POV SOFIA
Arrumo o último copo no armário e dou um suspiro de satisfação. Arrumo o lixo todo colocando-o num saco grande e fecho a porta da divisão.
Dirigo-me para a sala e observo o meu namorado sentado na ponta do sofá enquanto olha a sua estante de troféus perdido em pensamentos.
Sem ele dar conta chego-me perto dele e sento-me ao seu lado.
- Queres me contar em que tanto pensas? - passo a minha mão pelo seu pescoço num carinho suave.
Os seus olhos encontram os meus e o rapaz suspira. Como incentivo, entrelaço a minha mão desocupada com a dele.
- Tendo em conta a tua evolução como jogador e o número de troféus que vais ganhar, não me admirava nada que tenhamos que comprar mais um estante para que eles caibam todos. - tento brincar para que o ambiente fique menos pesado.
- Estava a pensar em nós, Sofia. - finalmente responde à minha pergunta.
Olho para ele confusa e ele retoma o seu discurso.
- Tu sabes que eu quero muito começar uma família contigo, não sabes? - confirmo com a cabeça - Mas eu tenho medo, amor.
- Medo de quê? - agarro a sua cara com as minhas mãos.
- Eu não quero que tu ou os nossos filhos sejam obrigados a mudar de país sempre que eu tenha que mudar de clube. - os seus olhos castanhos encontram os meus - Eu quero oferecer-vos uma vida estável num país que vocês se sintam confortáveis. Eu sinto que tu talvez te possas vir a cansar desta vida. Não por ti, mas talvez pelos nossos filhos. Eu não quero que eles tenham que aprender uma nova língua ou habituar-se a uma nova tradição por causa da minha profissão.
- Jota... - começo por dizer - No momento em que eu aceitei fazer parte da tua vida, eu sabia exatamente aquilo que a tua profissão exigia. Sabia perfeitamente que hoje posso estar aqui, mas amanhã posso estar num país completamente diferente. Isso não me faz confusão. Nem vai fazer aos nossos filhos. - faço-lhe um miminho - Eu garanto-te que eles vão ter muito orgulho em ti. E o mais importante de tudo é que eu vou estar sempre do teu lado. Seja aqui ou na China.
O moreno dá um pequeno sorriso e puxa-me para o seu colo.
- Eu não sei o que faria sem ti. - deixa leves beijos no meu pescoço - Tu és e sempre serás o meu porto seguro Sofia.
- E tu o meu, amor. - falo baixinho apenas para ele.
Aproximo a minha cara da sua e deixo um beijo na sua testa. Desço os meus lábios e o meu namorado não perde tempo em me beijar de uma forma apaixonada.
- Deixa de tomar a pílula. - pede-me - Deixas?
- Sim. - abraço-o contra mim sentindo o seu sorriso no meu peito.
- Está tudo arrumado na cozinha? - confirmo - Então porquê que não vais andando para o quarto e tomas um banho? Ligas o computador, escolhes um filme para nós vermos e eu vou buscar o nosso jantar, pode ser?
- Não tragas nada muito pesado, visto que amanhã tens jogo logo de manhã cedo. - aconselhei.
- Está bem.
