PIETRO VITALE
Deixo a Emi em casa, e a vejo sair do carro com um semblante triste. Como pode, Andrew ser tão rude com a Emily por causa de uma gravidez que ela não é obrigada a ter? Decido ir para casa.
Quando chego em casa, vejo Andrew jogado no sofá. Ele nem sequer foi para o Cassino hoje. Andrew está fumando seu charuto como sempre e bebendo. Seu semblante já mostra seu estado de espírito.
Eu jogo meu molho de chaves na mesinha, suspiro passando a mão no rosto e me sento no sofá, olhando para ele.
— Acabei de deixar a Emily em casa. Como teve coragem? — Andrew bufa irritado e me olha.
— Não venha com sermões, por favor! Você diz isso porque está feliz, tem a mulher que ama, um filho a caminho. Uma família praticamente formada, e eu tenho o que? Essa mansão? Grana? O Cassino? Os negócios? Carros... e o que mais? — Andrew diz com a voz arrastada, ele já estava bêbado.
— Merda, cara! A Emi te ama, seu idiota! Você não pode força-la a ter um filho, como você a forçou conviver com você aqui nessa casa! — Andrew parece petrificado, mas seu olhar fica ainda mais obscuro. Vejo que ele se levanta furioso, é claro que eu faço o mesmo. Andrew jamais me intimidará.
— Você diz isso porque você nunca passou pelo que eu passei, Pietro! Você diz isso, porque você já tem um filho vindo da mulher que você ama! Você não precisou abrir mão de ser um fodido como eu, e se tornar o melhor que pudesse ser para a pessoa te aceitar e te amar! Você não precisou derrubar seus muros para se entregar a alguém, enquanto esse alguém não pode abrir mão de algo por você! Você é um completo bastardo perfeito, que nunca teve a alma fodida como a minha. — Olho para ele assustado sem entender sua fúria completa.
— Não me culpe por você ser esse homem egocêntrico, estúpido e grosseiro! — Andrew dá um passo a frente ficando cara a cara comigo. Nos encaramos por igual sem demonstrar qualquer sentimento de medo ou recuo.
— Você — Andrew aponta o dedo em meu peitoral encostando-o e me fazendo dar um pequeno salto pra trás. — Jamais diga isso novamente! — Dou um sorriso contrariado.
— Dói? Dói ouvir a verdade? Que você é tudo isso que eu disse? Nem mesmo a Emily pode te consertar por completo, apenas você pode fazer isso! Vê se encaixa isso na sua mente! — Andrew bufa passando a mão no cabelo e fecha os olhos cerrando os punhos. Eu sinto que estou o provocando, mas é essa minha intenção. Ele precisa externar o que está sentindo, antes que faça qualquer bobagem contra Emi.
— Vamos lá, Andrew! Diga alguma coisa! — Ele praticamente rosna partindo pra cima de mim, e então me desvio de seu soco e tento me defender desarmando seus ataques.
— Você que é um fodido, filho da puta! — Andrew diz com raiva e eu consigo o derrubar no chão. Mas Andrew é grande e forte, tanto quanto eu e consegue me socar.
Eu dou-lhe outro soco e continuamos a rolar na briga, rolando de um lado a outro, até cansarmos. Andrew finalmente sai de cima de mim, quase me dando um soco final. Mas ele soca o tapete soltando um som gutural e se levanta andando de um lado a outro freneticamente.
— Porra, Pietro! Você não sabe a merda que eu passei na minha vida! Você não pode exigir de mim que eu seja como você! Eu presenciei tudo de ruim na minha vida, enquanto você sempre foi protegido, principalmente por mim! — Ele diz ofegando e com raiva colocando a mão no peito, onde lhe acertei o último soco. E eu ofego, com os olhos semicerrados pousando a mão no queixo, onde foi o soco mais dolorido.
— O que está dizendo... como me protegeu? — Digo dando uma suspirada fazendo com que a respiração se normalize. Andrew dá um sorriso de escárnio e seus olhos marejam. Era a primeira vez em que via, Andrew fraquejar dessa forma.
— Não foi um assaltante que matou nosso pai. — Franzo o cenho tentando discernir o que me diz, e o encaro em silêncio aguardando sua conclusão. Andrew assopra e respira fundo.
