ADORAÇÃO ao NILO!
Salve a ti, ó NILO!
que se manifesta sobre esta terra,
e venha dar vida ao EGITO!
Misterioso é teu sair da escuridão,
Neste dia em que é celebrado!
Irrigando os pomares criados por RA
para fazer todo o gado viver,
tu dás a terra para beber, inesgotável!
Caminho que desce do céu,
amando o pão de SEB e as primícias de NEPERA,
tu fazes as oficinas do PTAH prosperarem!
~ Poema, Hino ao Nilo.
Não só de deuses imortais se fazia um palácio. Os guardas e trabalhadores do palácio onde Narmer viviam se assustavam e corriam para longe do jardim gritando sobre a ira dos deuses, pois um enorme ser verde de cabeça de crocodilo encarava um jovem nos jardins reais. Contudo, logo ficaria óbvio para os transeuntes que aquele jovem de pele pálida e cabelos negros não era um jovem ordinario. Pois o jovem que enfrentava o deus crocodilo irradiava uma luz negra que envolvia o seu corpo completamente.
Num piscar de olhos, diante da figura de 8 metros de Sobek, estava uma segunda figura tão alta quanto. Entretanto, enquanto Sobek era claramente um ser verde com o corpo humano forte e cabeça de crocodilo, o ser diante dele era completamente negro e tinha cabeça de chacal, Anúbis.
Sobek não perdeu tempo, Anúbis mal tinha se transformado e, com um alto rugido, o deus crocodilo lançou uma onda de água lamacenta que, não só fez um generoso estrago no pobre jardim, como também atingiu Anúbis que conseguiu se segurar no lugar depois de dar meros dois passos para trás. Não parando por aí, Sobek usou sua enorme boca para morder Anúbis que, não conseguindo fugir a tempo, viu seu braço sendo mordido por parte dos aproximadamente 60 dentes de Sobek. Anúbis rangiu os dentes em dor e logo contra atacou lançando uma névoa negra forçando Sobek a largar seu braço. Sobek deu dois passos para trás e protegeu o rosto da névoa, mas ele não notou que, escondidos na névoa, estavam três chacais feitos da mesma fumaça negra que corroia a pele de tudo que tocava. Os chacais começaram a morder os pés de Sobek que, urrando de dor, chutou-os para longe. Os chacais simplesmente se desfizeram ao bater contra uma pilastra, parede ou pedra.
Com um ranger de dentes afiados, Anúbis avançou contra Sobek ficando os dentes no pescoço de Sobek. Tendo a forma de um chacal egípcio, os dentes de Anúbis eram mais afiados e longos do que os de qualquer outra espécie de chacal, o que certamente fazia um estrago bem maior na presa. Rodeado pela névoa putrefadora e com dentes afiados em seu pescoço, Sobek caiu no chão rugindo de dor. O sangue divino jorrava do pescoço do deus crocodilo que se debatia socando Anúbis mas sem conseguir se soltar. Cada soco que Sobek dava no rosto de Anúbis era mais fraco, o que era justificável já que já era possível ver partes do osso de Sobek depois de tanto tempo em contato com a névoa cujo dano seu corpo não parecia ser capaz de curar rápido o suficiente.
Começando lentamente a ficar ofegante, Sobek pouco fazia para se soltar. Mesmo quando novos chacais feitos de névoa começaram a morder toda parte do corpo do deus que estivesse alcançável. E, como ele estava largado no chão, era possível morder praticamente tudo. Anúbis se separou do pescoço de Sobek, observando como, sem forças, a imagem do deus crocodilo começava a falhar. A névoa cada vez mais densa fazia Sobek se contorcer de dor e, em questão de meros segundos, ele já estava em seu tamanho normal. Mas Sobek era um deus e, consequentemente, imortal. Anúbis sabia que uma vez que a densa névoa negra que envolvia o deus fosse embora, ele iria se curar em questão de minutos, e não era isso que Anúbis queria. Não. Ele queria algo bem mais lento e doloroso, compatível com toda a dor e desespero que Chenzira passou em seus últimos minutos de vida ao ter seus membros mordidos e arrancados por crocodilos ferozes e famintos. Assim, com Sobek parecendo tão pequeno diante de si, Anúbis juntou as duas mãos entrelaçando os dedos e as ergueu para o céu. Apenas a lua era testemunha quando as duas mãos de Anúbis desceram rapidamente esmagando Sobek contra o chão. O deus crocodilo já mal tinha forças para gritar de dor ao receber os golpes enquanto estava largado em meio à uma poça formada de seu próprio sangue.
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A Morte Das Areias do Saara
Ficção HistóricaAntes de as pirâmides serem construídas, as areias do Saara, as águas do Nilo e suas margens pertenciam aos deuses. E, dentre esses deuses egípcios que reinavam, protegiam e castigavam os humanos, existia um deus conhecido por sua ligação com a mort...