabando.
Fico algum tempo sentada ali sozinha, vejo os soldados circulando ao longe e percebo na casa câmeras de canto a canto.
Será que ficarei aqui por muito tempo?
O que será que o diabo bondoso quer comigo?
Porque tem alguma coisa. Eu sinto que tem.
Eu não estaria em sua casa se não tivesse.
Respiro fundo e levanto-me, cruzando os braços e entrando na casa. É tão bom poder andar tranquila, fazia tempo em que não me sentia tão bem.
Vou a caminho do meu quarto e subo as escadas. Estou pronta para abrir a porta quando viro o rosto e vejo uma porta aberta. O meu toc não me permite entrar como se não houvesse nada e eu solto a maçaneta, seguindo para fechar a outra porta não muito distante.
Fico parada e sigo com os dedos para puxar a porta, mas imediatamente paro e meu coração chega a boca. Erguendo o rosto, vejo ele, o diabo bondoso sentando na cama e pegando no criado mudo do lado uma toalha, ele parece secar ou limpar as mãos.
Franzio o cenho, estremecida e ele fica de pé. Sufoco o som que faço com o susto de vê-lo completamente nú e observo que ele usava a toalha para secar seu abdômen...
Mas ele não está com cabelos molhados.
Não parecia ter tomado banho e muito menos está se secando...
Ele se limpava.
Mas o que ele fazia logo pela manhã?
Esbugalho os olhos.
Será?
Engoli ar seco e me afasto, dando a volta e caminhando devagar até o meu quarto. Eu estava mais do que impactada. Eu não deveria ter o vislumbrado.
Sento-me na cama e me jogo, fitando o teto.
Quando ele não conseguir se aliviar mais, será que não virá até mim?
***
— Boa tarde.
Levanto-me do sofá onde estava deitada, arrumo a almofada e me sento, cruzando as pernas e pousando as almofadas sobre-as.
— Boa tarde. _Respondo de pressa e o diabo bondoso e agora libertino, sentava no outro sofá. Ele era um depravado.
Mas também não posso julga-lo. Cada um se vira como pode.
Agora tenho receio de que ele não trouxe mulher aqui por minha presença. Não quero ser inconveniente.
Mas ele se limpava por ter se dado prazer e eu não consigo esquecer. Isso me impressionou.
Eu nunca me toquei intimamente, não sei como é. Tinha medo de gostar e me viciar, mas hoje noto que não perdi nada e deve doer muito.
Com certeza deve doer.
Avalio ele e ele estava com uma regata branca fina que a maioria dos homens usam para ir a academia e um moletom cinza. O vi descansar seu celular no centro e pegar o controle e ligar a tv, procurando um canal e deixando em um filme qualquer.
— Eu me dei uma folga. _Indagou, focado no televisor enorme na parede.
Desvio os olhos para a janela e respiro.
— Está chovendo muito. _Comento.
— Sim está. _Reafirmou.
— O senhor também tem medo do trovão? _O encaro.
Ele franziu o cenho e me olhou.
— Eu não tenho medo de nada.
— Ah. _Abro a boca. — Deve ser muito bom se sentir uma torre inabalável.
Seu olhar cresceu e ele coçou uma sobrancelha.
— Eu não sou inabalável. Tenho muitos pontos fracos. _Confessou, sentando mais na ponta do sofá. — Todo mundo tem.
— Eu não tenho mais. _Confidencio. Seu olhar é curioso. — Meus pais eram meus calcanhares de Aquiles. Mas eles irão morrer de qualquer jeito um dia. É a única certeza que tenho.
Ele assente.
— Sua mãe parece muito com você. Digo, no modo de falar.
— Realmente. Por que a trouxe até aqui?
— Pensei que seria bom para você vê-la.
— Foi muito. E a Andrea, porque ela foi embora? _Questiono.
— Porque eu precisava dela cuidando de você enquanto estive em perigo. Aqui você não está em perigo.
— Eu gosto muito dela. Não tem como trazê-la para me fazer companhia? _O olho esperançosa.
— Prefere assim? _Bondoso, ele elevou uma sobrancelha.
— Prefiro ela ou o Dante, qualquer um, menos o senhor. _Arregalo os olhos ao que percebo que falei demais e cubro minha boca. — Perdão. Eu não quis dizer isso...
— Você não gosta de mim, não é? _Perguntou. Seu celular tocava e ele levantou-se, o recolhendo e olhando-me. — Me desculpe. _Pediu educadamente e me deu as costas.
Ô Deus!
Que boca é essa a minha?
Dou batidinhas na minha boca e trago a almofada para o meu rosto. De repente, me espanto.
Droga!
— Sujou a almofada. _Vejo resquícios de base na almofada de cor bege. Rapidamente levanto-me e corro com a almofada para o quarto.
Entro no banheiro e pego uma bucha de tomar banho, colocando sabonete líquido e molhando-a na torneira, vindo limpar a almofada e pousa-la na privada.
Lavo minhas mãos e as seco, olhando-me no espelho e enxergando o começo de uma das tantas manchas que tento desgraçadamente esconder com maquiagem.
Como o desgraçado um dia disse.
Eu sou uma aberração.
CONTINUA...
😞😞😞😞
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LUZ NO INFERNO (1)
ChickLitROMANCE DARK Maya foi vendida pelo próprio pai para um mafioso terrível e tem passado dias miseráveis. Os abusos que sofre diariamente parecem intermináveis. Sua vida é um verdadeiro inferno, mas poderá ela encontrar alguma luz? #Contémgatilhos #+1...