A força do vento

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Meu amado atormenta meu coração com sua voz

Ele faz a doença tomar conta de mim;

Ele é vizinho da casa da minha mãe.

E eu não posso ir até ele!

A mãe está certa em acusá-lo assim:

"Desista de vê-lo!"

Dói meu coração pensar nele

Eu estou possuída pelo amor dele.

Na verdade, ele é tolo,

Mas eu me assemelho a ele;

Ele não conhece meu desejo de abraçá-lo,

Ou ele escreveria para minha mãe.

Amado, eu estou prometido a você

Pelo ouro das mulheres!

Venha para mim que eu vejo sua beleza

Meu Pai, minha mãe vão se alegrar!

Meu povo vai saudar você todo junto

Eles te saudarão, ó meu amado!

~ Meu irmão atormenta meu coração

Se havia uma coisa de si que trazia a Anput orgulho, era sua habilidade de luta com espadas. Contudo, não importava qual sequência, simples ou complicada, de golpes ela fizesse, parecia impossível se quer acertar Khonsu. Toda essa dificuldade era consequência do irritante poder que o deus da lua tinha de controlar o tempo.

Um ou dois segundos podiam parecer coisas irrelevantes no dia a dia, mas eles eram a diferença entre acertar ou não o alvo no meio de uma luta. Assim, era justificável o olhar de raiva que num breve momento cruzava o rosto de Anput quando via que o seu golpe, que seria certeiro, sofria a ação dos poderes de Khonsu e lentamente se desfazia dando tempo o suficiente para ele desviar apropriadamente.

A humilhação era tanta, que o deus da lua nem se preocupou em usar alguma arma para lutar. Na verdade, tirando os pés indo de um lado para o outro e demais sutis movimentos para desviar dos ataques de Anput, ele praticamente nem se mexia. Anput se sentia completamente subestimada mas não havia ainda perdido qualquer esperança, pois sabia que o que precisava era de um golpe surpresa.

Ali perto, um outro confronto se desenrolava e com táticas de luta completamente diferentes. Pois quando Sekhmet ameaçava ir para cima de Bes, a deusa leoa foi brutalmente afastada do deus anão quando um enorme chacal negro, Anúbis, pulou em cima dela com as presas escancaradas.

O rugido de Sekhmet ao, no último segundo, se transformar completamente em uma leoa, marcou o início de o que só poderia ser descrito como uma batalha de predadores. Com garras e presas afiadas, Anúbis e Sekhmet lutavam tentando ferir qualquer parte que fosse do adversário, fosse ela a perna da leoa que Anúbis brutalmente mordeu ou a lateral do tórax do chacal que Sekhmet agilmente arranhou. Mas não apenas de garras e dentes aquela luta era feita. Sem precisar olhar para os músculos que mal se escondiam sob a pele da enorme felina, Anúbis sabia que nunca teria tanta força bruta quanto Sekhmet. Assim, ao redor de si, a névoa negra seguia o conflito causando dor e putrefação a tudo que tocava e não fosse seu mestre.

Não achando bem onde e como ajudar na luta de Anúbis contra Sekhmet, Bes aproveitou a oportunidade para se afastar dali. Contudo, rapidamente seus olhos se fixaram em outra luta. Na de Bastet contra Set. A batalha de Bastet contra Set, que não possuindo o o corpo do faraó Narmer no momento, era certamente a mais rápida que se desenrolava ali, especialmente com Ptah também participando dela dando leves adições mágicas na forma de invocações que atrapalhavam ou diminuíam a velocidade dos ataques de Set. Bes sentiu uma pontada de ciúme ao notar que não podia ajudar Bastet ali também, uma pontada de ciúme parecida com quando ele viu Bastet beijando Ptah algum tempo atrás. Claro, Bes poderia simplesmente tentar dar um susto em Set. Afinal, sustos eram sua especialidade, mas Bastet não estava parecendo precisar de ajuda.

A Morte Das Areias do SaaraOnde histórias criam vida. Descubra agora