Ninguém os alcançará, exceto seus exploradores, pois deixarei sua expedição entrar depois de tê-los guiado por água e por terra,
revelando-lhes as estradas inexploradas depois de ter entrado nos terraços de mirra.
É uma região sagrada da Terra dos Deuses. É o meu lugar de prazer.
Eu o criei para alegrar meu coração com Mut, Hathor, Wereret, senhora de Punt, senhora do céu Weret-Hekau, senhora de todos os deuses.
~ Fragmento de "Expedição de Punt da Faraó Hatshepsut"
- Hermes, prazer... - repetiu Anúbis analisando o recém chegado - Eu sou Anúbis. De onde você é?
A roupa que Hermes usava era claramente estrangeira, como se o sotaque não fosse suficiente para o dedurar como estrangeiro. Anúbis logo se viu tentando definir de onde Hermes era pela aparência dele, sotaque e pela roupa, que basicamente era uma túnica branca com mangas na altura do cotovelo, aparadas, com gola com o formato de uma canoa. Era fácil retirar dos chutes de nacionalidade qualquer coisa ao sul do Egito. As chances de ser alguém do Oriente Médio eram baixas, mas não nulas, e mais para o Leste as chances eram muito remotas. Norte era mais provável, mas onde no Norte era mais complicado.
- Micenas. - respondeu Hermes depois de alguns segundos confirmando a teoria de "Norte".
- Ah sim, o pessoal que conquistou de vez os minoicos algumas poucas décadas atrás... - disse Anúbis - Você é um deus micênico então, certo?
- Isso. - respondeu Hermes falando lentamente parcialmente aliviado por Anúbis ter entendido - Preciso pedir desculpas... em nome dos micênicos... pela conquista dos minóicos?
- Não. - disse Anúbis estranhando a pergunta, não se importavam tanto assim pelos minóicos - O que veio fazer aqui?
- Vim como mensageiro dos deuses micênicos para entregar essa mensagem... - disse Hermes apontando para o papiro timidamente - Para... O grande Osíris e o grande Hórus.
Anúbis pensou por uns segundos e afirmou com a cabeça, não era exatamente tão surpreendente mensageiros estrangeiros serem enviados, tanto entre os mortais, como entre os deuses e Hermes não parecia ameaçador demais. Então, Anúbis deu as costas para Hermes para voltar ao Salão do Julgamento, e chamou, com um gesto da mão, o pobre intimidado deus micênico para o acompanhar, afinal ele nem tinha saído do lugar.
Disfarçadamente, Hermes respirou fundo. Hermes ainda podia contar nas mãos quantas vezes ele teve contato com outros deuses e seus lugares sagrados, e o Salão do Julgamento e sua entrada estavam longe de ser os mais receptivos. O caminho era escuro, passava por almas que se alinhavam para serem julgadas e terminava na entrada do Salão do Julgamento, que era envolta por um mar de fogo revoltado e ameaçador.
Foi necessária toda a concentração de Hermes para não ficar boquiaberto para a entrada imponente do Salão do Julgamento. Afinal, tal como todas as obras egípcias, tudo era absurdamente enorme, grande o suficiente para comportar gigantes e, apesar do tamanho, tudo era meticulosamente detalhado. Para completar a intimidação, não estava na lista de coisas normais para Hermes entrar num lugar e a primeira coisa que ver ser deuses com cores tão diversas como azul e verde, e até mesmo cabeça de hipopótamo ou crocodilo.
- Ora, temos um visitante? - perguntou Osíris levemente surpreso.
- Hermes. - disse Anúbis enquanto Hermes, tenso, resistia a tentação de olhar tudo ao redor e focava seu olhar no caminho a sua frente - Mensageiro pelos deuses de Micenas.
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A Morte Das Areias do Saara
Ficción históricaAntes de as pirâmides serem construídas, as areias do Saara, as águas do Nilo e suas margens pertenciam aos deuses. E, dentre esses deuses egípcios que reinavam, protegiam e castigavam os humanos, existia um deus conhecido por sua ligação com a mort...