POV SOFIA
Um choque é sentido por todo o meu corpo e eu forço-me a abrir os olhos. Ainda com a visão turva consigo ver que se encontravam algumas pessoas dentro de um quarto.
Levanto o braço para tentar chamar à atenção das pessoas, mas uma dor aguda se faz sentir, levando-me a dar um gemido de dor.
Rapidamente, as pessoas presentes naquele quarto se aproximam de mim.- Guga vai chamar o médico, rápido. - ouço a voz de uma rapariga a dizer.
Aos poucos a minha visão vai ficando menos turvada permitindo-me ver com toda a clareza.
Várias pessoas estavam à volta da cama. Uma rapariga que deveria ter mais ou menos a minha idade e dois casais.
- Quem são vocês? - pergunto confusa.
Observo a cara de choque de todos os presentes.
Assim que direciono o olhar por todos os presentes uma forte dor de cabeça, apodera-se de mim.
- Sofia, tenha calma. - ouço a voz do médico - O que é que está a sentir?
- Dói-me a cabeça, doutor. - aperto a mão do mesmo.
Ele assente com a cabeça e desliga uma máquina ao meu lado. Calmamente o homem retira-me a máscara de oxigénio e coloca uma toalha na minha testa.
- Ouça com muita atenção. - diz baixo - É normal esta reação. A menina esteve em coma durante algum tempo. A sua consciência está a retornar a si, por isso esta dor de cabeça.
O médico pára de falar durante uns minutos.
- Feche os olhos, Sofia e mantenha-se calma.
Faço o que o médico mandou e a minha dor acaba por se dissipar aos poucos. Como um flash, todas as memórias me vêm à cabeça, até ao momento do acidente.
Volto a abrir os olhos e olho à volta vendo a sala desta vez vazia.
- Eu pedi aos seus familiares que saíssem. - concordo com a cabeça - A menina esteve em como durante dois dias. Lembra-se do que se passou?
- Sim. - digo ainda com a voz muito fraca - Eu lembro-me de tudo, doutor. Lembro-me que fui deixar o Kiko a casa dos pais do meu namorado e depois ia almoçar com a irmã dele a uma esplanada. Foi no caminho que dois carros fizeram com que eu capotasse.
- Isso é ótimo. - diz-me com um sorriso no rosto - Posso mandar entrar a sua família? Devo dizer-lhe desde já que eles estão assustados com a possibilidade da Sofia não os conhecer. Peço que se mantenha calma e serena.
- Não se preocupe. - ofereço-lhe um sorriso.
O médico abandona a sala com um sorriso no rosto e pouco tempo depois, a porta abre-se. Os meus pais são os primeiros a entrar, seguidos pelo meu irmão. Os pais do Jota entram de seguida, acompanhados pelo Guga e pela Maria.
- Então filha? - a minha mãe aproxima-se da cama com uma voz chorosa - Fiquei com tanto medo que não nos conhecesses.
Solto um sorriso e alcanço a mão dela.
