Estas são imagens escondidas por Horus.
Eles estão no segundo portão da escuridão unificada.
Nos caminhos proibidos de Sais, quando este deus os chama (e) então suas cabeças secretas aparecem depois que eles engolem suas imagens novamente.
~ Fragmento de "O livro do Amduat"
Os deuses olharam para Set surpresos e em choque, tentando digerir aquela informação que ele tinha simplesmente jogado contra eles. Parecia algo tão amedrontador pensar que Amon-Rá tinha sumido, que os deuses ali presentes torciam para Set anunciar que era apenas uma pegadinha. Contudo, além dessa possibilidade não fazer tanto sentido, todos bem sabiam que Amon-Rá, na falta de uma palavra melhor, parecia estar lentamente caducando cada vez mais a cada década.
- COMO ASSIM AMON-RÁ DESAPARECEU?! - esbravejou Horus indo a passos pesados até Set.
- Não o encontro em lugar nenhum! - explicou Set, também não muito calmo.
- Se isso for outra de suas artimanhas.... - ameaçou Hórus.
- Sabe bem que não brinco nem ouso tramar nada quando se trata de Amon-Rá. - defende-se Set.
- Isso é verdade. - interveio Osíris - Além disso, ele ainda está magicamente ligado em servitude à mim.
- Infelizmente... - resmungou Set entredentes.
- Felizmente - corrigiu Horus encarando Set.
- Não temos tempo para essas briguinhas de vocês. - lembrou Isis - Temos que procurar Amon-Rá o quanto antes!
- Aqueles que podem se transformar em pássaros poderiam varrer os céus. - sugeriu Hathor - Por terra aqueles que se transformam em animais com ótimo olfato.
- Acho que vale a pena varrer o submundo também ... - disse Anúbis em dúvida entre onde seria mais útil, entre o submundo que conhecia e a terra onde o olfato de chacal já tinha se provado útil para achar os pedaços de Osíris.
- Eu posso vasculhar o submundo. - interveio Néftis.
- Ammit pode ajudá-la. - ofereceu Anúbis.
- Eu e Hapi podemos ver o Nilo e suas margens. - sugeriu Sobek.
- Posso ver o mar. - ofereceu-se Tefnut.
- Posso ajudar também? - perguntou Kebechet só para os pais ouvirem.
- Podemos ir juntas. - sugeriu Anput, passando a mão pela cabeça da menina, que sorriu em resposta.
Logo cada deus foi tomando para si, em voz alta ou não, algum lugar para olhar por Amon-Rá até que ninguém restou no Salão do Julgamento além de Osíris, incapaz de sair de lá. Todo deus foi para algum lugar procurar Amon-Rá, fosse esse deus importante ou não. Eles queriam ter certeza de que cada pedaço do Egito seria vasculhado.
Enquanto isso, em Tebas, mais um dia se acabava sem nada de muito diferente. Nos fundos da grande casa que pertencia a Paramessu e sua família, o agora não tão pequeno, Seti, já um jovem de quase 19 anos, aproveitava a brisa fraca da noite para fazer um último treino antes de dormir.
O suor do exercício físico escorria pelo seu corpo de um tom levíssimo de pardo e pingava pelo grande nariz aquilino que havia puxado do pai. A cada movimento que fazia com sua espada contra um boneco de feno feito amarrado ao redor de uma alta tamareira, seus cabelos ruivos balançavam. Seti treinava seus golpes contra o pobre boneco, ciente de que tinha que ficar forte. O conflito com os hititas no nordeste do Egito estava ceifando muitas vidas, de ambos os lados, e ele logo iria se juntar a linha de frente. Havia uma grande tensão nos egípcios em não deixar os hititas avançarem, o que não estava sendo fácil. Repentinamente então, Seti parou seu treino ao sentir que não estava sozinho.
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A Morte Das Areias do Saara
Historical FictionAntes de as pirâmides serem construídas, as areias do Saara, as águas do Nilo e suas margens pertenciam aos deuses. E, dentre esses deuses egípcios que reinavam, protegiam e castigavam os humanos, existia um deus conhecido por sua ligação com a mort...