Gianluca RossiAcreditei cegamente que nunca chegaria o dia em que algo iria me paralisar e deixar sem reação. As lágrimas corriam como se tivessem destino certo. Dizem que é bom chorar e que essa é a forma de colocar para fora alguma tristeza profunda e impregnada dentro de nós seres humanos, tristeza essa que perfura a alma. Quem foi o estúpido que disse que homem não chora? Eu chorava, mas não tinha nada a ver com essa tal tristeza. O que me consumia era o ódio infinito por ver minha Maya no estado de calamidade emocional em que se encontrava, ao alcance dos meus olhos, no chão, vomitando e gritando tão miseravelmente alto quanto sua garganta poderia suportar.
Essa porra me machucava tanto.
Não posso ser cínico ao ponto de dizer que foi o melhor assim. Porque não foi. O melhor era esse inferno nunca ter acontecido. O melhor era ela nunca ter que passar por isso. No entanto, também não podia permitir que esse caralho chegasse nela de outra forma, com outras palavras, iriam destruir muito além. Eu sei do que digo quando me coloco no seu lugar.
Ninguém aguenta tamanha falta de compaixão... O maldito, ainda que tenha sido induzido ao ato, o miserável era o pai, seu único dever desde que a Maya nasceu, era simplesmente protege-la.
Mas essa desgraça aconteceu e que outra pessoa poderia entender seu sofrimento se não eu que sabia de tudo?
Aqui, comigo, na nossa casa, ela podia desabar e eu estaria ali para ampara-la. Eu disse e irei persistir dizendo, sua dor, seu desalento e angústia também eram meu. Se alguém me quisesse fudido e derrotado, era somente se atrever a feri-la e eu estaria no meu eu mais vulnerável. E estou literalmente assim.
A minha Maya era perfeita e se eu pudesse, juro por Deus, eu mudaria toda a sua história.
Ninguém tinha noção de como doía ver o meu anjo no seu pior tormento. Eu vislumbrava a quebra dos muros que eu estava a ensinando construí-los e de repente, desabava, destruindo todo um cuidado com qual foi sustentado.
Apreensivo por dentro e o coração despedaçado, tomei coragem e caminhei até ela, erguendo as pernas do moletom e me sentando no chão, a puxando para dentro do meu abraço, olhando pela vidraça e observando a manhã de céu tão linda, enquanto aqui dentro o meu mundo estava em caquinhos. Ela era o meu mundo.
— Eu não quero mais viver... Me mata, Gianluca... Por favor! acaba com isso que estou sentindo... Tá doendo tanto. _Desabou, se esperneando e rasgando-me o peito.
Seguro em sua nuca, mantendo seu rosto em meu peito. Ela passaria pela pior fase, a de negação e descrença.
— Não posso atender esse pedido...
— Eu não vou conseguir viver sabendo que meu pai... Gianluca, eu quero vomitar. _Soltei sua cabeça e ela segurou meu braço, apoiando-se e despejando tudo ao lado dos nossos corpos. — Aí... _Gemia e soluçava, voltando ao meu abraço, se encolhendo e tremendo muito.
Ninguém merecia passar por isso e ela não precisava suportar o peso desse caralho sozinha.
Ela só precisava sentir isso. Eu iria ficar do seu lado.
— Você tem todo o direito de sofrer pelo que aconteceu, o que fizeram com você, meu amor, foi asqueroso e desumano e sei que não será fácil superar, mas você tem a mim e eu sempre vou está aqui para te segurar forte quando fraquejar. _Suas lágrimas molhavam o meu corpo e as minhas os seus cabelos negros. A beijo na testa, acariciando seu quadril e a trazendo para mais perto.
Como eu podia falar que essa droga iria passar, sendo que não temos certeza de nada?
A maioria das pessoas usava essa merda como consolo, mas para a vítima nunca passa. Aconteceu, é um fato e lá se vai mais meses e meses de terapia.
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LUZ NO INFERNO (1)
ChickLitROMANCE DARK Maya foi vendida pelo próprio pai para um mafioso terrível e tem passado dias miseráveis. Os abusos que sofre diariamente parecem intermináveis. Sua vida é um verdadeiro inferno, mas poderá ela encontrar alguma luz? #Contémgatilhos #+1...