POV JOTA
Gargalho ao som de mais uma história de adolescência protagonizadas pelo meu pai e pelo meu tio. Olho em volta com o objetivo de ver onde a Sofia se encontrava.
A minha tia logo se apercebeu da minha intenção.
- Ela está no quarto a dar o biberão ao André.
Assinto e levanto-me. Volto a passar o olhar pela sala vendo a minha irmã a dormir no sofá, contudo faltava uma pessoa.
- Vou ter com ela. - disse e quase corri em direção às escadas para o meu quarto.
Corro pelo corredor e quando abro a porta uma raiva cresce em mim ao ver o Miguel agarrar à força a minha namorada.
- Sofia? - chamo o nome dela.
Quando a mesma vira a cara na minha direção vejo lágrimas a escorrer-lhe o que faz com que a raiva ainda aumente mais.
Caminho em direção ao Miguel e puxo-o para longe da minha miúda.
- O que é que tu pensas que estás a fazer Miguel? - grito completamente alterado.
- Nada que ela não queira. - diz com aquele tipico sorriso cínico.
Não aguentando mais a raiva em mim dou-lhe um murro em cheio no nariz. O mesmo cai desamparado no chão enquanto a sua mão fica manchada com sangue.
- Que mal te fiz eu? Diz-me. - grito - Diz-me o motivo de tanto ódio. O teu problema é comigo e não com ela.
- Era para ser eu, não percebes? - limpa o sangue no nariz - Eu tinha tudo para ser a próxima estrela de futebol. Sempre joguei melhor que tu e depois apareceu-me aquela lesão. O lugar que era meu foste tu que o ocupaste e eu odeio-te por isso. - lágrimas eram derramadas pela sua cara a baixo.
Suspiro alto tentando acalmá-lo.
- Eu lamento muito Miguel. Eu lamento que tenhas desistido do sonho da tua vida. Mas a culpa não é minha. Eu apenas segui a minha vida.
Ele ri-se irónico.
- Eu sei que tu não tens pena de mim. Olha para ti: tens tudo. A família toda orgulhosa, uma namorada que olha para ti completamente babada com o que vê e a carreira estável. Era essa vida que eu queria ter, percebes isso? Não percebes, pois não? Sabes porquê? Porque sempre tiveste tudo.
Abano a cabeça em forma de negação.
- Eu também fiquei triste na altura. Era o nosso sonho e eu queria que tivesses a oportunidade de o realizar. - sinto a Sofia a agarrar o meu braço.
- Pois, mas não tive. - diz bruto e sai do quarto a correr.
Passo as mãos pelo cabelo e encosto a testa à parede.
- Desculpa o comportamento do Miguel, ele não costuma ser assim. Eu pensava que ele já tinha ultrapassado isto. - lamenta-se a minha tia.
- Não tem porque se desculpar. - dou-lhe um abraço forte - Desculpe por bater nele.
- Ele mereceu. Todos nós vimos quando cá chegaste. Mal saíste da sala viemos atrás de ti. - ela desfaz o abraço - Vai ter com a tua namorada. Ela está na casa de banho com a Maria.