— Foi a puta, maldita da nossa madrasta que o matou! Ela estava fodendo com o amante em cima da cama, quando papai pegou, não aguentou, matando assim o filho da puta e a vadia em cima da cama. E eu presenciei nosso pai tirar a própria vida! — Ele diz batendo no peito fortemente e trincando os dentes, caindo em um choro sentido. Olhei para ele exasperado. O que Andrew estava dizendo?
— Aquela puta colocou seu amante para me abusar sexualmente quando criança. Aquela puta me ameaçava de todas as formas se eu contasse, e quando consegui fazer nosso pai enxergar a maldita vadia que ela era, ele se matou de desgosto! — Sinto minhas pernas fraquejarem e me jogo no sofá chocado. Eu jamais imaginei que isso aconteceu.
Eu achava que Andrew era revoltado da vida, por coisa boba. Ciúme pelo nosso pai não nos dar a atenção que deveríamos ter. Sinto meus olhos arderem vendo Andrew chorar feito uma criança. Eu respiro fundo e sinto uma imensa vontade de abraça-lo.
Sim, por mais fodido que Andrew ficou, ele me protegeu para que esse mal não chegasse a mim e me sinto grato pelo que fez, apesar da dor agonizante que cresce em meu peito...
Eu levanto do sofá e caminho até a ele que se mantém de cabeça baixa, tentando engolir o choro e o abraço. Ele retribui e ficamos ali. Em pé e abraçados. Éramos só nos dois. Nós dois éramos nosso alicerce um do outro e agora tudo fazia mais sentido para mim.
Eu sempre fui feliz apesar do acontecido com meu pai, e Andrew, sempre sofreu calado...
Após passarmos longos minutos abraçados, dividindo nossas dores. Finalmente nos soltamos. Andrew enxuga as lágrimas e eu o olho sem saber o que falar. Faltava-me palavras naquele momento.
— Por favor Pietro, esqueça isso... Esse passado é terrível para mim. — Assinto em silêncio ainda um pouco chocado e decido mudar de assunto percebendo que seria melhor assim.
— E sobre a Emily? — Digo incerto com medo que possa machuca-lo ainda mais. Andrew suspira finalmente e responde:
— Acabou, Pietro. Eu a machuquei, e estou machucado. Eu só queria ama-la e formar nossa família, mas ela não quer. Entendo-a, nossos sonhos são diferentes. Ela quer uma coisa e eu outra. Não posso força-la, então que seja feliz sem mim. Como você mesmo disse, eu sou um estúpido grosseiro e não mereço a Emily... — Ele diz triste indo até a adega encher seu copo.
— Não diga isso, Andrew, agora entendo suas razões por ser assim. Se vocês conversarem e...
— Por favor, Pietro. Não diga mais nada. — Me calo, não quero mais mexer em suas feridas. Andrew parece vulnerável agora.
— E o casamento? O que pretende fazer com tudo que contratou?
— Sei lá, cancelar os contratos, doar as comidas para alguma instituição. Não sei o que fazer sinceramente. — Eu suspiro ainda sem saber como pedir, parecia que eu queria usurpar sua cerimônia. Andrew me olha parecendo entender meus pensamentos.— Tem alguma ideia do que eu possa fazer com tudo aquilo?
— Bem, a Emi me deu a ideia de... aproveitar as coisas da cerimônia e da festa para casar com a Jess... mas você pode não gostar então... — Ele suspira resignado.
— Tudo bem, Pietro. Não se importe com isso agora. Vá em frente. Seja feliz meu irmão. Pelo menos alguém dessa casa tem que ser feliz. — Ele diz com um sorriso triste e bebe o whisky.
— Bem sendo assim... — Digo ainda um pouco sem jeito.
— Faça isso. Por mim. — Dessa vez assinto dando-lhe um sorriso e ele se aproxima e me abraça batendo em minhas costas e eu retribuo.
— Meu caçula bom de porrada! — Novamente o clima entre a gente torna-se pacífico.
[...]
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A Prometida: Uma Proposta Irresistível - Completa
ChickLitEmily Foley, uma menina de 18 anos, bela, doce e dedicada aos estudos, mora em Santa Monica, em Los Angeles. Vivencia a turbulência familiar envolvida por seu pai e sua mãe. Seu pai, Jason Foley, um viciado nato em jogatina, perdeu tudo que tinha pa...