Capítulo 5

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Olho para o jovem moreno e sinto que apesar de o conhecer há pouco tempo posso confiar nele.

- Digamos que nunca fui muito bem sucedida em assuntos amorosos. - eu digo enquanto brinco com os meus polegares.

- Se quiseres falar, estás à vontade. - ele diz. - A minha mãe sempre me disse que por vezes é mais fácil de desabafar com desconhecidos.

Revivo todos os acontecimentos na minha mente e uma onda de tristeza percorre o meu corpo. Normalmente não costumo desabafar com as pessoas sobre os meus problemas, nunca me senti à vontade para isso. Contudo o Rúben deixava-me confortável ao ponto de o fazer.

- A realidade é que nunca nenhum rapaz se interessou por mim, nunca nenhum me deu atenção. Eu nunca tive um namorado.. - eu admito envergonhada - Nunca soube o que era amar, nem muito menos ser amada. E a certa altura tudo isso destruiu a minha autoestima.

Enquanto falava nem me apercebia que lágrimas escorriam pela minha cara. O jovem sentado ao meu lado puxa-me para um abraço e é no seu peito que eu deixo sair toda a mágooa.

- Não há nenhum problema e nem tens que ter vergonha por admitir isso. - ele levanta-me a cabeça - Nem sabes o quanto eu aprecio isso, mostra que não te entregas a qualquer um.

- Talvez o problema seja meu e os rapazes não verem nada em mim.

- Achas mesmo isso? - ele sorri fraco - Não estou a dizer isto por ser teu amigo, mas tu és linda e permite-me dizer que o teu corpo é igualmente lindo.

Acabo por virar a cara bastante envergonhada com a situação.

- E ficas ainda mais linda corada. - ele acrescenta sorrindo.

- Não digas essas coisas.. - peço eu voltando a a encará-lo.

- Porquê? - ele pergunta numa voz suave.

- Porque não sei como reagir.. Não estou habituada a receber elogios de homens. - eu digo e ele sorri.

- Talvez isso agora mude. Eu vou elogiar-te sempre que puder.

Olho para ele e sorrio. Ele abre os braços e atiro-me para o seu peito enquanto o mesmo me traça círculos invisíveis nas costas.

- Obrigada, Rúben. - eu sussuro só para ele.

- Não tens nada para agradecer. - ele beija-me a testa e voltámos a prestar atenção ao sol que acabar de nascer.

Depois de ver o sol nascer o Rúben convidou-me para assistir ao seu treino. Depois de ligar aos meus pais a avisá-los, seguimos em direção ao apartamento dos jovens jogadores para ir buscar o seu saco.
Abrimos a porta com cuidado por ainda ser cedo e antes de ir buscar o saco o morena sussura que o pequeno almoço é por conta dele.
Dirigo-me para a cozinha para beber àgua quando ouço uma voz atrás de mim.

- Foste rápida. - disse o Jota com amargura na voz.

O mesmo encontrava-se a ir buscar um iorgurte no frigorífico vestido com roupas casuais e com o saco pousado na mesma o que me levava a crer que também iria para o treino.

- Desculpa? - franzo o sobrolho enquanto me viro na direção dele.

- Estou a dizer que foste rápida a ir para a cama com ele. - ele responde e olha para o casaco do Rúben que eu tinha vestido.

Dou um riso sarcástico.

- Deves estar a confundir-me com alguém, só pode. Eu não fui para a cama com ele e mesmo que tivesse ido, não tinhas nada a ver com isso. - atiro de volta - Não tens uma namorada para ir tirar satisfações? Preocupa-te com a tua relação.

Dito isto viro-lhe costas, mas ainda ouço um estrondo sinal que ele tinha batido em algo.
Chego à porta do quarto do Rúben e bato na mesma ouvindo um "sim" como resposta. Fecho-a e entro no quarto. O rapaz encontrava-se com o equipamente de treino na mão enquanto o punha dentro do saco.

- Passou-se alguma coisa? - ele perguntou com uma expressão preocupada.

- Não se passa nada. - eu sorrio fraco.

- Foi o Jota não foi? - ele pergunta e eu olho para ele, mas antes de eu responder ele continua - Nem precisas de responder.. O que é que ele te disse?

- Não disse nada, deixa para lá isso. - eu respondo e sento-me na cama.

Ele ajoelha-se à minha frente e levanta-me queixo.

- Confia e mim. - ele pede.

- Ele disse que fui rápida.. - respondo.

- Continua. - ele pede amavelmente.

- Ele disse que eu fui rápida para ir para a cama contigo. - respondi e ele ri-se ironicamente.

- Tipíco dele, deve pensar que todas as mulheres são como a namorada dele. - ele abana a cabeça negativamente - Não ligues ao que ele te disse, nem te deixes afetar por isso, sim?

Eu assinto. Mas há algo nas palavras do Rúben que não me sai da cabeça.

- Rúben? - chamo e ele olha-me - O que é que quiseste dizer com aquilo de ele achar que todas as mulheres eram iguais à Filipa?

- Ao pequeno almoço, eu conto-te tudo sim? - eu assinto - Agora vamos, se não chego atrasado.

Abandonámos a habitação e seguimos para o carro dele. Durante o caminho fui pensando nas palavras dele e refletindo. Nenhum deles parece gostar da Filipa e a forma como ela disse que o amava ontem foi estranha.
Acordo dos meus pensamentos quando o rapaz pára o carro e saímos em direção à padaria.
Depois de fazer os nossos pedidos e nos encontrarmos servidos o Rúben quebra o silêncio.

- Ainda queres saber porque é que eu disse aquilo?

Assinto e ele dá um golo no seu galão e prepara-se para falar.

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