Pessoas Ruins

Os Cortez

Eu e os garotos andamos um pouco por casas mais barulhentas até chegar na residência de Esme Cortez, minha avó paterna, e a matriarca.

Era uma casa bem característica, eu diria até meio estereotipada, mas a minha família era um tanto quanto assim mesmo.

Nacho bateu na porta e chamou:

- Oy, cheguei! E trouxe uma surpresa!

Se estão todos na casa, eu só espero que certa pessoa não abra a porta.

Ela abriu. Droga. Eu devia ter desembaraçado o cabelo.

Deslumbrante e brilhante como sempre, a minha prima Marifé, abriu a porta. Ela parecia comigo, só que melhor. Ela era alta, mas não muito, era magra, mas tinha curvas, e o cabelo era mais bonito também. Podia até ser uma figurante num dos filmes da franquia "Velozes e Furiosos".

Ela estava comendo uma maçã com uma faca. Era sexy, porque ela era gata o suficiente pra tudo que ela fizesse, parecesse sexy.

- Oi Flaca.- Ela sorriu, e deu uma olhada rápida no meu cabelo, eu nunca sabia quando ela tava sendo má, porque ela fazia isso de um jeito passivo-agressivo.

- Oi Marifé.- Tentei falar normal, mas a minha voz veio embargada de inveja olhando pra ela.

Ela olhou pro Hart com a parte superior dos olhos. Olhei de canto e ele parecia extasiado.

Homens...

- Quem é o Güero? - Ela perguntou.

- Amigo da Flaca.- Nacho disse entrando.

Eu ia entrando também, quando o Finn me puxou pela manga:

- O que é Güero?

- Eu não sei.- Respondi.

Na verdade, eu sabia, era uma gíria pra "loiro" , nada demais, mas eu gostava de ver ele perdido.

- Abuelita! A Flaca tá aqui! Trouxe um amigo!- Marifé gritou pra cozinha.

Mais e mais cabeças apareceram na sala.

Abuelita apareceu rapidamente arrastando os chinelos felpudos:

- Flaca! Nunca visitas, cuando vienen, no me avisas, no he hecho nada especial para mi Flaquita.- Veio reclamando como uma comentárista até mim fazendo um gesto pra que eu me inclinasse e me beijou no rosto.- Quién es el Güero?

A minha abuelita sabe inglês, ela entende inglês, mas ela nunca se dá ao trabalho de falar. Segundo ela, está ficando velha e tem medo de esquecer o espanhol, ou que algum de nós esqueça.

Os meus tios apareceram logo depois.

O meu tio Ricardo, era o pai da Marifé e do Nacho. Ele era casado com a Ana. E a Ana era a principal responsável pela Marifé ser tão bonita (A genética havia sido muito injusta comigo). E tinha o tio Oscar, que não era casado, nem tinha filhos.

Depois de muita recepção e perguntas, eu só queria que todos se distraíssem pra que eu pudesse dar início ao meu plano. O que não foi difícil, porque o Hart, mesmo sem falar praticamente nada, e não mover uma palha, tava chamando atenção até demais:

- Então, você é amigo da Flaca? Ela tem bom gosto.- A Ana achou pertinente comentar e perguntar pra Abuelita. - Ele é alto não é ? Acha que é mais alto que o Juan?

- Lo dudo, pero ¿de qué sirve ser alto como una puerta si es tan delgado como una?- A minha avó fez piada, enquanto mexia o pozole na cozinha, contando que ele não entendesse.