Investigações de um Crime no Deserto

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Então o infeliz chefe de Khatti enviou e prestou homenagem ao meu nome como o de Rá, dizendo 'Tu és Sutekh, Ba'al em pessoa. O pavor de ti é uma marca na terra de Khatti.' Então ele fez vir seu enviado trazendo em suas mãos uma carta em nome de Minha Majestade, da Residência de Rá-Harakhati O-Touro Forte-amado-da-Verdade, soberano que protege seu exército, poderoso por conta de seu braço forte, um muro para seus soldados no dia da luta, o Rei do Alto e Baixo Egito Usimare're'-setpenre', o Filho de Rá, senhor leão do braço forte Ramsés, deu vida eternamente.

~ Fragmento de "Registro egípcio oficial da Batalha de Kadesh, Poema do Pentauro"

Equilibrado na ponta da pirâmide do falecido Khufu, sem imaginar que era a tumba do pai daquele que tinha começado toda aquela confusão, Anúbis olhava para o deserto. O vento misturado com areia bagunçava seus cabelos e deixava um pouco de areia por lá enquanto uma tempestade de areia se formava.

Ele e os outros deuses já tinham vasculhado a região por mais tempo do que gostariam atrás de pistas de quem era o responsável pelo roubo do Livro de Thoth. Haviam encontrado um cavalo cor de areia abandonado nas margens do Nilo, o que era estranho, mas nada mais além disso. Assim, quando a areia o engoliu e escondeu qualquer parte da incrível vista que se tinha do deserto e de Mênfis do topo da pirâmide, Anúbis deixou o lugar para trás e foi para o Salão do Julgamento.

Quando lá chegou, foi imediatamente recebido por Anput e Kebechet. Apesar de não terem ido para a tumba de Minkhaf, era claro que alguém havia atualizado elas do que estava acontecendo.

- Encontrou algo? - perguntou Anput imediatamente - Hathor me contou o que aconteceu.

- Não. - respondeu Anúbis - Mas Thoth ficou tentando questionar Minkhaf... o que não acho que vai dar em alguma coisa. A mente dele já está muito perdida.

- E agora? - perguntou Kebechet - Isso é ruim né?

- Sim... - admitiu Anúbis - Vamos ver o que Hórus sugere e que novas ideias conseguimos ter. Mas acho que vai ser questão agora de tentar entender quem pode ter tanto roubado o Livro de Thoth, como ter feito tantas artimanhas para nos deixar ocupados.

- Hathor me contou o que fizeram com o sarcófago de Hatshepsut... - disse Anput delicadamente, colocando a mão no ombro dele - Você está bem?

- Com vontade de jogar o desgraçado que planejou tudo isso no meio do deserto pra virar comida de cobra e escorpião... - disse Anúbis com raiva, rangendo os dentes e apertando o punho com força - Não... ainda é pouco....

Sem falar nada, Kebechet se aproximou e abraçou o pai, claramente tentando o acalmar. Teria feito cafuné na cabeça dele se não fosse o fato de que não a alcançava direito sem deixar o abraço estranho. Mas não importava, aquele abraço tinha sido o suficiente para amolecer o coração de Anúbis, que a abraçou de volta, bagunçou seus cabelos e trocou um sorriso com Anput.

No instante seguinte, outra pessoa irritada chegou no salão do Julgamento, esse foi Hórus, que estava acompanhado de Thoth.

- EU FALEI QUE ESSE LIVRO IDIOTA NOS TRARIA MAIS PROBLEMAS! - esbravejava Hórus.

- S-sim... - disse Thoth.

- Não vou entrar NOVAMENTE nos motivos de o ter escrito.... - disse Hórus massageando as têmporas em puro estresse - Mas precisava ter pedido pra deixar assim na tumba de Minkhaf?

- Era um aprendizado! - defendeu-se Thoth - Tanto para Minkhaf como para os que ficassem tentados pelo livro. Verem o que podia acontecer com a pessoa e sua família usando Minkhaf de exemplo.

A Morte Das Areias do SaaraOnde histórias criam vida. Descubra agora