Agora, o miserável de Khatti, junto com muitos países estrangeiros que estavam com ele, permanecia escondido e pronto para o nordeste da cidade de Kadesh, mas Sua Majestade estava sozinho com seus seguidores, o exército de Amon marchando atrás dele, o exército de Rá cruzando o vau na vizinhança ao sul da cidade de Shabtuma a uma distância de 1 iter de onde Sua Majestade estava, o exército de Ptah estando ao sul da cidade de Aronoma e o exército de Set marchando ao longo da estrada , e Sua cidade de Aronoma e o exército de Set marchando ao longo da estrada, e Sua Majestade formou a primeira força de batalha com todos os líderes de seu exército, e eles estavam na costa da terra de Amor.
~ Fragmento de "Registro egípcio oficial da Batalha de Kadesh, Poema do Pentauro"
O dia seguinte logo raiou em Kadesh, mas a situação não era das melhores. O exército egípcio rodeava a cidade, cercando-a e impedindo que qualquer coisa ou pessoa saísse ou entrasse lá. Mas eles também não estavam nas melhores condições. O exército podia até estar finalmente completo, mas estava cansado, com várias baixas e feridos. Largado numa cama improvisada dentro de sua tenda, Ramsés II, tentava pensar nos próximos passos enquanto também tentava se recuperar dos ferimentos e do cansaço. Estava exausto e enquanto pensava, notava algo estranho em suas memórias, parecia que algo faltava. Seria o cansaço?
Ao lado do faraó, Antam-Nekt, seu fiel leão, estava cochilando e tal como o faraó, várias bandagens cobriam seu corpo onde havia se machucado. Além disso, largados no chão no monte de travesseiros postos sobre um tapete, estavam os quatro príncipes, também dormindo. Tinham suas próprias camas em outras tendas, mas queriam ficar perto do pai.
Ramsés II olhou para os filhos, aliviado dos quatro ainda estarem ali, mas também olhou com estranhamento. Porque tinha a sensação de que dois deles ficaram bem longe dele por várias horas no dia anterior? Não simplesmente em algum lugar do campo de batalha, mas sim bem longe de si. Sentia que sua curiosidade estava tocando algo que não deveria lembrar, algo que não deveria ser de seu entendimento, algo perto dos deuses. Deveria ter parado, mas ele continuou tentando lembrar.
O clima em Kadesh era de tensão e cansaço, mas dessas duas emoções, só uma se refletia a quilômetros de Kadesh, no oásis de Siwa. Nas águas cristalinas de um oásis, Anúbis estava boiando tranquilamente, com olhos fechados, aproveitando um merecido descanso. O cansaço ainda tomava conta de seu coração, mas o relaxamento e a calma se tornavam cada vez mais presentes. A maior parte dos ferimentos dele já tinha sarado, os que restavam não passavam de cortes pequenos que com certeza iriam sarar nas próximas horas, mas era exatamente devido a esses ferimentos que evitou os oásis mais salgados de Siwa, que tanto lembravam o Mar Morto.
Nas margens do Oásis, Kebechet estava de cócoras, tentando convencer uma família de fenecos a comer um punhado de tâmaras. A menina esticava lentamente a mão repleta das frutas, que eram o orgulho da agricultura de Siwa, e esperava a reação da família de pequenas raposas do deserto, brancas e laranjas com enormes orelhas.
- Devíamos fazer isso mais vezes. - disse Anput, logo ao lado de Anúbis, olhando hora para Kebechet e hora para o marido.
- Uhum... - concordou Anúbis em nem abrir os olhos.
- Então, já pensou qual vai ser o lugar que vai escolher para visitar? - perguntou Anput passando os dedos pelos cabelos dele - Eu e Kebechet já escolhemos os nossos.
- Hm... tem uma tumba... - respondeu ele sem abrir os olhos, aproveitando o cafuné.
- Bem sua cara. - disse ela deixando uma pequena risada escapar.
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A Morte Das Areias do Saara
Historical FictionAntes de as pirâmides serem construídas, as areias do Saara, as águas do Nilo e suas margens pertenciam aos deuses. E, dentre esses deuses egípcios que reinavam, protegiam e castigavam os humanos, existia um deus conhecido por sua ligação com a mort...