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Gianluca Rossi









O medo tem cheiro e eu senti de ambos quando me notaram. Vi a sensação desagradável desencadeada pela percepção do perigo que os dois sabiam que eu causava. Era inacreditável, inaceitável e imperdoável o que os dois faziam nas minhas costas. Meu sangue congelava nas veias, os ossos tremiam dentro da minha carne e a única vontade que me irradiava era mata-los da pior maneira.

Eu disse que estava pronto para quando meu passado viesse a tona. Aconteceu e me queima o caralho da alma.

Fui traído por quem noivei e estava disposto a construir um lar impenetrável de desgraças. Eu faria isso, eu juro e sou bom cumprindo promessas.

Fui traído por meu sangue, o meu maldito pai.

Fui traído por quem dizia morrer por mim, o filho da puta do meu Consiglieri, o Dante.

E agora fui traído por quem busquei curar e me curar das traições das pessoas para mudar a página. Ela era a única pessoa que realmente parecia merecer minha redenção. Ela tinha o gosto da cura. E nem era, essa infeliz.

Por que mesmo ser bom? Qual a finalidade e o sentido? Não há.

Otário fui eu que deixei transparecer meu verdadeiro e único eu para quem não merecia.

Os olhava mortalmente enquanto buscava me controlar ao segurar na pia do banheiro e enxergava a Maya arrumar os seios e o miserável mexer no zíper da calça propositalmente, com um risinho sacana na porra do canto dos lábios.

Ela demorou a aparecer porque dava uma rapidinha com esse desgraçado aqui dentro?

Então que caralho de papo foi esse de; "Você sabe o que me ocorreu, então não preciso dizer que terá que procurar outras mulheres."

Ela estava o tempo todo tripudiando da minha bondade para consigo?

Que mulherzinha víbora, dissimulada e cínica.

Não podendo mais me controlar, desprendo da pia e caminho, guardando as mãos no bolso e chegando até o miserável traidor. Por ser mais alto, o olhei friamente de cima. Ele sabe a íra que me despertou e me consome. Foi anos ao meu lado.

— Você não vai conseguir. _Admito furioso. — Seja o que for que acabou de fazer com ela. Você não vai conseguir.

— A gente não fez nada...

Viro-me odioso para a desgraçada miúda. Eu a amassaria com os pés.

— Fecha a boca, sua vagabunda. _Esbravejo e ela se distância, os olhos assombrados com o meu tom de voz severo, com minha expressão e áurea de um assassino que gritava para se libertar.

Ela deixa as lágrimas deslizar e me entrega as costas, saindo para fora e sendo surpreendida na porta pelos meus soldados.

Torno a encarar o merda.

— A única segurança que ela teve foi comigo. _Ele disse. — Você não assegura ninguém.

Sorrio, coço a têmpora e rapidamente agarro o seu pescoço, o forçando a bater na porta e entrar na cabine, caindo sentando na privada.

— Eu conheço o seu joguinho. _Apertei seu pescoço até sentir os ossos quase se deslocar, ainda com uma mão descansando no bolso. — Acabou pra você. A Maya é minha. _Gritei rudemente, possesso pela fúria.

Olhos esbugalhados e feições pavorosas, era assim que qualquer traidor se mostrava sob o meu domínio. Ele não tinha chances. Nenhum nunca teve.

Esse infeliz nunca poderia assumir um cargo tão alto e é por isso, que nesse momento o tomo dele.

O solto e cuspo em seu rosto, recuando para trás e saindo para fora. Encontrando uma Maya acuada e trêmula, agarro firmemente em seu braço fino, a puxando ferozmente para mais perto, não dando importância ao seu chiado medonho de reprovação.

— Vocês dois. Entre lá e corte o pau dele e o faça engolir. _Trovejo o pedido e meus soldados assente.

Extremamente fora de si, arrastei a desgraçada comigo e a joguei dentro do carro.

Ela iria me pagar também.

E eu sabia exatamente como.

***

Enlouquecido, empurrei a porta do meu quarto com o pé e a joguei contra o chão, virando-me e fechando a porta.

— O que vai fazer co.migo? _Vi o desespero entrecortar sua pergunta.

A ignoro completamente e sigo para o meu closet, enquanto retiro minha camisa e a atiro no chão.

Encontrando o perfume que a perturbava e eu estava disposto a suspender o uso por ela, o peguei e tornei ao quarto. A pior tortura para alguém não é a sanguinária.

É a psicológica.

Essa filha da puta iria lembrar de mim para sempre e agora sim, verá que pertence a mim. Eu tenho provas contundentes, ela assinou na linha pontilhada.

Eu não sou assim, mas eu tenho dois de mim.

Esse é o oculto que deseja quebra-la ao meio.

— Eu havia evitado olha-la com outros olhos. _Começo a falar, depois de horas em silêncio planejando algo para machuca-la profundamente. Chego próximo do seu corpo sentado no chão e me agacho, firmando a mão em seu maxilar. — Mas agora. Maya Petrov, você me provou ter o sangue do inimigo correndo nas veias. Você me mostrou que tenho que doma-la como um bom domador faz com uma fera antes de decretar a extinção da espécie. _Apertei seu queixo, ela chorava em desespero eterno. Como era agradável ser o causador de qualquer dano a alguém não digna de compaixão. — Diabo bondoso? _Sorrio, fascinado para que mais lágrimas escapassem dos seus olhos escuros. Eu ansiava para vê-la morrer de medo. — Quem disse que o diabo pode ser bom? Diabo e bondade não combina na mesma frase e eu vou te mostrar agora o porque.

A empurrei no chão, depositei o perfume do lado e imediatamente passei uma perna por cima dela, agarrando sobre o tecido que cobria seus seios e o partindo ao meio, enquanto ela se debruçava abaixo de mim e se desmanchava em lágrimas.

Minha raiva tamanha ficou interminável quando um celular escapou e caiu no chão.

Rapidamente o pego e a encaro.

— Você roubou da minha sobrinha? _Questionei ao reconhecer o aparelho.

Chorando e se cobrindo, ela balançou a cabeça veementemente.

— Eu juro... Juro que não.

Atiro o aparelho longe e caio com meu peso sobre ela.

— Seu juramento não vale de nada.

— Senhor...

— Vai implorar pra que eu coloque camisinha?

Ela parou de se debater e virou o rosto. Sabia que o Dante não tinha a cansado tanto.

É minha vez agora.

— A luz... Apague a luz.

Seja lá o que ela queira esconder, eu terei acesso igualmente a todos.

— Não. _Estendi o braço e peguei o perfume. — Você verá que tem LUZ NO INFERNO e que é o pior lugar que você escolheu está, porque foi escolha. Você tinha o melhor de mim e agiu pela minhas costas. Você se usou, Maya. Você se atirou do princípio quando grudou seus lábios carnudos no meu e assinou o maldito pedaço de papel.








CONTINUA...



Comecem a descer a lenha em todo o bando.

Principalmente no Gianluca. O mafioso.

LUZ NO INFERNO (1)Onde histórias criam vida. Descubra agora