Um Surto de Poder Mortal

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Adore vivendo para todo o sempre, o vivo Aten, o Grande que está no Jubileu, Mestre de tudo o que o Aten circunda, Mestre do Céu, Mestre da Terra, Mestre do Per-aton em Akhet-Ahen; e o Rei do Alto e Baixo Egito, aquele que vive no Maat, Mestre de Regalia, Akhenaton, o que viveu por muito tempo; e a Esposa Principal do Rei, a quem ele amava, a Senhora de Duas Terras, Nefertiti, viva, bem e jovem para todo o sempre.

~ Fragmento de "Hino a Aten"

Anúbis e Anput se entreolharam preocupados com o que tinham presenciado. Não sabiam quem era o deus que surgiu das chamas, mas sentiam que ele não era pouca e o calor intenso da explosão de quando ele saiu do Duat era prova disso. Por mais quente que as chamas do lago de fogo fossem, os deuses sentiam um frio na espinha.

- Isso foi o que acho que foi? - perguntou Osíris do canto até onde ele conseguia ir.

- O deus que Amon-Rá mencionou nascendo? - perguntou Anúbis.

- Exatamente. - disse Osíris com a voz tensa.

O casal olhou para ele mantendo o olhar de preocupação. Silenciosamente, eles se perguntavam o que iria acontecer. Tinham uma sensação horrível arrepiando os pelos da nuca de ambos. Por algum motivo, o futuro não parecia tão promissor.

- Não deve ser coincidência isso acontecer no mesmo momento que Amenhotep IV escolhe qual deus irá governar com ele. - disse Anúbis.

- Será que está tudo bem lá em Karnak? - questionou Anput.

Mais palavras não precisavam ser ditas. Um olhar entre eles foi o suficiente para decidirem que precisavam checar a situação em Karnak. Apreensivos com o que encontrariam, Anúbis e Anput deixaram o Duat e surgiram diante da entrada do cômodo central de Karnak onde sabiam que ocorreria a cerimônia com Amenhotep IV, agora Akhenaton, embora ainda não soubessem desse detalhe.

Ao chegarem lá, Anúbis e Anput mal tiveram tempo para processarem a cena chocante diante de seus olhos. Viram Sobek desmaiado numa poça de sangue ao chão com um braço faltando e várias queimaduras horrendas pelo corpo todo. Os demais deuses presentes também acumulavam suas próprias queimaduras, mas nenhum estava tão ruim quanto Sobek. As paredes sagradas do templo estavam intensamente queimadas e manchadas de preto, mas o fato de tudo ali ser de pedra claramente tinha impedido um desastre maior.

Ao chão, chocado e de joelhos, estava Akhenaton. Contudo, sua posição e situação não duraram muito, pois naquele exato segundo, Khnum, mesmo que cheio de ferimentos de queimaduras, investia na direção do faraó com uma khopesh pegando fogo. Uma luz explodiu do peito de Akhenaton, seguida da mesma explosão de antes. A explosão, novamente, afetou a todos que estavam perto demais dela, incluindo Anúbis e Anput que foram pegos de surpresa mas estavam num lugar melhor para se protegerem. Entretanto, o mais perto da explosão, foi Sobek que, já afetado pela explosão anterior, precisou apenas de mais uma para morrer.

A luz que explodiu do peito de Akhenaton formou, ao redor do faraó, a figura gigante de Aten. Mesmo estando numa forma gigante, a forma de Aten não alcançava o teto de Karnak. Todavia, a diferença de tamanho significou que ele facilmente pegou o braço com a espada de Khnum usando as mãos, mas não teve tempo de repetir o mesmo quando Khonsu invocou seu avatar e lhe deu um poderoso soco no rosto.

O soco queimou a mão de Khonsu e empurrou Aten para trás cortando sua mão na espada de Khnum, ainda em sua mão. Aten caiu, na direção da porta, onde Anúbis e Anput estavam. Eles saíram do caminho no último segundo, enquanto Aten caía para trás esbarrando no portal da porta e fazendo a estrutura de Karnak tremer. Anúbis apressadamente envolveu Aten em faixas de linho na esperança de levar a luta para outro lugar, mas assim que elas tocaram o corpo do deus, elas começaram a queimar, se desfazendo rapidamente.

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