POV JOTA
Hoje foi dia de jogo e o mesmo correu-me pessimamente. Durante todo o encontro, a minha cabeça esteve em tudo aquilo que se passou ontem. Os meus colegas já se aperceberam da minha súbita mudança, mas eu nada falei.
Eu sei que o Guga já se apercebeu da minha situação. Os olhares que a Filipa me manda são muito evidentes. Além disso, cada vez que ele olha para mim eu sinto deceção no seu olhar.
Tenho a plena noção de que ninguém esperava isto de mim. Eu que fui magooado constantemente durante três anos, magooei da pior forma possível a pessoa que me salvou de uma relação fracassada.
No entanto aqui estou eu, pronto a arcar com as consequências dos meus atos dos quais eu não me orgulho. Depois de uma noite em branco continuo sem perceber o porquê de eu ter feito aquilo. Não sei se por estar carente. Ou talvez porque eu não mereça mesmo a Sofia e isto tenha sido um abre olhos.
- Eu convidei a tua irmã para irmos lanchar fora. Tens a casa só para vocês. - diz o Guga ao meu lado.
Assinto em silêncio. O resto da viagem foi passada sem qualquer tipo de conversa da nossa parte.
- Obrigada Guga. - falo antes de abrir a porta do carro.
- Não me agradeças porque eu não estou a fazer nada por ti. Estou só a poupar uma humilhação à Sofia e a desilusão da tua irmã. - diz sem me olhar.
Assinto e saio do carro vendo a minha irmã a caminhar em direção ao carro. Mal me vê a mesma abre os braços e abraça-me.
- Olá maninho. - saúda alegre. - Porquê que não convidas a Sofia e vêm lanchar connosco?
- Olá. - beijo-lhe os cabelos.
Olho para ela sem saber o que lhe responder até que o Guga toma a iniciativa.
- O Jota quer falar uma coisa com ela. - diz o rapaz.
- Então está bem. - ela entrelaça os dedos com o namorado - Até já.
A minha irmã preparava-se para virar costas, mas eu impeço-a.
- Maria? - ela olha para trás - Desculpa.
E sem esperar a resposta dela caminho em direção ao meu apartamento.
Mal abro a porta a minha namorada vem até mim.
- Olá amor. - beija-me - A tua irmã e o Guga foram lanchar podíamos aproveitar bem o tempo, que dizes? - começou a deixar breves beijos no meu pescoço.
Afasto-a delicadamente e a mesma olha-me confusa.
- Preciso de falar contigo Sofia. - peço sério.
- O que é que se passa Jota? - pergunta séria também - Estás-me a assustar.
Encaminho-a até ao sofá e a mesma senta-se ao meu lado.
Observo toda a sua face e o arrependimento que até então eu já sentia multiplica-se por mil. Ela não merecia nada disto.
Desenho os seus lábios com o meu polegar e aproximo-me deles. Beijo-a com calma com a intenção de não os esquecer nunca.
