Capítulo 08

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Após o episódio humilhante na sala de jantar, Pietro tentou me tranquilizar ao máximo me servindo um chá, finalmente fomos até seu quarto que era um dos primeiros no corredor. Olhei todos os detalhes. Pietro colecionava quadros de belas artes. No canto do quarto havia um violão. Que legal! Pietro, tão diferente do irmão...

Pietro me sentou em uma poltrona, apanhou seu celular e me entregou. Liguei para minha mãe que terceira chamada atendeu. Quando ouvi sua voz, uma lágrima caiu dos meus olhos. Como eu estava sentindo falta dela, foi ontem que tudo aconteceu, mas parecia que já se passava uma eternidade. Finalmente respondi:

"Mãe!"

"Filha!! Onde você está meu amor? O que fizeram com você? Eu vou te buscar!" Suspirei tentando conter o choro e falei;

"Não se preocupe mamãe, eu estou bem... estou sendo bem cuidada! Não faça nada, por favor eu imploro! Assim que puder eu te ligo novamente, não posso demorar! Tenta ficar bem! Por favor!" Ouvi seu choro contido do outro lado da linha, minha vontade era gritar para ela aonde eu estava e que ela chamasse a polícia para acabar com isso, mas pensei no estrago que Andrew faria comigo, minha mãe e principalmente seu irmão. Respirei fundo segurando a vontade de mandar tudo pelos ares, e finalmente mamãe respondeu:

"Tudo bem minha filha, me ligue assim que puder, eu vou ficar louca se não souber como está você, não se esqueça que eu te amo! E seu pai, não pisa mais aqui, o que ele fez foi um absurdo!" Seu tom de voz era agressivo e ao mesmo tempo desesperado. Mamãe havia perdoado papai tantas vezes, mas dessa vez pra ela, ele passara dos limites.

Termino de me despedir da minha mãe e peço para ela não me ligar desse número, que sempre que der eu entro em contato, jamais entraria em detalhes dizendo detalhes, afinal, minha mãe poderia cometer uma loucura e se prejudicar.

Após terminar de falar com minha mãe, eu devolvo o telefone para Pietro, me sinto mais aliviada agora. Agradeci a Pietro lhe dando um abraço, ele retribuiu. Decidir voltar para o quarto, eu só queria dormir, dormir para passar esses dias horríveis que eu estava vivenciando.

— Obrigada Pietro! Não sabe o bem que me fez por isso! — Ele assentiu dando um pequeno sorriso.

— Não tem de que, Emi! Só tenta ficar bem, olha. Vou instalar uma televisão no seu quarto, assim você poderá passar as horas aqui. É horrível não ter o que fazer. — Assenti com tristeza, em outra ocasião, viver presa dentro de uma mansão, com uma televisão e assistindo séries, seria um luxo. Mas dentro dessa situação, nada era luxo, apenas tristeza e humilhação.

Finalmente sai do quarto de Pietro, e caminhei até o meu. Assim que entrei tomei um susto. Andrew estava dentro do meu quarto, segurando um vestido dourado longo de festa em suas mãos e um par de sandálias. Engoli seco com medo do que ele fosse capaz de fazer. Ele me lançou seu olhar escuro e se aproximou mansamente. Meu peito doía, meu coração queria sair pela boca.

— Quero que vista isso hoje, terá um evento no qual eu devo comparecer e você será minha acompanhante. — Ele usou seu tom autoritário, colocando o vestido e as sandálias em cima da cama. Coloquei a mão na frente do peito e o encarei erguendo meu queixo.

— Pois eu não vou a lugar nenhum com você! — Eu disse me virando, ligeiramente, senti Andrew apertar meu braço com força me fazendo ficar a poucos centímetros de distância de seu rosto, pude sentir sua respiração quente em minha boca.

— É melhor você me obedecer, sua petulantezinha, ou você nem imagina o que sou capaz! Vista essa porra dessa roupa, quero que esteja pronta as dez em ponto! Não me contrarie... — Pude ver seu rosto e olhos sombrios me encarando. Andrew era intimidador demais, e eu apenas assenti em silêncio, com medo. Só que por alguma razão, ele me soltou apenas me encarando em silêncio, com um semblante impassível. Andrew saiu do meu quarto batendo a porta e eu senti minha respiração voltar aos poucos.

Eu estava aliviada, Andrew dessa vez foi um pouco mais brando. Olhei para o vestido e a sandália, talvez se eu passasse a obedecer a suas ordens, entrando em seu jogo, Andrew começaria a perder a graça por mim e me deixaria finalmente em paz, buscando outro brinquedinho novo. Seria um enorme esforço, mas talvez pudesse valer a pena.

Caminhei até a cama olhando como o vestido era lindo. Me joguei no colchão e fechei os olhos. A única coisa que me consolava, era saber que minha mãe estava bem... Fiquei ali deitada e submersa em meus pensamentos, pensando no dia da minha liberdade... 

HORAS DEPOIS...

Como não tinha nada pra fazer, acabei dormindo mais uma vez, recuperando a saúde do meu rosto que antes estava um horror de tanto chorar. Olhei as horas na parede e percebi que já passava das oito. Eu tinha que me arrumar para esse tal evento que Andrew me levaria, contra a minha vontade, claro. Não seria de uma maneira diferente. Suspirei olhando para o vestido e a sandália, meu estômago roncou. Certo. Dava tempo de fazer uma boquinha... decidi descer a escada, indo para a sala de jantar. Apesar de saber que essa casa não me pertencia, eu não ia esperar para que me chamassem para comer.

Pietro, não me procurou mais, acredito que ele não esteja em casa. Suspirei prendendo o cabelo com uma pregadeira, a mesa de jantar estava vazia. Suspirei e fui até a cozinha, abrindo a geladeira como se fosse minha. Havia uma torta com uma aparência deliciosa. Olhei para os lados, como se estivesse tentando roubar algo e apanhei a torta, pegando um belo pedaço.

Após terminar de comer, finalmente decidi me arrumar. Já passava das 20:30, decidi tomar um banho rápido, sem molhar os cabelos. Após o banho fiz um baby-liss, uma make marcando a boca com um batom vermelho queimado e vesti o vestido, calcei as sandálias e coloquei os acessórios. Me encarei no espelho sem acreditar que aquela ali, era eu. Mas, espera. Pra que me arrumar tanto se eu não estou nem um pouco afim de ir a esse evento com o babaca do Andrew? Não tinha opção, ou eu ia passando vergonha, ou eu ia arrasando. Optei pela segunda opção.

Borrifei um pouco de perfume e quando dei por mim, faltava 10 minutos para as 10, eu estava pronta no horário certo. Decidi reunir a pouca coragem e vontade que eu possuía e resolver descer a escada segurando o corrimão com medo de cair com aqueles saltos enormes. 

A Prometida: Uma Proposta Irresistível - CompletaOnde histórias criam vida. Descubra agora