O plano

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- Eu tô pensando seriamente em te demitir. - Ele disse depois que viu as minhas anotações.

Eu e o Hart estávamos saindo da escola e estávamos no enfadonho regresso até o carro.

- Você não pode dar pra trás agora, você nem vai tentar o meu plano?- Eu insisti.

Ele torceu o nariz e franziu as sobrancelhas.

Talvez fosse a minha forte necessidade de controle que eu desenvolvi durante a infância, mas eu estava começando a ficar eufórica com a ideia de fazer alguém entrar pra faculdade.

Dependendo do qual longe ele fosse, eu poderia considerar aquilo uma conquista pessoal.

- Quero só ver a sua opinião mudar, quando as suas notas começarem a subir.- Eu disse tentando estimulá-lo.

- Eu acho que você tá muito doida.- Ele comentou.- Ah, e tem um negócio que eu queria perguntar, como que você conseguiu o meu histórico? Isso não é sigiloso, ou sei lá?

- Foi você quem pediu a minha ajuda, eu não gosto de fazer as coisas de qualquer jeito. Taí uma coisa que precisa saber sobre mim, se vai continuar andando comigo.

Nós chegamos no carro.

- É assim que eu retribuo os seus serviços de chofer particular.- Eu imitei uma voz pomposa enquanto ele abria a porta por dentro.

- Mallard, eu não sei em que frequência o seu cérebro tá, mas isso aqui tá meio longe de ser um Uber Black.- Ele comentou colocando o cinto.

Aquilo não importava, somando os pesares, ainda é melhor do que a fedorenta máquina de tortura ambulante de 15 toneladas que eu pegava diariamente.

- Quer dizer, olha esse tanto de coisa...- Ele disse apontando pros papéis na minha mão.- É um exagero, até parece que você tá colocando tanta fé em mim.

- Tô colocando toda ela.- Eu respondi.

Ele de repente se demorou enquanto ligava o carro, por alguns segundos.

- Que seja.- Ele deu partida.- Só não sei porque você não pode me ajudar na escola mesmo.

- Muita gente.- Eu respondi enquanto relia o que tinha escrito.

- Escolas costumam ser assim.- Ele disse irônico.

- Eu só não quero que hajam mal entendidos tá legal? É melhor em outro lugar.- Respondi melhor.

- Um lugar que o seu namorado não possa ver você com outro cara? - Ele me provocou com uma voz de narrador de novela.

Ele não tava de todo errado. Eu sei que Peter e eu estávamos mal resolvidos desde o aniversário dele, a última coisa que eu queria que ele pensasse, era que eu tava evitando ele pra passar tempo com o Hart.

- Nada a ver, só escolhe um lugar qualquer, pra eu te ajudar com o seu dever de casa.- Eu disse tentando desviar o assunto.

- Posso escolher?- Ele perguntou.

- Pode.

- Então eu quero ir pra casa.

Eu baixei os papéis no colo e o encarei, mesmo que ele não olhasse pra mim, queria que ele sentisse o meu aborrecimento:

- Por quê?- Eu o questionei.

Ele começou a listar com os dedos.

- Não tem pessoas da escola, eu me sinto mais à vontade, e bônus, você vai pra casa à pé.

- Bônus pra quem?- Eu perguntei já irritada com ele.

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Pessoas RuinsOnde histórias criam vida. Descubra agora