POV JOTA
A porta é fechada com um estrondo e eu logo percebo que a Sofia se foi embora.
Completamente cego de raiva dou um murro na mesa que rapidamente se parte. Ignoro a minha mão toda cortada e vou atrás da minha miúda.
Corro um pouco na tentativa de a encontrar e assim que o faço vejo a rapariga a entrar no carro do Miguel.
- Eu só faço merda. - murmuro para mim mesmo. - Só espero que aquele otário não lhe faça a cabeça contra mim.
Desisto de ir atrás dela e pego no meu carro conduzindo para casa. Qualquer das maneiras estamos os dois nervosos e de cabeça quente só íamos dizer barbaridades um ao outro.
Estaciono o carro na garagem e entro em casa. A minha mãe encontrava-se no sofá e faz uma cara confusa assim que me vê.
- Tu não ias dormir em casa da avó com a Sofia?
- Ia, mas eu só faço merda e estraguei tudo.
A minha progenitora rapidamente se levanta e caminha em direção a mim.
- O que é que se passou Jota? - perguntou já perto de mim - E a tua mão? Olha para isto.
- A mão não é importante agora mãe. - resmungo enquanto ela me puxa em direção à casa de banho.
- Eu vou te fazer um curativo e a seguir vais-me contar o que se passou.
Sentei-me no tampo da sanita e a minha mãe tratou de me fazer o curativo.
- Já me podes contar o que se passou? - questiona assim que já nos encontramos no meu quarto.
- O que se passou é que eu discuti com a Sofia e disse-lhe coisas que eu não queria ter dito, mas que no momento foi o que me saiu. - começo a ficar nervoso.
- Explica-me isso direitinho vá. - pediu-me.
Resumo o sucedido, ocultando obviamente a parte de viver juntos.
- Oh filho, porquê que tens que ser tão teimoso? - dá-me um olhar reprovador.
- Não sei mãe. - deito a minha cabeça no seu ombro - Eu só sei que estou farto de ser assim, mas parece que há uma barreira que me impede de lhe contar as coisas. Eu tentei, juro que sim...
- Calma filho. - acalma-me.
-Eu sinto que se continuar a isso vou acabar por perdê-la. - admito num sussurro cheio de dor.
Não vais não Jota. - a minha progenitora agarra a minha cara por entre as suas mãos - Não te deixes ir abaixo outra vez. Vocês vão-se resolver, eu tenho a certeza disso.
- Gostava de ter a tua confiança mãe. - sorrio amargamente.
- Vou para o meu quarto. - despeço-me dela com um beijo na testa e digo para o cómodo.
Tomo um duche rápido e visto apenas uns calções. Deito-me na cama e encaro o teto branco.
Nós estávamos tão bem e eu tinha que estragar tudo mais uma vez. Voltei a pedi-la em namoro, ela aceitou vir viver comigo, fizemos amor e no fim discutimos porque eu não sei medir as palavras quando estou nervoso.
Obviamente que eu quero partilhar tudo da minha vida com ela, só que há certas inseguranças que eu tenho que não me permitem avançar. Eu não desabafo com as pessoas, porque sei que a partir do momento em que as palavras saem da minha boca vão ser uma fraqueza minha. E eu detesto que as pessoas saibam das minhas fraquezas. Eu tento sempre parecer forte em frente às pessoas que gosto, porque é o meu dever protegê-las.
Escuto alguém a bater à porta do quarto e poucos segundos depois a mesma é aberta. O Guga entra no quarto e pela sua expressão já percebi que ele sabe o que se passa.
- Estás bem? - quebra o silêncio.
- Dentro dos possíveis. - encaro a parade em branco à minha frente - A Sofia já chegou a casa?
- Já e... - o meu amigo hesita um pouco - E ela estava de rastos, Jota.
- O meu dever é cuidar dela, mas eu sinto que estou a falhar miseravelmente na minha tarefa.
- Não digas isso Jota. - apoia-me - Tu cuidas dela melhor que ninguém, não duvides disso.
- Eu já não sei de nada. - sento-me na cama e encaro o rapaz.
- Mas sei eu. - diz - Uma relação não é um mar de rosas Jota. Cabe-vos a vós enquanto casal superar estes obstáculos em conjunto.
Rio-me ironicamente depois do discurso proferido pelo loiro.
- O motivo da discussão foi mesmo esse. - obtenho um olhar repleto de confusão por parte do rapaz e decido continuar - Discutimos porque ela ouviu a notícia da transferência do Diogo e notou que eu estava trsite. Perguntou porque é que eu não lhe contava as coisas e eu fui bruto e respondi que os meus problemas eram meus e não dela.
- Tu pensa mesmo isso? - pergunta retóricamente - Um casal divide tudo Jota, por isso é que é um casal. Tens uma rapariga incrível ao teu lado e que faz qualquer coisa por ti. Ela já te deu provas suficientes que é completamente o oposto da Filipa e que apenas quer o teu bem. - o meu amigo chama-me à razão.
- Eu sei e tens razão naquilo que dizes, só que é complicado para mim lidar com certas coisas.
- Então recomendo que comeces a aprender a lidar com elas, porque estas discussões vão acabar por desgastar a vossa relação.
- A última coisa que eu quero é perdê-la. Ela é tudo para mim. - confesso.
- Então luta Jota! - incentiva-me - Eu sei bem que tu fazes qualquer coisa por aquela miúda, não é? - assinto - Ultrapassa os teus medos! Luta contra isso por ti e por ela também.
- Eu vou fazer isso. - sorrio para o meu amigo - O que mais me chateou nisto tudo foi que o Miguel lhe deu boleia para casa.
- O nosso massagista? - assinto.
- Ele está interessado nela Guga e aposto que se aproveitou da nossa discussão para lhe virar a cabeça contra mim. - conto com raiva.
- Não penses assim. - cortou o meu discurso - Dá para ver de longe que ela gosta de ti e a Sofia tem cabeça própria para ser influenciada. Tens uma mulher de garra ao teu lado, não te esqueças disso parceiro. - sorrio com o seu comentário.
- Achas que ela ainda aceita falar comigo hoje? - pergunto inseguro.
- Acho melhor não. Ainda estão de cabeça quente e precisam de espaço para pensar. Recomendaria amanhã.
- Sim, tens razão. Hoje não vale a pena bater mais no ceguinho. Amanhã eu vou falar com ela e ver se ela me desculpa. - falo - Mais uma vez. - concluo e provoco risadas no meu amigo.
- Uma decisão acertada. - brinca comigo.
- Se ela ainda estiver acordada diz-lhe que eu a amo muito e que eu não vou desistir dela. - faço uma pausa - Nunca, mesmo que ela o faça. - finalizo.
NOTA:
OLÁ E FELIZ 2019 MINHAS QUERIDAS!!
Antes de tudo queria agradecer-vos a forma fantástica como me receberam nesta plataforma. Queria agradecer pelo apoio que vocês dão constantemente a esta história e a forma como a fizeram subir.
Obrigada pelos votos e pelos comentários. Não têm noção como é gratificante ver a forma como vocês vibram com esta história e a maneira apegada com que vocês lindam com as personagens! Obrigada pelas mensagens! É tão bom recebê-las!! ❤️
Esta história é só minha, é nossa!
E mais uma vez: obrigada!
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