Impensado

1

Ohana:

Era meu primeiro dia na faculdade de engenharia, do meu segundo ano, e eu podia dizer exatamente que era um completo tédio. Lamuriava internamente a maldita hora em que meus pais decidiram me mandar para a Califórnia, em busca de: "É mais favorável". Eu não queria um intercâmbio. Deixar o Brasil com meus 19 anos de idade, foi de contra vontade. Por mais que fosse uma exemplar aluna, cumprindo os quesitos de não arruinar nossa reputação familiar durante todos esses anos, eu ainda assim não me interessava pela mudança repentina e a ótima faculdade que me aguardava.

Oliver me aguardava no primeiro andar, decorrida a demora qual eu levava para fazer tudo. Em busca de não comparecer no primeiro dia.

Entretanto, meu irmão gêmeo adentrou o quarto com uma expressão nada confortável.

-Ohana: O que foi? - o questionei com desinteresse pela pergunta que aguardava internamente, ser feita por ele.

-Pietro: Precisamos ir. - revelou com a voz tediosa, e eu tão pouco o dei atenção. - Olha aqui, eu também não quero ir pra esse lugar. Concordamos severamente com isso. Entretanto Oliver contará aos nossos pais, apresse-se.

Éramos bem parecidos fisicamente e em ações, até mesmo demais para o gosto dos nosso país. Peguei a bolsa Saint Laurent sobre a cama e então me designei para fora da suíte, esbarrando de leve em seu ombro, com intenção. Pietro apenas revirou os olhos e então fechou a porta, seguindo-me para o andar principal.

(...)

Oliver dirigia sobre cautela pelas ruas de Claremont, Los Angeles, enquanto eu me mantinha focada em olhar através da janela do luxuoso Cadillac. Sentia o olhar calmo de Pietro fitar-me, com aqueles olhos castanhos penetrantes e protetores. O observei por curtos segundos e encarei seus belos cabelos loiros e sedosos, um tanto quanto longos e padronizados da geração qual pertencíamos.

-Pietro: Apenas comporte-se. - ele pediu, manso.

-Ohana: Nem mesmo você fará isso. - o respondi séria, assim que o veículo estacionou em frente ao campus.

Descemos juntamente do carro, e permanecemos lado a lado, enquanto ambos olhávamos para o enorme lugar. Dono de uma aparência moderna, com enormes janelas de vidro dando jus ao nome afamado que tinha. Era bem chamativo, e de longe revelava a classe nobre que frequentava o lugar.

-Pietro: Consigo sentir o cheiro que exala da soberba e egocentrismo destas pessoas. - meu irmão revelou em um tom pessimista.

-Ohana: Talvez esteja mais forte... por exalar de você. - comentei provocativa e recebi um olhar tanto quanto malevolente.

-Pietro: Patricinha idiota. - ele chamou cheio de desprezo e ambos sorrimos da colocação. Ambos éramos, e nossas ações não negavam isso.

Observei em volta e respirei fundo antes de caminhar em meio aquele bando de imbecís. Entretanto, dois garotos me chamaram atenção e então os encarei, levando Pietro a fazer o mesmo. Morenos altos, de belo porte físico e estilo invejável, como de Pietro. Carregavam a mesma energia. Evidentemente eram gêmeos. Os cabelos pretos um tanto quanto longos e padronizados, a feição idêntica e o olhar desprezível.

-Ohana: Olha... - eu sorri de canto. - Acho que essa faculdade foi mesmo uma boa ideia.

Caminhamos lado a lado, em meio aqueles ineptos, ao mesmo tempo em que os olhares sem descaramento nos fitavam. Os ignorei e então saímos do campo. Entramos no interior da enorme faculdade e o filho do diretor se direcionou até nós, eu o cumprimentei enquanto meu gêmeo conteve-se apenas em dar um sorrisinho amigável.

-Felipe: Me chamo Felipe, bem... posso acompanhá-los e mostrá-los a faculdade? - ele questionou gentil.

