"Eu sou a Filipa, namorada do Jota". Esta frase repetia-se vezes sem conta na minha cabeça.
- Igualmente. - forço um sorriso e sento-me ao lado do Rúben que me olhava atentamente.
- O que é que ela está aqui a fazer Jota? Não me lembro de alguém a ter convidado. - perguntou a Maria com cara de poucos amigos.
- Maria por favor, não começem! - pediu o Jota.
- Sim Maria, pensei que já tinhamos passado esta fase. Sabes que eu amo o teu irmão. - proferiu com um sorriso cínico no rosto.
Maria revirou os olhos e sentou-se ao nosso lado, ignorando completamente o seu irmão.
Conversávamos por um bom tempo até que eu sinto vontade de sair daquele ambiente. Na verdade estava-me a incomodar ver o Jota e a Filipa juntos e eu nem sei bem o porquê.
Encontrava-me agora na varanda do apartamento dos jovens jogadores quando sinto uma presença atrás de mim. Rezo para que não seja quem eu penso, mas logo depois o cheiro inconfundível do seu perfume denuncia-o.- Estás a sentir-te bem? - perguntou ele enquanto se sentava no puff ao meu lado.
- Claro que sim, porque não estaria? - respondo sempre sem lhe dirigir o olhar.
- Ficaste estranha de repente.. - ele coloca a mão no meu queixo e vira-me para ele - É por causa da Filipa? Ouve eu...
Retiro-lhe a mão do meu queixo e levanto-me.
- Não tens que me dar justificações não me deves nada e além disso não te sou nada.
Preparava-me para sair daquele espaço, mas sou impedida pelo moreno que agarra o meu pulso virando-me para ele. Este examinou todo o meu rosto antes de continuar.
- Eu não tenho nada..
Mas é interrompido por uma voz que chama por ele.
- Jota? Amor? - grita a Filipa.
Sorrio fraco e olha para ele.
- Vai lá ter com ela.
Olho uma última vez para ele e puxo o meu braço dirigindo-me para a sala. Pouco tempo depois eles chegam à sala. A Maria lança-me um sorriso de apoio e eu pisco-lhe um olho, tranquilazando-a.
- Queres ir dar uma volta? - pergunta-me o Rúben.
Olho para ele e o mesmo ostenta um sorriso timído no rosto. Sorrio para ele.
- Claro! Vou chamar a Maria.
- Não, não.. Quer dizer, eu queria ir só contigo. - ele esfrega as mãos nas calças em sinal de nervosismo.
- Ah, vamos então!
Levantomo-nos e enquanto nos dirigiamos à saída ouvimos bocas de todoa eles o que nos fez rir bastante.
Descemos e entrámos no carro do Rúben.- Então? Onde é que me vais levar? - pergunto virando-me para ele.
- Surpresa! - ele diz desviando a atenção da estrada para sorrir para mim.
Tento falar, mas sou interrompida pela voz do moreno.
- Nem tentes, não te vou dizer nada! - ele profere abanando a cabeça enquanto gargalhava.
Eu acabo por me rir também e encosto a cabeça ao vidro.
Durante toda a viagem falámos sobre coisas que tínhamos em comum e que pensando bem até eram bastantes.
Só percebo que chegámos quando o rapaz pára o carro e sai do mesmo. Faço o mesmo que ele e quando olho em frente um grande sorriso apareçe na minha cara.- Então? Gostaste? - ele pergunta-me sorrindo da maneira mais genuína possível.
- Se gostei Rúben? Eu adorei! - disse olhando para ele sorrindo.
- Ainda bem. - ele diz - Devo confessar que não te ia trazer aqui, mas assim que me disseste que a praia era um dos teus sítios preferidos, não tinha como não vir.
- Foste muito querido. - disse-lhe eu. Ele sorri e cora um pouco claramente evergonhado.
- Eu sei, eu sei. - responde ele fazendo um ar superior, mas desfazendo-se em risos logo de seguida.
- Parvo! - eu bato-lhe levemente no braço.
- Podemos ficar aqui até ao pôr do sol que me dizes? - ele questiona-me.
- Acho uma ótima ideia Rúben. - eu sorrio e entrelaçamos os nossos braços em direção à areia.
Sentámo-nos lado a lado e falámos sobre o seu percurso até chegar ao Benfica.
Já era de madrugada quando o frio se fez sentir. Afago os meus braços numa tentativa de me aquecer, mas sem sucesso. O Rúben ao notar que eu estava com frio rapidamente tirou o seu casaco e entregou-me.- Não, vais ficar com frio tu. - eu disse-lhe.
- Eu não fico, não te preocupes. - ele tranquilizou-me e colocou o seu casaco nos meus ombros.
- Sendo assim, obrigada! - agradeço enquanto me chego mais para a beira dele.
Durante algum tempo sinto o Rúben inquieto com alguma coisa. Ele olha para mim com o intuito de perguntar alguma coisa, mas desiste logo em seguida.
- Queres me perguntar alguma coisa? - pergunto apoiando a cabeça no seu ombro direito - Podes fazê-lo, estás à vontade!
- Tenho medo de me intrometer em assuntos que não são meus. - ele diz atrapalhado coçando a nuca.
- Pergunta. - eu encorajo-o.
- Ficaste incomodada com o facto do Jota namorar com a Filipa? - ele pergunta e solta um suspiro no fim.
Essa é uma boa pergunta. Se eu fiquei incomodada? Realmente adorava saber.. A realidade é que só o conheci hoje, mas senti uma atração enorme por ele, não posso negar. De certa forma incomodou-me um pouco.
- Notou-se muito? - eu pergunto levantado a cabeça do seu ombro de forma a encará-lo.
Ele sorri fraco e responde:
- Um pouco! Sentes alguma coisa por ele?
- Não. - apresso-me a responder - Eu só o conheci hoje, não posso negar que senti uma atração por ele no entanto não passou disso e dificilmente irá passar.
- Porque dizes isso? - ele olha-me curiosamente.
- Longa história. - eu dou de ombros.
- Temos tempo! - ele diz voltando a olhar para o horizonte.
