Um mensageiro foi anunciar tudo o que ela havia dito a seu pai.
O príncipe enviou homens para matar o jovem.
Ele estava em sua casa.
A garota disse: "Pelo Sol, se ele for morto eu morrerei também, não passarei uma hora de vida sem ele."
Ela foi e disse todas essas coisas para seu pai, o príncipe da Mesopotâmia fez com que o jovem fosse trazido a ele.
~ Fragmento de "Papiro Harris 500"
Apesar das preocupações de Hatshepsut, nada de muito anormal aconteceu na festa para celebrar o casamento de Tutmósis II. Mas, afinal de contas, a maior preocupação da rainha era com a união em si, não com a celebração. Alheia às preocupações de Hatshepsut, Iset entrou na família e, com o passar dos anos, como a jovem não fazia nada de suspeito ou preocupante, Hatshepsut foi deixando sua preocupação de lado, mas nunca totalmente.
Os anos foram se passando até que os últimos traços da infância no rosto de Hatshepsut foram embora com seu aniversário de 25 anos. Com os 25 anos da rainha, vieram também os 8 anos da princesa. Era uma conquista para criança passar dos 5 anos de idade dada a alta taxa de mortalidade dos pequenos. Assim, apesar das estatísticas, Neferure havia se tornado uma criança esperta e criativa, mostrando que havia puxado bastante a mãe.
Flamingos aproveitavam as partes mais rasas do Nilo, protegidos pelas sombras das árvores que cresciam pelas longas faixas verdes férteis e úmidas do solitário às margens do rio. A bela imagem era completada pelo sol que, conforme se punha, era refletido nas águas do Nilo. Os flamingos, as árvores gradualmente engolidas pelas sombras e o sol poderoso pintando o céu de laranja e vermelho eram um conjunto digno de uma bela pintura ou foto. Infelizmente, apesar de terem a paleta de cores de tinta mais completa da antiguidade, por mais que um artista egípcio tentasse copiar aquele espetáculo da natureza, ainda ficaria muito longe daquele ideal que seria registrado apenas pela memória.
Por mais incrível que fosse a visão dos flamingos e do reflexo do sol na água, mais absurdamente belo ainda era o reflexo do sol no granito liso que revestia as pirâmides. A visão espetacular fazia com que as pirâmides, ainda de pé ao lado de Mênfis, parecessem extensões do céu e ao mesmo tempo parecessem revestidas de placas de ouro muito embora só as pontas de cada pirâmide fossem de ouro.
De pé na areia branca que se estendia a oeste das pirâmides admirando o espetáculo protagonizado pelo sol, estava Amon-Rá. Apesar de estar admirando o pôr do sol sozinho, ele logo ganhou alguma companhia quando, em uma fumaça negra, Anúbis surgiu logo atrás do deus.
- Desculpe a demora, estava terminando o julgamento das almas do dia. - disse Anúbis - Lady Ísis disse que queria falar comigo.
Respeitosamente, Anúbis esperou pela resposta que imaginava que viria no segundo seguinte. Contudo, ela demorou um pouco mais. Apenas alguns segundos depois, Amon-Rá pareceu notar que não estava sozinho e se virou para Anúbis.
- Ora, Anúbis? - disse Amon-Rá - O que faz por aqui?
- Ahm... - disse inicialmente Anúbis, estranhando a pergunta - Lady Ísis disse que queria falar comigo...
- Ah sim sim... - disse Amon-Rá passando a mão pensativamente pelo queixo dele - Como está Anput? Viajando de novo?
- Sim... - respondeu Anúbis - Babilônia.
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A Morte Das Areias do Saara
Historical FictionAntes de as pirâmides serem construídas, as areias do Saara, as águas do Nilo e suas margens pertenciam aos deuses. E, dentre esses deuses egípcios que reinavam, protegiam e castigavam os humanos, existia um deus conhecido por sua ligação com a mort...