Capítulo 1

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Passadas duas horas ainda continuava sentado na mesma cadeira à espera de alguma notícia da Sofia.

Por mais que o médico me diga que não há nada que eu possa fazer aqui, eu recuso-me a ir embora. Não enquanto a minha namorada e o meu filho lutam pela vida dentro daquele quarto.

- Então? - a Maria senta-se ao meu lado - Eu sei que é difícil Jota, mas tu tens que ser forte. Por eles os dois.

Desvio o olhar da parede branca e direciono-o para a minha irmã.

- Era suposto nós estar os dois a festejar por termos conseguido sermos pais e não o que está acontecer agora. Isto é tão injusto. - digo revoltado - Eu não vou aguentar se lhes acontecer alguma coisa.

- Temos que pensar positivo, Jota. - abraça-me - Ela vai sair bem e tu vais ser o pai mais babado do mundo. - consigo dar um meio sorriso - E eu a tia.

Aperto-a contra mim e um sussurro um obrigado ao seu ouvido. Isto não está a ser fácil para ela também. Eu sei que não. Em pouco tempo elas criaram uma amizade muito grande e eu sinto que tenho que lhe dar apoio da mesma forma. Afinal estamos todos aqui a torcer para o mesmo.

- Desculpem interromper. - falou uma voz totalmente desconhecida por mim - Eu sei que não é o momento opurtuno, mas o meu nome é Carlos e sou inspector da polícia judiciária.

O homem mostra o crachá e tanto os meus pais como os meus sogros assentem.

- Dada a gravidade do acidente, nós fomos chamados ao local. As câmaras de vigilância de um estabelecimento local confirmam que foi tentativa de homicídio. - observo a cara de dor de todos os presentes - Eu sei que talvez seja pedir demais, mas eu gostava de falar com cada um de vocês a sós. Quanto mais rápido começarmos, melhor.

- Eu não me acredito nisto. - soco a parede e de seguida chuto a cadeira à minha frente.

- Pára Jota. - o meu melhor amiga agarra-me - Partires o hospital não vai adiantar de nada.

- Eu não vou descansar enquanto essa pessoa não for presa. - sussurro completamente cego de raiva - Nem que seja a última coisa que eu faça.

- Nós estamos contigo. - o Guga pronúncia e eu faço o nosso cumprimento.

O inspector falou com toda a gente e, por último, sentou-se ao meu lado.

- Jota, não é? - confirmo com a cabeça - Eu sei que está ser particularmente difícil para ti e acredita que eu percebo tudo o que tu estás a sentir. - olho para ele confuso - Perdi a minha noiva num acidente de carro há uns anos atrás. Ela também estava grávida.

- Eu lamento imenso. - falo sincero.

O inspetor dá-me um sorriso triste.

- Por isso quero que saibas que eu vou fazer de tudo para encontrar esta pessoa. E estou a torcer para que a tua namorada e o teu filho saiam bem daquele quarto.

Estico a minha mão e o homem aperta-a num sinal de conforto e força.

- Pelo que eu sei a Sofia não é daqui. - assinto com a cabeça - Ela contou-te de alguma pessoa que não gostasse dela? Alguém com quem ela tivesse problemas?

Revivo as minhas conversas com a Sofia mentalmente e balanço a cabeça negativamente.

- Não. - conto - Pelo menos acho que não. Ela nunca me falou muito dos amigos que lá tinha, mas também nunca me disse que tinha inimigos.

- E aqui? Há alguém tenha alguma coisa contra ela?

- A única pessoa que me ocorre é a Filipa.

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