O Faraó Menino

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A majestade deste grande Deus está no círculo e ele pronunciou ordens aos deuses que estão nela.

O nome da porta pela qual os deuses entram os grandes deuses diante dele, o nome dos portões para a Cidade em Duat é Mu-medet o grande, onde Khepera nasceu.

Na escuridão chegará a imagem deste grande deus "Pedaços de carne na superfície da água" é o nome secreto da hora, a cidade é onde você esmaga os corações dos inimigos de Re.

~ Fragmento de "O livro do amduat"

Na região de Karkamis, perto da atual fronteira entre a Turquia e a Síria, um homem de meia idade, grande e corpulento, com o cabelo volumoso com cachos negros grandes e desgrenhados e barba salpicada de grisalho que rodeava seu rosto de uma têmpora até a outra. O homem estava diante de seus maiores conselheiros e, no canto, aprendendo com o homem, estava seu filho mais velho.

O jovem, chamado Mursili II, observava atentamente cada ação e cada fala do seu pai, um dos maiores governantes que o Império Hitita já tinha visto em sua história, o grande Suppiluliuma I. Suppiluliuma abria diante de si um papiro, o qual lia com voz de incredulidade e zombaria.

- "Meu marido está morto e eu não tenho filhos." - dizia Suppiluliuma lendo em voz alta - "As pessoas dizem que você tem muitos filhos adultos. Se você me enviar um de seus filhos, ele se tornará meu marido, pois me repugna tomar um de meus servos como marido."

Ao terminar o fragmento do texto que lhe interessava, Suppiluliuma ergueu o olhar para os seus e largou o papiro no centro da mesa para aqueles interessados em ver com os próprios olhos as palavras escritas ali pudessem lê-las. Com o canto do olho, o imperador também olhou para o filho rapidamente, como se silenciosamente pedisse para ele prestar atenção.

- A rainha do Egito mandou isso? - perguntou um dos conselheiros, incrédulo.

- Desde os tempos mais antigos tal coisa nunca aconteceu antes. - completou Suppiluliuma.

- Ela parece estar com pressa... - comentou um dos conselheiros percorrendo os olhos pelo resto da carta - Não temos muito tempo, pelo o que me parece.

- Não vou arriscar assim um de meus filhos levianamente. - disse Suppiluliuma - Talvez eles tenham um príncipe, eles podem estar tentando me enganar e realmente não querem que um de meus filhos reine sobre eles.

- Até porque é uma situação extraordinária demais. - disse um conselheiro - Convidar assim um dos nossos para reinar sobre eles? Mesmo se estivéssemos com uma relação boa com os egípcios, é muito estranho.

- De fato estranho... mas seria uma boa oportunidade para casar Zannanza. - disse ele mencionando um dos filhos e olhando para o ali presente - Afinal, Mursili II já vai ser meu sucessor.

- Pode ser que a rainha esteja com medo de um terceiro usar dela e para isso, alguém poderoso seja necessário. - sugeriu outro conselheiro - Se a questão é encontrar algum império poderoso, que não seja o Egito, e tenha filhos, obviamente somos a melhor opção mesmo considerando a questão de um ângulo mais neutro.

- Quero enviar alguém para me trazer informações dignas de crédito. - disse Suppiluliuma - E o mais rápido possível. Eles podem tentar me enganar, e é possível que eles tenham um príncipe, então traga-me informações em que eu possa acreditar.

- Sim, senhor. - disse um conselheiro - Podemos mandar Hattu-Zittish. Ele tem capacidade de chegar rápido na capital egípcia. Não acho que alguém consegue ser mais rápido que ele.

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