O treino decorria com muitas brincadeiras à mistura o que originava gargalhadas de todos os presentes. De vez em quando sentia o olhar de Jota em mim. Tentava não olhar de volta, mas tornava-se impossível. Por mais que eu quisesse o meu olhar não desviava dele. Saio dos meus pensamentos assim que sinto a Maria a batucar-me no braço.
- O meu irmão ainda não parou de olhar para ti. - disse ela com um sorriso malicioso no rosto.
- Deve ser impressão tua Maria. - sorrio fraco e balanço a cabeça negativamente.- Não é impressão minha nada, eu conheço-o, Sofia, é meu irmão e eu se.. - é interrompida pelo meu telemóvel que tocava.
Vi que se tratava da minha mãe e atendi o telemóvel. Depois de ouvir todas as suas recomendações guardei o telemóvel e voltei a sentar-me no meu sítio.
- Problemas? - perguta curiosa.
- Não - sorrio - Era a minha mãe a ligar-me a dizer que iam embora agora para ter cuidado e essas coisas.
- Percebo - ela afirma entre risos - Vais voltar para o norte quando?
- Para a semana. - afasto o cabelo da minha cara e prossigo - Vamos ficar durante a primeira semana caso seja necessário alguma coisa com o meu irmão.
- Hmm - ela faz cara séria e logo sorri - Já que vais cá ficar uma semana e não conheces muita coisa por aqui, eu posso ser a guia turística. Que me dizes? - ela pergunta entusiasmada.
- Tu és incrível. - gargalho e abano a cebeça - Claro que aceito, tenho a certeza que vou adorar!
- Podemos começar já hoje. - ela diz e eu franzo o sobrolho - Todos os meses fazemos um jantar para o nosso grupo de amigos e eu queria que viesses. - ela quase suplica.
Sorrio fraco e relembro o passado. A Maria é uma pessoa fantástica e de certa forma faz-me lembrar a minha melhor amiga, ou devo dizer ex.
- Obrigada pelo convite, mas eu não posso aceitar. - digo e ela olha-me triste - É uma coisa vossa e eu não quero intrometer-me!
- Não sejas parva, Sofia. - ela diz séria e abana a cabeça lentamente - É uma coisa informal entre amigos em casa deles. Além disso, só vou eu, o Rúben, o Diogo, o Guga e o meu irmão. - ela diz a última parte a sorrir e eu abano a cabeça levemente para os lados - Anda lá, eu insisto e vou ficar chateada se não aceitares.
- Estás a ameaçar-me?- digo rindo-me.
- Não é uma ameaça, é apenas um aviso. - ela diz com um tom de ironia na voz - Anda lá, Sofia. Vais divertir-te! - ela empurra-me levemente.
- Está be... - não pude acabar a frase uma vez que fomos interrompidas por eles a chegar à nossa beira. Com tudo isto nem percebi que o treino já tinha acabado.
- Então meninas de que é que se fala por aqui? - pergunta o Guga assim que chega a nossa beira.
- Estava a tentar convencer a Sofia a vir jantar connosco hoje, mas está díficil. -ela mostra-me a língua e eu acabo por revirar os olhos sorrindo - Vocês não se importam que ela vá certo?
- Claro que não, mais uma é sempre bem-vinda. Aliás estavamos mesmo a pensar em convidar-te. - respondeu o Rúben.
Sentia o olhar do Jota em mim e confesso que estava um pouco constrangida com isso. Olho para o Guga que me sorri e inevitavelmente olho para o Jota que me dá um lindo sorrio, sorrio de volta e digo:
- Eu aceito ir jantar connvosco!
- Ótimo! - diz a Maria sorrindo. - E vocês? - olhou para os três - Vão tomar banho ou vão ficar aqui especados?
- Sim, vamos. - disse o Rúben - Vocês - apontou para nós as duas - Esperem por nós à entrada do balneário.
Nós sorrimos e assentimos. Fomos até ao balneário juntamente com eles.
Estavamos a ficar impacientes quando eles apareceram e eu devo dizer que valeu a pena a demora. Ele estava lindo, usava t-shirt amarela e uns calções de ganga. O cabelo perfeitamente penteado e a roupa assentava-lhe... Espera o que eu estou para aqui a dizer?? Acordo dos meus pensamentos assim que ouço gargalhadas dos meus recentes amigos, olho para eles com a sobrancelha levantada e questiono:- Passa-se alguma coisa?
- Nada, nada. - diz voltando a gargalhar. Encaro-o sério e o Rúben levanta os braços em forma de rendição - É que estavas tão distraída com o Jota que nem sequer ouves a falar para ti.
Olho para o chão totalmente envergonhada e quando o encaro ele dá-me um sorriso tímido, desvio o olhar para a Maria como que pedindo ajuda. Ela parece que lê os meus pensamentos e diz:
- Ok, ok chega! - ela diz em tom autoritário - Vamos masé cambada!
Enquanto seguíamos para o parque de estacionamento, toda a gente segue em frente deixando-me a mim e ao Jota para trás. Nenhum de nós fala o que torna o ambiente um pouco constrangedor. Quando chegámos ao parque e eu me direcionava ao carro do Guga, o Jota agarra o meu braço fazendo-me olhar para ele. Assim que ele me toca sinto uma sensação estranha, mas boa percorrer o meu corpo. Olho para ele que coça a nuca.
- Queres vir comigo? Quer dizer se quiseres ir com eles estás à vontade. - ele pergunta atrapalhado, mas sorrindo da maneira mais bonita que eu alguma vez vira.
Olho para ele e sorrio:
- Sim, eu vou contigo.
