Eu sou um Príncipe, filho de um Príncipe, e a emanação divina que foi produzida de um deus. Eu sou um Grande, filho de um Grande, e meu pai determinou para mim meu nome. Eu tenho multidões de nomes, e eu tenho multidões de formas, e meu ser existe em cada deus. Eu fui invocado por Temu e Heru-Hekennu. Meu pai e minha mãe proferiram meu nome, e [eles] o esconderam em meu corpo em meu nascimento para que nenhum daqueles que usariam contra mim palavras de poder pudessem ter sucesso em fazer seus encantamentos terem domínio sobre mim.
~ Fragmento do papiro "A Lenda de Rá e Ísis"
Num cantinho tranquilo nas margens do mar Adriático, uma bela praia se estendia. A areia branca era rodeada por plantas verdes com flores vermelhas e rosas e um lindo céu azul. Dentre as belas plantas, que embelezavam a praia, havia uma pedra grande quase sendo engolida pelas plantas e sobre essa pedra, uma bela ninfa se sentava. Seu nome era Neria, uma ninfa da flor Nerium Oleander, que crescia ali ao lado com delicadas flores rosadas.
Seus cabelos cacheados rosados refletiam a cor de suas flores caiam em cachos delicados pelos seus ombros e costas como uma bela cachoeira. Seu vestido de linho incluía uma única alça no ombro direito da ninfa, alça essa que ameaçava perigosamente cair e exibir mais dos seios provocadores que roçavam no tecido branco finíssimo que cobria o corpo dela de forma escultural. Cada centímetro dela parecia pedir por algo mais de uma forma até meio artificial, como uma armadilha. Neria calmamente sentava na praia, admirando as ondas e esperando por algo... ou assim parecia. Mesmo alguém mais atento teria dificuldade em notar a ansiedade que se escondia por baixo de sua pele.
Num eventual momento, Neria subitamente se remexeu e se encheu de determinação apesar do estômago que se embrulhava. Quem esperava havia voltado. No limite entre a praia e a mata, havia aparecido ninguém menos que o poderoso Zeus. Neria se arrumou, deixando os seios fartos e a coxa atraente mais ressaltadas enquanto sentava. Um sorriso escapou no rosto de Zeus quando ele notou o corpo atraente da ninfa, e ele até começou a andar mais aprumado, ansioso pelos próximos capítulos que aquele momento prometia.
- Vossa Majestade trouxe? - perguntou Neira, com os olhos brilhando.
- Claro! - respondeu Zeus, gostando do tratamento.
Ele parou na frente de Neira, e exibiu para ela nada menos do que o raio mestre. A arma mais poderosa de Zeus brilhava nos olhos da Neira, que não precisava nem fingir a admiração e intimidação que aquele cilindro de bronze celestial com a mais pura energia de raios e trovões lhe causava.
- É seguro tocar? - perguntou ela inocentemente.
- Sim. - respondeu ele, constantemente orgulhoso da quantidade absurda de poder que tinha.
Delicadamente, e com certo receio, Neira tocou no raio mestre com a pontinha do indicador. No primeiro leve toque na área que lhe parecia mais seguro, ela recuou o dedo de novo, com medo de algo ruim acontecer por causa do toque. Mas estava tudo bem. Então, continuando o seu plano, ela tocou no raio mestre novamente, deslizando o dedo por ele por alguns poucos centímetros e então erguendo o olhar de forma sensual para Zeus, de pé na sua frente.
- É tão... grande... - disse Neira de forma provocativa.
- O raio sim... mas não outras coisas! - exclamou Zeus, revoltado, entendendo os comparativos feitos nas entrelinhas da fala da ninfa - Não sou um troglodita como os egípcios e os etíopes! Sou, tal como as mais belas estátuas, a imagem da perfeição, do intelectualismo, racionalidade, exemplo do físico ideal do homem!
- Pequeno então? - perguntou a ninfa, tentando esconder que sua verdadeira vontade, desde do começo daquilo tudo, era fugir o mais rápido possível para o mais longe possível.
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A Morte Das Areias do Saara
Historical FictionAntes de as pirâmides serem construídas, as areias do Saara, as águas do Nilo e suas margens pertenciam aos deuses. E, dentre esses deuses egípcios que reinavam, protegiam e castigavam os humanos, existia um deus conhecido por sua ligação com a mort...