Capítulo 57

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POV JOTA

Abro os lentamente e levanto ligeiramente a cabeça vendo a Sofia a dormir.

Completamente sem forças ainda consigo sorrir perante imagem. Ajeito-a na cama e cubro-a. Eu devia ir embora, mas quero aproveitar este momento para estar um bocadinho com ela. Porque eu sei que mal ela acorde vai embora outra vez.

Beijo a sua testa e passo as mãos no seu cabelo.

- Desculpa. - sussurro - Desculpa por ter quebrado todas as promessas, desculpa por ter destruído a nossa relação. Tu nunca mais devias olhar para a minha cara, no entanto estás aqui a cuidar de mim. Mesmo depois de tudo aquilo que eu te fiz. - sinto as lágrimas a cair - E isso só me faz odiar-me ainda mais sabes? Porque tu és uma pessoa maravilhosa e eu sou um monstro que só magooa as pessoas. Eu mereço isto, eu sei que sim. Mereço a nossa separação, mereço o teu ódio, mereço os olhares de desilusão por parte da minha família. Mereço tudo de mal, porque fiz a maior asneira da minha vida. - passo as mãos na sua cara - Eu sei que é egoísmo da minha parte, mas eu não consigo imaginar-te com outro homem. Dói demais. Eu sei que tens todo o direito de seguir com a tua vida e que provavelmente pode acontecer num futuro próximo, mas dói. E dói ainda mais perceber que te perdi por culpa exclusivamente minha. - pauso e entrelaço os nossos dedos - Podes não acreditar, mas eu amo-te muito Sofia. Mais do que a mim mesmo, por isso é que estou neste estado. - beijo-lhe a mão e caminho para a sala.

Nestas últimas duas semanas a minha vida tem sido isto: dormir quando posso, alimentar-me de vez em quando e ficar sentado num sítio a olhar para o nada.

As memórias com a rapariga assombram a minha cabeça vinte quatro sobre vinte e quatro horas e isso só faz com que eu me odeie mais. Não consigo olhar para o espelho porque sinto nojo de mim próprio. Não consigo encarar a minha família porque não iria aguentar os olhares de desilusão, já me bastou o da minha irmã. E por isso, estou aqui, afastado de tudo e todos. Podem chamar de cobardia, porque no fundo é isso mesmo.

Ouço barulhos vindo do quarto e a dona dos meus pensamentos sai do mesmo. Limpo as lágrimas discretamente e volto a olhar a frente.

- Obrigada pelo que fizeste por mim, mas acho que devias ir embora. - digo baixo.

A Sofia caminha e pára à minha frente.

- É isso mesmo que queres? Que eu vá embora e te deixe nesse estado?

- Não é o que eu quero, mas é o que deve ser feito. - digo já sem forças - Tu devias odiar-me e não querer olhar mais para a minha cara.

- Mas eu não te consigo odiar, não entendes isso? - fala mais alto.

- Desculpa por tudo Sofia, mas eu fico bem - peço de cabeça baixa - Tu tens o teu emprego e eu não quero que a tua vida páre por minha causa.

- Não vou. - cruza os braços - Vou preparar o jantar e só saio daqui depois de estares a dormir.

Fico a olhar para ela que mantém a mesma posição determinada. 

- Está bem. - não a contrario mais.

Sento-me no sofá e ligo a televisão no canal de desporto. A rapariga senta-se  no sofá ao lado do meu e eu tento o meu melhor para não olhar para ela.

- Tu e ela envolveram-se? - a morena pergunta do nada.

Passo as mãos no cabelo e suspiro.

- Sofia eu não te quero magoar mais.

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