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Maya Petrov






Impecável.

Eu estava simplesmente impecável para receber nessa noite a família do irmão do meu marido, que inclusive acabaram de chegar.

Hoje seria minha última noite na casa e amanhã partiria cedo para a Rússia com a minha mãe. O Gianluca já havia cuidado de tudo e ficou muito bravo por eu não deixar ele viajar conosco.

Como eu podia aceitar isso, sendo que a vida dele, os negócios e a Famiglia são todos daqui? E outra, ninguém definitivamente sabe quando irei voltar... Espero que seja o quanto antes.

Ele não pode parar a vida dele por mim e eu já aceitei o meu destino. Vamos ver o que me espera. Estou preparada para tudo.

Não será um adeus. Acreditávamos com todas as forças do nosso ser que não era e sim um até breve.

Faríamos do jeito certo. Eu encararia de frente o que vier e me manteria forte.

Chega de ficar sendo vítima e atrás do Gianluca... Não, eu não estou curada, mas estou preparada. Voltarei para a Rússia diferente de quando saí. Aprendi muito com toda a minha dor, principalmente em não confiar em ninguém.

Sou insegura. Isso é fato, mas também me vejo muito forte hoje.

Eu sou capaz de tudo. De despertar amor e até desprezo. Fui do desrespeito, humilhação e abuso para respeito mútuo, veneração e correspondida no amor... Amor esse que cresce dentro de mim um tiquinho a cada dia.

Sou a mesma Maya de sempre, mas com uma bagagem maior e mais pesada e que não vai mais ficar calada diante de qualquer circunstâncias porque foi ensinada a ser ouvida e respeitada.

Como o Gianluca mesmo me disse, o certo é não criar expectativas em ninguém.

Todos um dia irão nos decepcionar de alguma forma.

Então o certo é ter fé... Fé em si mesmo.

Isso tudo é para me receber, cunhadinha? _O Mattia veio me cumprimentar e sem que eu esperasse, me fez girar e assobiou, fazendo o barulho doer meus ouvidos. — Espetacular. _Sorriu galanteador e se curvou, beijando-me a mão.

Franzio o cenho.

— Pra que tudo isso? _Retribuo o sorriso.

— Adoro ver o meu irmão puto de ciúmes. _Piscou e saiu caminhando.

Sua mulher entrou e eu fiquei baqueada por notar somente agora o quanto ela era bonita. Seu rosto tinha algo que eu achava perfeito e realçava a beleza das pessoas. Os pequenos pontinhos, as maravilhosas sardas.

— Maya, querida. É um prazer enorme vê-la novamente. _Me abraçou gentilmente. — No casamento não tivemos a oportunidade de conversarmos.

Sorrio abertamente, soltando seus ombros.

— O prazer é todo meu. Seja bem vinda.

— Obrigada. Não somente pelo convite para jantarmos e sim pelas orquídeas brancas. Foi muito delicado da sua parte me enviá-las junto aquele incrível livro de espiritualidade e conexão. A gente nunca supera a perda de um filho que se deseja tanto tê-lo, mas é mais fácil seguir quando não julgam e sim apenas nos compreende. Minha gratidão é imensa.

LUZ NO INFERNO (1)Onde histórias criam vida. Descubra agora