O orientador

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Uma semana se passou, e essa acabou sendo estranhamente calma. Hart e eu não discutimos tanto, pelo menos, por nada tão sério.

Peter estava tão ocupado com os treinos que não tinha tempo nem pra Saylor, quem dirá pra mim.

Acabou que eu tive mais tempo pra me concentrar nas outras coisas. A muito tempo que eu não me sentia tão estimulada.

Já era terça feira de novo e eu já havia organizado diversas anotações por cores na noite anterior, além de já ter corrigido mais uma remessa de simulados pro Dwahan, eu não podia estar na minha melhor forma:

- Ou...- Dedos se estalaram na minha frente me acordando-...acorda.

Eu tinha pegado no sono dentro do carro na ida pra escola e já estávamos no estacionados.

- Hm?

- Você dormiu. Dorme assim em qualquer lugar? Parece perigoso.

- Pois é. - Respondi ainda aérea e sem me importar muito enquanto tentava abrir a porta.

- Eu tenho mesmo que fazer isso?- Ele enrolou pra descer do carro.

Acontece que uma semana de deveres entregues, causou aos professores uma certa estranheza, e o único convite pra que o Hart visitasse o orientador Carroll, virou uma intimação por quase todos os professores. Acabamos indo pra escola mais cedo pra falar com ele antes que as aulas começassem.

- Se não for agora, é só uma questão de tempo pra eles levarem ele até você, ou pior, vão marcar uma reunião com os seus pais. Isso é bem a cara do Dwahan.

- Ei, qual é a sua com o Dwahan? Vocês vivem de puxar o saco um do outro. E mais, essa carta de recomendação que ele te prometeu, ele não devia te dar por consideração?- Ele disse.

- Não é só uma carta, o Dwahan tem formação na Jonh Hopkins, ele só escreve pros melhores alunos, e vai escrever cinco pra mim.- Eu contei nos dedos.- Você também devia puxar o saco de alguém.

- Já puxo o seu.- Ele disse.

- E você é péssimo nisso.

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A sala do orientador Carroll era bem escondida no primeiro piso, mas era fácil de achar porque cheirava a capim limão, ou eu esperava que fosse.

Eu bati, mas ninguém respondeu.

- A gente diz que ele não tava.- Ele cochichou pra mim.

"Entre" uma voz afetada respondeu e o Hart fez uma expressão de desagrado.

Abri a porta e puxei ele pra dentro da sala.

A sala do Carroll tinha paredes laranja claro que quase não dava pra ver pela quantidade de quinquilharia. O Carroll...era um sujeito excêntrico, era um britânico de cabelo comprido, metido a monge oriental. Mas ele tinha formação na Universidade de Nova York. Independente se fosse maluco, devia ter algo de útil pra gente.

- Alô, alô... o que o destino trouxe pra mim hoje? Você deve ser o Finneas Hart.- Ele disse apontando com as duas mãos.

Hart ainda abriu a boca mas não chegou a responder nada.

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