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Maya Petrov










— É a voz do meu pai. _Eu grito e tento passar pela porta, mas a Andrea me impede.

Alguns dias tinha se passado desde a minha ida ao cassino. Tudo parecia bem, o infeliz do Capo estava no hospital com algum problema na perna. Sei que foi alguém pior que ele que o causou isso, quem bateria de frente com o demônio se não outro?

Realmente, eu estava tendo uns dias de paz e sossêgo, ninguém vinha me incomodar e eu dormia bem por essas noites, até agora.

Eu juro por Cristo que ouvi a voz do meu pai, ele estava aqui dentro.

Eu juro.

Maya, se acalme. _A Andrea segurou meu rosto. — Era o seu pai sim.

Arregalo os olhos.

— Ele veio me buscar? _Por um instante sorrio. — Eu sabia... Minha mãezinha deve está aqui também... _Retiro suas mãos do meu rosto e me agacho, espalmando as mãos no chão e sentando no piso gelado. Faço tudo isso por impulso, não tem um porquê específico. — Eu não vou contar nada a eles. _Balanço a cabeça em negativo e solto o choro entalado. — Minha mãe viraria uma fera se soubesse o que passei... _Deixo as mãos em minhas bochechas. A senhora Andrea também se sentava no chão. — Eu contei tantas mentiras pra ela... Eu disse que acreditava que o primeiro homem da minha vida séria incrível...

— Para de se torturar com isso. _Pegou em meus pulsos e os uniu, virando minhas mãos e descendo as suas por ela, passando-me cuidado e apoio. Eu respiro embargada pelo choro. — Seu primeiro homem ainda nem chegou. _Sorriu.

Fico com uma tristeza muito grande na alma e abaixo a cabeça.

— Chegou sim. Veio o primeiro, o segundo, o terceiro...

Uma mão minha pousou em sua perna e ela veio usar a sua para erguer meu rosto e olhar-me nos olhos.

— Menina Maya, está enganada sobre tudo o que acredita. A primeira vez que você ansiava ainda vai acontecer.

Nego.

— Não tem como ter a virgindade de volta...

— Virgindade é algo psicológico e você ainda é virgem. Você é pura, não sabe nada e não escolheu ainda está nos braços de um homem de verdade. Um homem que entenda isso, um homem que entenda você e te respeite. Esse homem incrível que você espera ainda vai aparecer.

Soluço duplamente.

— Mesmo que seja verdade. Que ele apareça e seja uma pessoa maravilhosa, que compreenda os meus traumas e meu receio com minha pele. Eu tenho certeza que nunca mais irei me entregar a ninguém. _Confesso sincera.

— Você se ouviu? _Desentendo. — "Nunca mais irá se entregar" me diz uma coisa, e quando você se entregou por livre e espontânea vontade? _Sorriu e então eu entendi o lance da virgindade.

— Nunca. _Respondo.

— Boa menina. Agora venha, levante-se.

Aceito sua ajuda e nós duas ficou de pé no meio do quarto, quase caindo e se abraçando.

Deus! Era imenso o carinho que eu estava sentindo por essa senhora, seja quem for que está pagando para ela me cuidar. A pessoa é um anjo.

— E os meus pais? _Pergunto e me afasto.

— Seu pai realmente esteve aqui, eu fui buscar toalhas para o banheiro e ele aproveitou para entrar.

Fico em desordem.

— Ele veio hoje? Será que ele tinha algo importante para me dizer? Ele tocou minhas pernas... Meu pai queria me acordar...

A senhora Andrea negava.

— Seu pai está aqui desde o dia que você veio. Ele fica no quarto ao lado.

Baqueada, cambaleio para trás e a senhora me ajuda a chegar na cama, as lágrimas escorrem infinitamente.

— Ele sabia que os homens entravam aqui? _Meu peito arde muito.

— Eu sinto muito, mas seu pai é um monstro impiedoso, imoral e sujo. _Disse com aspereza, a voz dela até tremia.

— Isso me entristece a alma. _Toco o meu peito, sentindo meu coração bater tão rápido, que falhava, tropeçava, caia e voltava as funções. — No fundo eu sentia a desaprovação dele por eu ser como sou. Ele era preconceituoso com a minha mãe por ela ser mulher e me olhava da mesma forma. _Fungo.

— Eu vou ficar aqui com você até dormir. _Ela disse e foi certificar se a porta estava fechada, voltando para a cama e arrumando o travesseiro, puxando também o edredom. — Vem deitar.

Eu fui e ela me enrolou, indo apagar a luz e vindo deitar do meu lado.

— Se ele não veio me ajudar e nem nada. _Viro-me, olhando-a. — O que acha que ele fazia nesse quarto de madrugada?

Ela não me olhava e se cobria, dando-me as costas.

— Estou com tanto sono.

Sorrio e aliso suas costas.

— Tenha bons sonhos. _Fecho os olhos e continuo a acaricia-la até eu mesma dormir.

***

Batem na porta e eu guardo a maquiagem.

— Posso entrar?

Sorrio e levanto-me, unindo as mãos.

— Pode sim. _Digo e o Dante entra no quarto, fechando a porta e olhando em volta.

— Tudo bem? _Quis saber.

— Estou sim e você?

— Também estou. Vou sair, quer alguma coisa da rua?

Desfaço o sorriso.

— Não, nada. Obrigada.

— O Capo está de volta. _Revelou e eu me sento.

— Eu já estou bem, isso quer dizer que ele vai voltar a frequentar o quarto e deixar outros homens ? _Segurei nas laterais do colchão, longe com a cabeça. Ele disse isso no carro. Eu lembro.

— Posso?

Me assusto e olho para o lado. O Dante já havia aproximado e apontava para o meu lado na cama. Eu concordo e ele senta.

— Não tem nada que eu odeia mais do que isso. _Confesso.

— Fica tranquila. Eu não tenho deixado ninguém entrar aqui e vou continuar não deixando. _Afrouxou a gravata. — Hoje não era para você está mais aqui. _Falou e eu pisquei os olhos. — Mas se eu deixasse você ir, você não estaria segura lá. Também querem te matar.

— Desculpa, não estou entendendo.

— Você não está segura aqui e muito menos em outro ambiente como esse. Você merece ter uma vida normal, sem esses caralhos.

Definitivamente ele estava coberto de razão.

Outro lugar como esse iria me adoecer mais e mais.








CONTINUA...





Eu planejando outra coisa 🤡🤡🤡

A Maya 🖕🖕🖕

Porém concordo com o Dante. 😔

LUZ NO INFERNO (1)Onde histórias criam vida. Descubra agora