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Maya Petrov











o céu, nessa noite de outono, estava carregado de nuvens que camuflava quase toda a lua. Foi isso o que percebi quando subia sozinha pelo elevador de vidro e visualizava o céu.

A mãe do Gianluca e a Donatella havia partido assim que me trouxeram e se despediram, eu até as convidei para subirem, mas o pai da Donatella não parava de ligar e quando ela acionou o viva-voz, ele se encontrava drasticamente desesperado. Mesmo ela estando no poder da avó. O que é esquisito.

Saindo do elevador, respiro fundo e caminho de encontro a porta, aperto a campainha e o aguardo abrir.

A porta abre, revelando um Gianluca sem camisa, de moletom cinza e descalço. Seu olhar me varre de cima abaixo e ele dá um passo, olhando entre os lados, procurando algo ou alguém.

— Minha mãe não faz nada direito. _Reclamou, vindo beijar-me e eu me afastando, entrando e seguindo para o quarto.

Eu preciso tomar um banho e escovar os dentes, estou com um gosto de remédio horrível na boca.

No quarto, deixo as sacolas no chão, retiro toda a minha roupa e entro no banheiro. Escovo rapidamente os meus dentes, indo diretamente para dentro do box e ligando a ducha no quente.

Ouço o ranger da porta e vejo o Gianluca, ele caminha e segura no vidro do box, o afastando mais um pouco e me olhando.

— Estou cansada, quero tomar banho e dormir.

— Por que está agindo assim? _Perguntou calmo. Eu engoli ar seco, nervosa. — Alguém te ofendeu? _Elevou uma sobrancelha, desconfiado por me ver negando com urgência. — Maya, o que aconteceu?

— Nada. Por favor, não insisti. Eu estou tranquila.

— Neném, eu te conheço. Você só me evita quando algo te perturba.

— A gente vai ter a briga que evitei. _Confesso.

— Podemos conversar e não brigar? _Seu olhar era um mar calmo e paciente.

— Eu acho que será impossível.

— Certo. Então eu me explicarei. Comece...

— Você mandou arrancarem todos os dentes da Beatrice? _Questiono, sabendo que sim, mas querendo ouvir dele a verdade.

Ele desvia o olhar, dá dois pequenos socos no box e me encara.

Eu não estava nem aí para suas palavras que seriam ditas. Comportamento, eu observei o comportamento e ele já havia dito tudo.

— Eu faria novamente. _Foi incisivo.

Arregalo os olhos e balanço a cabeça.

— Eu não queria me envolver com gente fora da lei por conta disso. Vocês resolvem tudo com vingança, sangue e morte. _Me desassossego internamente.

— Eu pertenço a isso, Maya. Sinto muito se gosto tanto de você ao ponto de doer em mim suas feridas.

Com tudo, o olho profundamente, vendo que ele tinha muitos argumentos para se defender, aperto os lábios, não aguentando e gritando.

— Inferno! _Eu explodo, trêmula e com lágrimas nos olhos. — Gianluca, por Deus! Me abrace.

De pressa, ele veio e grudou em mim.

— Eu não vou pedir perdão. _Ouço e assinto, deitando o rosto em seu ombro e fechando os olhos. — Não posso prometer algo sabendo que irei quebrar. Você pode compreender isso?

LUZ NO INFERNO (1)Onde histórias criam vida. Descubra agora