O vídeo não era sexual. Nem um pouco. Mas era insinuativo de várias maneiras.
Eu estava usando sutiã, calcinha e a JAQUETA DO TIME.
Dançando. Cantando. Sor-rin-do.
A música era uma piada interna entre Peter e eu, porque eu disse que era a melhor-pior música do mundo, porque era ruim e muito viciante. E foi gravado na minha casa. Quando transávamos, quase sempre era na casa dele, mas ele sempre preferia quando era na minha casa:
"Me sinto mais confortável no seu quarto."
"Gosto da suas coisas, porque elas têm o seu cheiro."
Era o que ele dizia, mas isso não acontecia muito, já que a minha mãe normalmente passava as tardes em casa. Nesse dia havia calhado de dar certo, e quando terminamos eu ainda precisava lavar uma louça que a minha mãe havia deixado, mas eu estava enrolando, porque a água estava gelada e se eu molhasse as mãos, iria gelar meu corpo inteiro, então ele me emprestou o casaco pra eu não ter que me vestir.
Cantarolei a introdução distraída, ele riu, daí colocou a música e começou a gravar. Na hora foi divertido, engraçado, era uma coisa que a gente fazia às vezes.Aquele vídeo era do ano passado, quem postou tinha tempo e intenção de procurar nas coisas dele, e ninguém passava tanto tempo com ele quanto a Saylor. Além disso, não imagino ninguém que seria cauteloso o suficiente pra preservar a imagem do Peter.
O meu celular ficou abarrotado, cheio com mensagens, piadas, e o vídeo, várias vezes, além de muitas edições de mau gosto, fui bloqueando um por um, mas eu mesma não conseguia parar de assistir de novo e de novo. Eu tinha uma expectativa de que eu não o achasse constrangedor se passasse a vê-lo de maneira mais cômica.
Não estava funcionando.
Hoje de manhã eu não achei forças pra arrumar o meu cabelo. Minha cabeça estava cheia e meu cabelo era tão trabalhoso e comprido. Lavar, hidratar, enxaguar, desembaraçar, definir, secar...talvez amanhã.
O trajeto de carro até a escola no dia seguinte, fez eu me senti como um porco indo pro abate, mas na verdade eu só queria que aquilo passasse logo.
Hart estacionou o carro, mas não saiu, ficou olhando por cima do meu ombro, enquanto eu reassistia o vídeo no celular:
- Não é tão ruim...quer dizer...não é tão explícito, entende? A não ser que tenha...
Pausei o vídeo e guardei o celular:
- Não existe uma versão "estendida", se é o que saber. Eu não faria esse tipo de vídeo, então eu não tenho nada pior pra mostrar.- Evitei olhar nos olhos dele porque eu não tinha dignidade o suficiente.
- Eu não...quis dizer isso.- Ele se corrigiu.- É só que pelo menos, você não precisa se preocupar com as pessoas descobrindo sobre você e o Duncan, porque só aparece você.
- Você não acha que está todo mundo me interrogando? -Mostrei meu celular.- Que ninguém tá procurando o dono da jaqueta? Ele nem apareceu e já se tornou um "herói", e eu virei a pior estrela de softporn de todos os tempos.
- Ah qual é? Mal configura como softporn.- Ele tentou ajudar.
Descansei as costas no banco e fechei os olhos, na esperança de que isso me desse forças pra sair de lá, mas só senti algo envolver o meu pulso.
Abri os olhos, a mão dele estava segurando meu pulso, enquanto ele mesmo desviava o olhar de mim.
- O que está fazendo? - Minha voz saiu mais baixa do que eu pensava.

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Pessoas Ruins
Jugendliteratur"Eu sou uma pessoa ruim, talvez seja difícil pra maioria das pessoas, simpatizarem comigo, e eu posso culpá-las? Elas nem me conhecem e já me odeiam, imagina se soubessem?" June Mallard não tem uma vida muito confortável, e apesar de passar o tempo...