POV JOTA
Saio do hospital ainda com o peito apertado e marco o número da Filipa. No quarto toque a rapariga atende.
- Estou? - pelo tom de voz que está a usar sei bem que se está a fazer de desentendida.
- Sem gracinhas, Filipa. Está feito. - proferi sucinto.
- Muito bem, Jota. Fizeste o que está certo. - dá um riso - Encontrámo-nos em casa.
- Em casa? - pergunto confuso.
- Sim. O apartamento que tu alugaste. Espero que não tenhas tido a triste ideia de manter a Sofia lá, porque se assim for, vamos ter problemas.
- A Sofia não quis ficar lá e mesmo que quisesse Filipa, tinha o direito dela. No contrato está o nome de nós dois. - antes que ela responda eu continuo a falar - E eu não vou permitir que pises aquela casa. Portanto, se quiseres, eu alugo outro apartamento. Mas naquele não ficas. - finco o meu ponto de vista.
- Muito bem. Tens, no máximo, três dias para arranjares outro para nós dois.
Dito isto, a mesma dealiga-me o telemóvel na cara nem me deixando responder.
- Deve pensar que uma casa se arranja em três dias. - falo para mim.
Continuo o meu caminho para o carro e sigo para a agência mobiliária que anteriormente nos alugou o apartamento.
POV SOFIA
Mal a porta é fechada pelo meu ex-namorado o chora torna-se mais intenso. O sentimento de insuficiência apodera-se de mim e rasga-me por dentro.
Quando a minha mão se pousa, involuntariamente, na minha barriga uma grande tristeza se apodera de mim.- Sofia... - pronúncia a Maria agarrada à porta.
Assim que levanto a cabeça e a mesma vê o meu estado apressasse a correr até mim e abraça-me apertado.
- Tem calma Sofia, por favor. - sussurra - Pensa no bebé. Não podes ter emoções fortes.
- Ele deixou-me Maria. - olho-a nos olhos - O teu irmão deixou-me por ela.
A rapariga olha-me com pena e afasta-me o cabelo da cara.
- Eu sei que te está a doer muito querida. - fecho os olhos - O meu irmão não te podia ter feito uma coisa destas, mas nós vamos estar aqui para ti. Sempre.
Sinto uma mão nas minhas costas e logo reconheço a voz da pessoa.
- Nós não te vamos deixar Sofia. - os olhos azuis do Guga olham-me com carinho - O Jota fez o que achou que era melhor para ele. Eu sei que as coisas agora estão muito quentes, mas tu um dia vais perceber os motivos dele.
- Motivos Guga? Mas quais motivos? - começo a exaltar-me com o rapaz - Tudo o que eu fiz nestes últimos meses foi sempre pensar nele. Eu fiz tudo por ele, não percebes isso? Eu perdoei-o quando ele não tinha perdão possível. Eu estive ao lado dele quando ele precisou. Eu larguei tudo por ele e no fim acabei trocada pela Filipa e grávida. - pauso - Ele deixou-me dois dias depois de saber a tão desejada gravidez. - grito a última parte.