Seus cabelos baixos e loiros, gentileza e maneira educada de agir me chamou atenção. Revelando um sorriso fraco pra mim.

-Ohana: Tudo bem. - o respondi após alguns segundos, ainda inexpressiva.

Vilarim nos guiou, mostrando o refeitório do local, um pouco mais distante do campus. Os banheiros, térreo central e salas de aula do segundo andar. Aquela tour demorou um pouco, devido ao lugar vasto qual frequentaríamos até terminarmos a maldita faculdade de engenharia.

-Felipe: Engenharia? - ele questionou breve.

-Pietro: Sim. - meu irmão respondeu paciente, segurando a mochila de forma desajeitada ainda posta em suas costas.

-Felipe: Então acho que seguiremos juntos. - ele revelou. - Me acompanhem.

Ergui um pouco o rosto para olhar a feição de Pietro, enquanto caminhava ao seu lado. Ele era evidentemente bem mais alto que eu, isso era o que nos diferia de certa forma.

-Felipe: Desculpa a pergunta... - ele disse calmo. - São brasileiros?

-Ohana: Sim, nos mudamos recentemente. - o respondi.

-Felipe: Reconheci o sotaque. - ele sorriu gentil assim que paramos de frente a enorme porta do aparente auditório principal. - Sejam bem vindos ao Harvey Mudd College.

Caminhamos ao interior do fabuloso auditório e logo podemos ver a logo marca da escola renomada. Colocada como líder na lista de faculdade mais cara dos EUA, com o custo total de US$ 69,717. Nossos pais tinham uma condição financeira invejável, consequentemente bancar isso era bem pouco no bolso deles. O nome Lefundes era conhecido de longe em todo território latino no mercado, pelo cargo de CEO da nossa mãe no grupo SBF. Um grupo empresarial que controla as lojas Centauro, ByTennis, Almax Sports e, atualmente, havia firmado um acordo inédito com a Nike para expansão das lojas Nike Store no país. E pelo nome bem conhecido do nosso pai, por ser um advogado criminal magnífico.

-Pietro: Vamos. - meu irmão chamou em um tom manso e baixo quando o diretor subiu no palco e deu indícios de que a palestra começaria.

Sentamos lado a lado no denominado "fundão". Logo, as luzes se ofuscaram deixando o ambiente mas confortável e revelando foco sobre o homem de altura mediana. Diretor Parker. Evidenciei a chegada dos morenos qual haviam me chamado atenção na entrada, e surpreendentemente sentaram-se próximos à nos. Exatamente ao meu lado.

Mantive-me em silêncio enquanto o olhar penetrante de um deles olhava-me descaradamente, antes que um sorriso patético surgisse, mostrando seus dentes extremamente brancos.

-Nicolas: Algo me diz que rastejaria milhas em um lugar desolado apenas pra não estar aqui. - sua voz grossa, mas doce, soou em um perfeito timbre.

-Ohana: Talvez seja minha expressão desinteressada e reveladora quanto a isso. - o respondi séria, sem muita enrolação.

Fitei-o após sentir seu olhar atencioso queimar sobre mim. Mesmo que as luzes estivessem ofuscadas, foquei-me em encarar seus olhos castanhos um tanto quanto escuros e sombrios. A pele bem limpa e os lábios róseos. Ele tinha um cheiro exalante, marcante. Aquilo era severamente atrativo.

-Nicolas: É um prazer, Ohana. - sua voz arrastada soou mansa, antes que um sorriso fraco surgisse.

-Ohana: Eu nem precisei dizer meu nome... - mencionei no mesmo tom.

-Nicolas: Digamos que nomes renomados como os do Lefundes, corram rápido por este ambiente. - revelou, chamando-me atenção.

Apenas sorri de canto, o fazendo sorrir juntamente, de maneira silenciosa. Direcionei minha atenção para o homem que mencionava os valores e boa recepção, da Harvey Mudd College. Esquecendo por fim, o garoto ao meu lado.