Sabe aquela garota super irritante da sua escola? Aquela chata pra cacete?
Boas notas, péssimo humor, poucos amigos (se tem algum), se comporta como se estivesse concorrendo ao cargo de secretária de estado...
Ela pode ser a monitora de corredor, talvez a capitã da equipe de debates, ou a presidente do grêmio estudantil...
Nessa escola sou eu, June Mallard.
As pessoas podem me chamar de irritante, sem amigos e mal amada...Elas não estão completamente erradas, mas uma pessoa com mais apresso e carinho por mim, usaria termos como: ambiciosa, determinada ou resiliente.
Nunca foi fácil conseguir as melhores notas, mas foi o que eu fiz. Nunca foi fácil administrar as atividades extra curriculares, mas eu fiz isso também. Se isso me custou alguma coisa, não foi nada que eu desse falta.
Quando se tem uma vida como a minha, a passividade não é uma opção e quando se é como eu sou, se você curvar a cabeça, eles pisam em você. Às vezes você tem que escolher pisar primeiro.
Enquanto eu estava andado nos corredores cruzei com ele. Ele. Era sempre uma experiência estranha ver ele fora da sala de ciências vazia do terceiro andar.
Peter Duncan.
À primeira vista, a perfeição na terra. O capitão e a estrela da equipe de basquete. Lindo demais. O garoto mais bonito de toda a escola. Seria muito fácil se ele fosse só bonito, esse cara era carismático o suficiente pra liderar um culto, é praticamente um camaleão social, todo mundo gostava dele. À sua esquerda, uma pequena horda de amigos, idiotas o suficiente pra que ele mesmo, pareça menos idiota. À sua direita, a sua namorada perfeita.
Saylor Clarke.
Extrovertida, sorridente, otimista. A presença dela dava uma sensação parecida com... acordar na manhã do seu aniversário.
Isso sem falar nos cabelos loiro como manteiga, as bochechas coradas, os olhos brilhantes... Claro que ela também seria linda.
Julgando nossos antepassados, qualquer um diria que Saylor e eu poderíamos morrer sem ter absolutamente nada em comum. Mas nós tínhamos. Tínhamos ele.
A escola entraria em combustão se soubessem que aquele casal perfeito tinha uma falha.
Eu era essa falha.
Quando ele não estava por aí, expondo ela como uma prova divina da perfeição, ele me procurava, e mostrava uma parte dele que essas pessoas nem sonhavam em conhecer.
Eu sei que parece ruim.
Mas é só porque é mesmo. É bem ruim.
Quando tudo isso começou, eu vivia tentando arranjar desculpas pra mim mesma. Que não seria tão ruim se ninguém descobrisse, que a Saylor até merecia isso por conta de todo bullying que ela me fez comigo no fundamental, que aquilo era uma vitória pra todas as garotas feias que acreditaram que nunca ficariam com o cara mais bonito da escola...
Mas a verdade é que eu fazia aquilo porque me deixava feliz. Então se eu não iria parar, o mínimo que eu poderia fazer era reconhecer que eu estava errada. Eu não queria um relacionamento sério com Peter, e não me importava o suficiente com a Saylor pra me sentir culpada por isso.
Quando dobrei o corredor, eu vi a Reggie tentando passar por dois caras que estavam bloqueando a passagem dela no corredor de propósito, não de uma forma ameaçadora, eles só gostavam de ver ela ficar nervosa:
- Reggie.- Chamei ela- Vamos embora, a aula já vai começar.
O rosto dela se iluminou quando me viu, e também transpareceu vergonha, mas muito rápido ela passou pela abertura que eles deram e veio até mim.

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Pessoas Ruins
Teen Fiction"Eu sou uma pessoa ruim, talvez seja difícil pra maioria das pessoas, simpatizarem comigo, e eu posso culpá-las? Elas nem me conhecem e já me odeiam, imagina se soubessem?" June Mallard não tem uma vida muito confortável, e apesar de passar o tempo...