Sentia uma dorzinha bem no peito ao ver ele arrumando as coisinhas dele para voltar para aquele presídio na puta que pariu.
Não queria que o Magrão fosse embora, porque querendo ou não, mesmo com apenas alguns dias juntos, eu já estava apegada demais a esse cara. Tinha se tornado um melhor amigo pra mim, ou até como um irmão!
Adorava o Magrão porque ele sabe bem como deixar uma pessoa alegre, mesmo que ela esteja em seus piores dias, e a melhor coisa é que por mais que esse homem seja do crime, que já tenha feito muito mal por aí, ele trata as pessoas com uma gentileza e um carinho enorme.
Isso dele me encanta de uma forma surreal.
Pelo tamanho do coração do André, nem parece que ele é bandido!
Rafaelly: Aí Magrão, que dor. - me sentei na beira da cama, aonde estava a pequena bolsa dele com suas coisas. - Como eu vou ficar sem você aqui, Zé bolacha?
Magrão: Ala pô, relaxa bacalhau. Dois anos passa rapidinho, e logo mais o pai tá solto pra ficar te atormentando. - bagunçou meus cabelos, e eu fiz uma careta.
Rafaelly: Vou ficar indo te visitar todo domingo em, André. Então por favor, não arranja confusão lá dentro, para não dar merda, e acabarem suspendendo as visitas, euem.
Ele balançou a cabeça, dando risada e fechou aquela bolsa, colocando a mesma no ombro. Me levantei fazendo um bico e sai dali do meu quarto com ele, indo para a sala, onde estava a minha mãe e o Neguinho conversando.
Magrão: Vai me levar lá, Latrell? - chamou o Neguinho por esse apelido, e eu comecei a rir, lembrando do filme em que assistimos ontem.
Nós três assistimos ontem o filme 'As branquelas', e o Magrão cismou falando que o Neguinho era a cópia do Latrell, em uma versão mais brasileira, e desde ser um jogador de basquete, era um bandido de São Paulo.
Eu ri tanto ouvindo ele comparar os dois, que quase fiz xixi nas calças naquela hora. Magrão, é simplesmente tudo!
Neguinho: Latrell...- negou com a cabeça, pegando a chave do carro. - Vou nem render esse assunto, ala.
Magrão deu risada e foi se despedir da minha mãe, também falando que logo mais estaria aqui pra ficar de cobaia das receitas de seus bolos.
Sai de casa com o Neguinho, e olhei pra ele de cima a baixo, dando risada logo em seguida. Sabia que ele não gostava quando eu fazia isso, e gostava de fazer só pra irritar mesmo.
Neguinho: Ih, nem começa com essa palhaçada, em porra. - deu um tapinha na minha testa.
Rafaelly: Eu estou de boa aqui, Wellington, ala. - dei risada, empurrando o ombro dele. - Aí, vai me levar pra comer lanche amanhã ainda?
Neguunho: Já tô vendo que quem vai comer, vai ser eu.
Tentei segurar a risada, mas não me aguentei. Comecei a rir alto, negando com a cabeça, e só ouvi a risada dele também.
Rafaelly: Primeiro eu como, e depois quem sabe você come. - falei assim que parei de rir, soltando um sorrisinho de lado.
Neguinho: Ih, nem vem parceria. Tu sabe muito bem aonde a gente vai parar no final da noite.
Senti o olhar dele queimando em cima de mim. Aquele olhar dele cheinho de malícia e safadeza, que o filho da puta sabe que mexe comigo.
Mordi meu lábio inferior, nem se quer olhando na direção dele, tentando ignorar aquele negão gostoso que estava em minha frente, me desejando apenas com um olhar maldoso.
O clima se quebrou assim que o Magrão apareceu ali entre a gente, pedindo para nós ir logo, porque não queria chegar lá atrasado, se não era b.o em cima dele.
Entrei no carro no banco de trás, e o Magrão foi na frente, do lado do passageiro, com o Neguinho no motorista.
Fomos o caminho inteiro até o presídio, combinando como seria as visitas lá dentro com ele. Seria todo domingo, com os portões abrindo as 7 horas da manhã, só que como lá vai bastante gente para entrar nesse dia, tinha que ir mais cedo para não pegar muita fila.
E eu já até sabia o que levar de comida pra ele nesse domingo... Bolacha! Tanto salgada, quanto doce. Maluco se amarra mesmo, que isso...!
Assim que o Wellington parou o carro na frente da cadeia, eu saí do mesmo já com um bico enorme. Olhei pra cara do Magrão, e ele deu risada, vindo me abraçar.
Rafaelly: Você fez eu me apegar a você de uma forma maluca, e agora tá indo ficar preso nessa merda de novo. - apertei ele no abraço.
Magrão: Pô bacalhau...- me olhou, me chamando por esse apelido doido que ele tinha me dado. Segundo ele, viu na internet um vídeo de um cara com um bacalhau na mão, chamado Rafaelly. Ala, vê se pode uma coisa dessas. - Vou sentir saudades de tu, pirralha.
Senti meu nariz ardendo, mas segurei até o último as minhas lágrimas. Dei um beijo em sua bochecha, fazendo carinho em sua nuca, e ele ficou me olhando por um tempo, com um sorrisinho no rosto.
Magrão: Você é foda, tá ligada né? Só quero que você siga o teu coração, sem medo do que os outros vão achar. - falou bem baixinho pra mim, logo levando o olhar até o Neguinho, que estava um pouco afasto da gente, falando ao telefone. - A opinião dos outros sobre a sua vida, não deve pesar tanto pra você, então... Só liga o foda se e seja feliz, ala.
Engoli em seco, logo soltando uma risada baixa.
Magrão pode até ser bobinho as vezes, mas burro, ele nunca vai ser!
Abracei ele outra vez, e depois ele foi se despedir do Neguinho, para finalmente entrar naquele presídio.
Fiquei apenas observando ele entrar por aqueles portões, e antes mesmo de sumir da minha vista, ele se virou, acenando pra mim, me mandando um beijo.
Ele iria fazer tanta falta lá na favela!
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Lance Proibido
RomanceA Razão nos contém dos nossos desejos proibidos... A vontade se cala, mas não se acaba... Hoje a emoção é amiga da Razão. Mas se a vontade falar mais alto e a emoção trair a razão... Amanhã vai sair na primeira edição, um crime de paixão...