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MESES DEPOIS


Maya Pavlova









Lúcifer havia caído na terra como um raio e posso ver porque tinha tanto receio deles. Era assustador olhar para o céu escuro e acinzentado e avistar uma corrente elétrica se soltando das nuvens. Mas de repente, eles simplesmente deixaram de me assombrar e passou a fazer parte dos meus momentos de reflexão.

A escuridão também dispunha de sua sublimidade e proeminência. Só precisava ser vista com meiguice.

Similarmente, eu possuía um pouco do lúcifer. Afinal, esquecendo os motivos pelo qual ele foi banido do céu, ele também era um anjo e ninguém pode dizer o contrário.

A noite era das trevas. O medo dos trovões não fazia mais parte dos meus medos. Eu estava pronta, finalmente estava pronta para o que fui destinada.

— Maya, iai... _Minha irmã entrava no quarto. — Caralho! Puta que pariu! Irmã do céu! O que é isso? _A vi se chocar do espelho.

Sorrio, virando-me e suspirando ao abrir os braços.

— Como eu estou, Mayla?

— Uma puta de uma bela rainha... Porra! _Elogiou entusiasmada e se curvou. — Você é bonita assim, dessa forma. _Assoviou fascinada e olhou para fora, fechando a porta do quarto de hotel onde estávamos hospedadas desde ontem, aqui na Itália.

Sim. Eu estou na Itália, bem pertinho do meu amor.

Ai que ânsia de vê-lo logo.

— Eu quero que tudo saia perfeito. _Completo, inquieta para o grande momento.

— Com o tanto que você é perfeccionista. Isso vai ser épico e entrar para a história. Deus do céu! Você planejou tudo com riqueza de detalhes. _Empolgada, ela vagou até mim e em seguida estreitou os olhos curioso em minha barriga. — Será uma surpresa para o nosso pai. _Alertou.

Olhei para baixo e toquei amorosamente a minha barriguinha visível de cinco meses. Eu assinto, seria literalmente uma grande surpresa para o meu pai que nunca suspeitou de nada, eu havia me esforçado ao máximo para esconde-la com roupas largas por todos esses meses e aguardei pacientemente o dia favorável para revelar para todos. Nada melhor que evidenciar isso no dia especial em que eu iria me esplandecer para todos como a nova Don da Bratva.

Deus! como estou ansiosa.

Hoje a Maya estava tão segura de si, se sentindo mais do que autossuficiente. E pensar que tempos atrás eu me odiava e se escondia, hoje o amor próprio brilhava estampado em meu olhar.

Uma frase se aplicava perfeitamente e definia esse momento "Chore uma vez e jure que não irá chorar nunca mais pelo mesmo motivo", foi definitivamente cirúrgico.

— Está na hora. _Indago determinada e respiro fundo, erguendo o rosto. — Precisamos ir ou iremos nos atrasar. _Me afasto dela e recolho meu casaco sobretudo. — Você sabe o que fazer? _A encaro com seriedade, vestindo o sobretudo e arrumando meus cabelos acima.

— Sim.

Rastejando o olhar pelo seu decote, pego em minha bolsa um cartão e a entrego.

— Vou te esperar. _Digo sincera.

Ela observou o cartão rabiscado com minha letra.

— Maya, que endereço é esse? _Franziu o cenho, perdida.

— Saberá se comparecer.

Ela abriu os olhos e guardou o cartão nos seios.

— Eu sou pior que você nesse quesito. _Comentou.

LUZ NO INFERNO (1)Onde histórias criam vida. Descubra agora