Capítulo 48

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POV JOTA

Uma semana se passou desde o jantar em casa dos meus pais. A minha irmã e o Guga assumiram a relação perante toda a gente e todos reagiram da melhor forma, incluindo os meus pais.

Contudo nem tudo permanece igual. Nos últimos dois dias sinto a minha namorada muito estranha comigo. Muitas vezes estou a falar para ela e a mesma nem me ouve. Por variadas vezes já lhe perguntei o que é que se passava, mas a resposta é sempre a mesma: não se passa nada.

Já pensei que talvez tivesse sido eu que tivesse feito alguma coisa que a magooasse, mas por muito que puxe pela cabeça não encontro um motivo dela estar assim.

Ontem à noite desabafei com o Guga e o mesmo deu-me a ideia de levá-la a um fim de semana ao norte, uma vez que poderia ser saudades da sua familia e eu aproveitei o facto de não haver jogos este fim de semana para a levar lá.

Estávamos os dois a fazer as malas para depois seguirmos viagem.

- Tens tudo? - pergunto à minha namorada.

Ela olha para mim e confirma lentamente com a cabeça.

- Sim tenho. - responde curta.

A rapariga passa por mim e desce para o carro. Suspiro alto e levo as mãos à cabeça. Esta situação está-me a deixar fora de mim. Eu sinto que ela tem alguma coisa para me dizer e não o faz.

Sigo a minha namorada e entro no carro ligando o mesmo.
A viagem até casa dos pais da Sofia foi rápida e poucas palavras foram trocadas entre nós.

Estaciono o carro e depois de pegarmos as malas seguimos em direção a cada dos pais da minha namorada.

O dia valeu muito a pena uma vez que vi a minha namorada sorrir e brincar com toda a gente. Mas isso fez-me pensar. Talvez ela estar em Lisboa não seja a melhor opção para ela. Eu sei o que é estar longe da nossa família, passei por isso praticamente toda a minha vida. No fundo acabo por me sentir culpado pelo estado da minha namorada. Eu só quero fazê-la feliz e se para isso ela tiver que voltar para o norte eu vou ser o primeiro a apoiá-la.

Saio da cama e levanto-me caminhando em direção à sala. Sento-me no sofá e inevitavelmente as lágrimas caem.

- Então tudo bem querido? - a mãe da Sofia aparece na sala.

Assusto-me ao ouvir a sua voz e rapidamente limpo as lágrimas.

- Sim, está tudo bem. - disfarço.

Sinto o sofá a afundar-se ao meu lado e logo vejo a senhora lá sentada.

- Eu reparei que estavas a chorar. - mete a mão no meu ombro como forma de apoio - E reparei também que vocês não estavam muito bem.

- Se quer que lhe seja sincero eu não sei o que se passa com a Sofia. Até há uns dias atrás estava tudo bem e ela mudou drasticamente da noite para o dia. Já não fala para mim, mal olha para mim aliás. Eu já pensei se foi alguma coisa que eu fiz, mas por muito que puxe pela cabeça não me lembro de nada. - as lágrimas voltam a cair - Decidi trazê-la aqui porque pensei que poderiam ser saudades e mal chegamos ela voltou a ser o que era. Voltou a rir, voltou a brincar. Talvez seja o facto dela estar em Lisboa que a faz agir assim. Eu sei que ela ficou lá muito por minha causa e  eu sinto-me o culpado. Culpado por destruir a felicidade da mulher que eu mais amo no mundo.

A Ana olha para mim talvez surpreendida pelas minhas palavras. Ou então pelo meu estado que chorava desalmadamente.

- A Sofia sempre foi decidida e eu, como mãe, penso que não será por esse motivo que ela esteja assim. Eu nunca vi a minha filha tão feliz. - dou um meio sorriso - Ela liga-me a dizer que se sentia uma sortuda por estar ao teu lado. Acho que talvez seja outra coisa.

Fixo o meu olhar no chão.

- Eu já dei voltas e mais voltas e não encontro outro motivo para isto.

A mulher ao meu lado levanta-se  e pára à minha frente.

- Fala com ela. Mas de uma coisa não duvides, ela ama-te e é muito feliz ao teu lado.

Com esta frase a mãe da minha namorada abandona a divisão deixando-me sozinho com os meus pensamentos.
Acabo por adormecer perdido nos meio de lágrimas e devaneios.

- Jota? - ouço a voz da Sofia - Jota?

Abro os olhos lentamente e reparo na Sofia vestida com o seu pijama sentada no chão do sofá ao meu lado.

- Bom dia. - digo.

Já nem vou tentar lhe dar um beijo de bons dias, visto que ela anda tão afastada.

- Dormiste aqui? - assinto - Porquê? Não quiseste dormir comigo?

Noto a voz dela magoada.

- Não conseguia dormir ontem, vim para aqui pensar e acabei por adormecer.

- Pensar sobre o quê? - pergunta séria.

A conversa de hoje não passa. Nós não podemos continuar assim, não quero continuar a ser o motivo de tristeza da minha namorada.

- Podemo-nos vestir e sair para podermos falar mais à vontade?

Ela faz uma cara confusa e assente. Levanto-me passando por ela, mas a mesma agarra o meu braço depositando um beijo na minha bochecha. O meu coração acelera com a sua atitude, mas eu prossigo o meu caminho sentindo a rapariga atrás de mim.

Visto uma roupa simples e saio do quarto esperando que a Sofia se vista. Assim que ela sai do quarto seguimos os dois para o carro e ela dá-me as indicações para chegar a um parque ela gosta. Páro numa cafetaria e compro o nosso pequeno almoço.

Encontrámos um banco e sentamo-nos lá comendo sempre em silêncio.

- O que é que se passa Jota? - fala pela primeira vez.

Suspiro e ganho coragem para falar.
Vai ser a pior conversa que eu já tive na minha vida.

NOTA:
Olá aqui está mais um capítulo da nossa história.

Porque é que acham que a Sofia está assim? Algum palpite?

E qual será o rumo desta conversa?

Obrigada pelo apoio!!

Até ao próximo capítulo!! ❣

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