Tomo um duche rápido e visto-me. Opto por uma camisa branca, umas calções pretos com meia preta, umas botas e um casaco igualmente preto. Seco o cabelo e ondulo um pouco as pontas.
Saio da casa de banho enquanto ponho o relógio e aviso o Jota que vou ao quarto dos meus pais.- Jota? - pergunto estalando os dedos à frente dele.
O rapaz encontrava-se colado a olhar para mim o que me deixou a sorrir interiormente.
- Ahn? Desculpa, diz. - disse recompondo-se.
- Estava a dizer que vou ao quarto dos meus pais falar com eles. Estavas distraído. - provoco-o.
Ele cora e mexe no cabelo.
- Estás mesmo linda. - ele diz olhando de cima a baixo.
- Obrigada. - coro também.
Levantamo-nos e dirigi-me ao quarto dos meus pais enquanto que o Jota se dirigiu já para o carro.
Depois de falar com eles segui para onde o Jota tinha deixado o carro, mas paro quando o ouço a falar ao telemóvel.- Eu estou farto Filipa, eu não aguento mais isto. - ele dizia quase desesperado.
O mesmo faz uma pausa enquanto fecha os olhos e aperta a cana do nariz, mas logo depois volta a falar.
- Tu sabes que eu sempre te amei, sempre fiz tudo por ti e tu sempre me cagaste na cabeça. - pausa e continua - Eu nunca te trai e tu com quantos já me traiste? Eu sei das coisas Filipa, não sou tão burro assim. Só tenho pena de ter gasto tanto tempo da minha vida por uma pessoa que não vale nada. Para mim acabou, segue a tua vida e eu sigo a minha. Mas de uma coisa podes ter a certeza: nunca nenhum homem te vai amar como eu amei e amo.
Ouvir aquilo foi uma facada no peito. Como é que ele é capaz de amar uma pessoa que lhe faz tanto mal? Eu pensava que ele talvez andasse com ela por andar, mas pelos vistos enganei-me. De repente deixa tudo de fazer sentido e quando viro as costas ouço a sua voz.
- Sofia? Estás aí há muito tempo? - pergunta.
- Há dois minutos nem isso. - dou de ombros.
- Ouviste a minha conversa com a Filipa não foi? - eu assinto - Desculpa, não queria nada que ouvisses e muito menos que o nosso almoço saísse arruinado por causa disto.
- Sim claro. Mas está tudo bem entre vocês? - decido arriscar e peguntar.
- Não. - entramos no carro e metemos o cinto. - O meu palpite é que tu tenhas ouvido a conversa, por isso deves fazer a mínima ideia do que falo, certo?
Assinto e ele continua.
- Eu amo muito a Filipa, mas sei que ela nunca gostou de mim. - ele dá de ombros.
- Se ela nunca gostou de ti porque é que continuas com ela? - as palavras saem da minha boca sem eu dar conta
Por segundos o moreno olha para mim com um olhar cheio de magooa e eu sinto o meu coração a partir-se por vê-lo assim.
- Tinha a ilusão de que talvez ela com o tempo fosse gostar de mim. - ele sorri fraco - Mas essa ilusão acabou quando eu a via sistematicamente a trair-me com todos os rapazes que lhe apareciam à frente.
Quando o mesmo acaba de falar passa a mão pelo e limpa uma lágrima que lhe caiu. Passo a minha mão pelo seu braço descoberto.
- Desculpa, se eu sabia que ias ficar assim não tinha perguntado nada. - lamento-me arrependida.
- Não te preocupes. - ele tranquiliza-me - Posso ser o mais sincero possível?
Assinto.
- Quando estou contigo não me lembro nem da Filipa, nem de todos estes problemas. Só me acontece isto contigo e com a minha irmã. - ele admite envergonhado. - Fazes-me bem.
Sinto o meu coração a parar naquele momento. Nunca ninguém me tinha dito uma coisas destas e agora ouvi-lo da boca do rapaz foi a melhor coisa que me podia acontecer.
- Fico feliz por saber isso João Pedro. - brinco e ele sorri enquanto revira os olhos - E para que conste quando estou contigo também me esqueço dos meus problemas.
Ele olha para mim surpreendido.
- Queres me contar? Podes falar comigo. - disponibiliza-se imediatamente.
- Um dia conto-te. - pisco-lhe o olho.
Reparo que chegamos ao restaurante e sinto-me a derreter quando vejo que o sítio escolhido é um restaurante à beira mar. O meu sítio preferido, embora ele não saiba.
- Porquê este sítio? - pergunto olhando-o diretamente nos olhos.
- O meu sítio preferido é a praia e algo me disso que ias gostar também. - ele olha para mim sorrindo.
- É o meu sítio preferido. - continuo a olha-lo nos olhos.
- Ainda bem que acertei então. - ele faz um carinho na minha cara - Já temos uma coisa em comum.
Gargalho e o moreno junta-se a mim.
- Uma de muitas espero. - sussurro só para mim.
- Disseste alguma coisa? - questionou
- Disse que era melhor irmos entrando. - disse disfarçando.
- Primeiras as senhoras. - ele diz rindo abrindo a porta do restaurante.
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